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Sofia Sinclair.

Durante três dias a minha mente deu espaço pra mais um pensamento.

Lucas.

Eu tinha outras mil e trezentas preocupações e essa era mais uma.

Como um garoto que salvou a vida do meu cachorro pode mexer tanto com o meu interior assim?

Tipo, ele só salvou a vida do Pitoco e foi muito gato durante o tempo todo.

O que tem de tão anormal nisso?

Eu precisava relaxar e me convencer de que eu nunca mais vou ver esse menino.

Durante esses três dias eu continuei caminhando com o Pitoco e ele não voltou a aparecer.

Talvez aquele momento fosse só uma loucura da minha cabeça e não aconteceu de verdade.

Enfim, sendo loucura ou não a verdade é que eu não vi ele de novo.

Tô entre acreditar que sou esquizofrênica e que os horários das caminhadas não coincidem.

Prefiro a segunda opção.

Até porque escolhendo a primeira eu teria que gastar dinheiro com um psiquiatra.

E nesse momento eu não tenho mais um tostão, gastei tudo com cronograma capilar.

Primeiro a saúde do meu cabelo, depois a minha.

- Tchau, gente. Vejo vocês depois!- falei me despedindo do meu grupo na porta da escola.

As três mandaram um beijo.

E quando eu me virei pra ir embora, esbarrei em alguma pessoa fazendo a pasta com as coisas do trabalho cair no chão.

Tudo se espalhou, que dor.

- Meu Deus, moço me desculpa.- falei catando os papéis desesperada.

- Pera, deixa que eu te ajudo.- começou a me ajudar a pegar as folhas preenchidas de anotações.

Quando juntamos tudo encarei o moço a minha frente.

- Lucas?- perguntei confusa.

- Sofia!- disse sorrindo.

- O que 'cê tá fazendo aqui?- perguntei me levantando ao mesmo tempo que ele.

- Há uns dias atrás eu tava passando e vi você saindo, daí vim ver se você tava aqui hoje.

- Tava me seguindo?- perguntei.

- Não, juro que eu não tinha te visto.

- Estava sendo espionada, devo me preocupar?- ele riu.

- Só tava me certificando se mais nenhum outro cachorro ia sair correndo por aí.- eu ri.

- Ah, verdade, né? Esqueci que você trabalha pra patrulha canina.- disse me lembrando da nossa outra conversa.

- Pois é, meu dever é salvar moças indefesas com cachorros de nomes estranhos.- eu ri.

- Moças indefesas? Acho que não, até tenho que me defender bastante dessas duas cantadas aí.- nós rimos.

- Ficar conversando no meio da rua não é muito confortável, o que acha de um café?

- Melhor não...

- Vamos, aí a gente se conhece melhor...- falou dando um sorriso.

- Tudo bem, eu vou.- ele começou a comemorar.- Mas só porque você me pegou numa hora que eu realmente tava com fome.

O Menino dos LivrosOnde histórias criam vida. Descubra agora