CAPÍTULO 24 – DORMIR ATÉ TARDE
Uma pequena língua passou pelo seu rosto, a obrigando a fazer uma careta. Sakura rodou na cama, ignorando o pequeno miado de protesto que ouviu. Ela sentiu o peso no seu pescoço, o logo aquela língua estava lá de novo: áspera como uma lixa.
Não era possível.
O que uma mulher precisava fazer para dormir?
Puxando a coberta, ela resmungou um palavrão.
Mas é claro que não funcionou, afinal, eram dois contra um. As criaturinhas subiram no seu corpo, usando-o como se fosse uma maldita passarela de desfile. Tudo bem.
Sakura abriu os olhos, mas não foi ofuscada pela claridade. Na verdade, estava tudo bem escuro. Alguém tinha fechado a cortina, e que fosse abençoado.
A pouca claridade que entrava era o bastante para clarear os dois tigres na sua cama, que a encaravam com os olhos arregalados, obviamente famintos. Suspirando, ela tirou as cobertas, fazendo questão de jogá-las na cabeça do macho, que era lento demais para se esquivar.
- Sorte sua que é fofo - informou, saindo da cama.
A primeira coisa que ela fez foi tomar um bom banho e tentar desembaraçar o cabelo, e então abriu as janelas do seu quarto. Precisava de ar puro.
Os tigres pararam em frente a porta de madeira, e assim que a mesma foi aberta, eles quase pularam para fora, indo em direção a escada o mais rápido que conseguiam.
Sakura bocejou mais uma vez antes de segui-los para baixo. Não estava mais cansada, não como a noite anterior, mas não iria reclamar de ficar mais um pouco na cama. Exceto pelo fato de que lá não tinha comida, e ela estava faminta, sentindo seu estômago roncar.
O que não era uma surpresa, considerando que sempre estava com fome. Já havia até mesmo considerado que talvez existisse algum tipo de verme morando no seu estômago, porque ela sempre comia e comia, mas mesmo assim nunca estava satisfeita. Depois de alguns exames e de alguns dias tomando o bendito remédio para vermes, descobriu que não tinha animal nenhum dentro dela, somente a vontade de comer.
Que era infinita.
Sakura desceu as escadas, procurando qualquer um dos lobos, mas nenhum deles estava a vista. Suspirando, ela colocou a comida para o tigres e então foi procurar algo rápido para comer dentro da geladeira.
Um saco de pão depois, ela decidiu que já estava bem o bastante para descobrir se tudo tinha dado certo na noite anterior. Ela se lembrava da barreira, do formigamento na ponta dos dedos e da magia.
E se lembrava também de ter desmaiado.
Aparentemente aquilo cansava, e cansava muito. O que nem fazia sentido, já que apesar de ser um feitiço antigo, ela nem mesmo havia conseguido colocar em um grande território. O objetivo principal era mesmo colocar em volta da cidade, porém, ela gostaria de ter estendido até onde conseguisse, mas aquilo era como uma bolha de sabão: tinha um formato certo, quase como uma cúpula, e ela não podia alterar, apenas ampliar.
O que significava que nas estradas aquela coisa podia atacar, e da sua casa até a cidade era quase que uma viagem. Isso definitivamente era um problema, para qual ela não tinha uma solução no momento. Precisava adaptar o feitiço, mas não tinha a mínima ideia de como fazer isso.
Maldito fosse aquele que matou a namorada do animal.
Pra que fazer isso? Sério mesmo, pra que? Os dois podiam estar vivendo um romance, pulando de mãos dadas em direção ao por do sol ou o que quer que os casais fazem na vida real, mas algum desgraçado tinha atrapalhado, e nem para o filho de uma égua resolver a situação.

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Alphas
FantasySakura Haruno estava acostumada a se meter em encrenca - afinal, havia crescido em um orfanato -, porém, essa era de longe a pior situação que ela já havia se metido. Sem emprego há duas semanas, sua conta no banco estava completamente zerada, contr...