CAPÍTULO 18 – CORPOS NA FLORESTA
Sakura Haruno cresceu em um orfanato.
Entrar em ambientes nojentos, ver coisas que ninguém queria ver, fazia parte da sua vida desde que se lembrava. A primeira situação foi quando encontrou um rato morto dentro da sua gaveta. Tinha cinco anos, e soube no mesmo momento que tinha que retalhar. Os meninos do orfanato eram pentelhos folgados, que aterrorizavam qualquer um que ficasse em seu caminho. Homens sendo homens, como sempre.
Na hora em que viu, quis gritar, mas segurou o impulso pois sabia que seria pior. Sakura respirou fundo, tirou o rato de lá, e começou a pensar como se vingar. Sabia que se não fizesse nada, tornaria tudo pior, pois eles iriam se achar no direito de infernizá-la.
Porém, ela não tinha coragem de matar outro bichinho, mesmo que fosse um rato de esgoto, então como se vingar? Sakura precisou pensar um pouco, e então apelou para as freiras. Óbvio que não contou o que tinha acontecido, pois não era dedo duro, apenas colocou o mesmo rato – que estava preso em uma ratoeira, com um corte horrível, da onde era possível ver a carne vermelha e o sangue coagulado – na gaveta da irmã Kim, a mais brava de todas.
Não demorou duas horas até a mulher achar e caçar os culpados. Enquanto observava os meninos levarem um esporro, Sakura ficou rindo, fazendo questão de ficar onde eles podiam ver. O recado era simples: tudo o que fizessem para ela, teria retribuição. Nunca mais encontrou rato nenhum nas suas coisas.
Agora, parada no meio da sala esterilizada, observando pedaços de corpos nas mesas de metal, ela sentiu vontade de gritar de novo. E aquela mesma necessidade de se vingar surgiu. Precisava retalhar.
Como aquela coisa ousava entrar na merda da sua cidade e fazer aquilo com aquelas pessoas? Como se ter a bruxa do norte ali não significasse absolutamente nada? Ela podia não ter poderes, mas pelos desses, qualquer um que pudesse ouvir, ela faria algo a respeito. O presságio não iria se realizar: ela não deixaria isso acontecer.
Ninguém ia morrer.
Pressionando os lábios, ela desviou sua atenção para o homem que era o legista. No crachá, preso no jaleco branco, estava escrito "Kabuto", em letras negras. Sakura se aproximou, ignorando como aquilo causava embrulho no seu estomago.
- Está vendo isso? - ele mostrou um pé. Só isso, um pé, que ia até o meio da canela, e onde estava o resto? Eis a questão – Esses cortes são diferentes dos outros. – ele mostrou a carne aberta – Todos os tendões foram rasgados. Quase como se o que fez isso, não quisesse que ninguém corresse.
Definitivamente não era algo irracional.
- Encontrou mais alguma coisa? – a delegada perguntou, sem parecer estar afetada pela visão horrível que tinham.
Kabuto colocou o pé de volta na mesa de metal, onde estavam outras partes do mesmo corpo. Pelo menos Sakura esperava que sim.
- Estou tentando montar as pessoas, porém, até agora só tenho três completas. Ou quase isso.
Ele indicou uma das mesas.
Era uma mulher, com longos cabelos pretos, e uma expressão aterrorizante no rosto. Fora a cabeça, tudo era meio confuso. Se Sakura tivesse que chutar, diria que estava em um tipo de matadouro. Faltavam pedaços, e pele em diversas partes.
Ela engoliu o seco, fechando os olhos.
O choro da morte soou nos seus ouvidos, como se dissesse: olha só, isso vai acontecer de novo.
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Alphas
FantasySakura Haruno estava acostumada a se meter em encrenca - afinal, havia crescido em um orfanato -, porém, essa era de longe a pior situação que ela já havia se metido. Sem emprego há duas semanas, sua conta no banco estava completamente zerada, contr...