Epilogue

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EPÍLOGO

Terça-feira, dia um de dezembro – Sete e quinze da manhã


Rosnando, ele saiu da água, sentindo seu corpo pesado demais, dolorido demais.

Ou talvez o problema fosse o peso morto que ele carregava consigo para fora do mar. Em um movimento brusco ele o jogou na areia, e então respirou fundo.

Um raio.

Ela tinha lhe atingido com um maldito raio.

Olhando para os braços em forma humana, ele avaliou o estrago. Sua pele estava levemente avermelhada, porém, o verdadeiro problema eram seus órgãos internos que foram fritos pela eletricidade.

Ainda era possível sentir o tecido regenerando, as células novas nascendo o mais rápido que conseguiam. Respirando fundo ele se recompôs.

- Acho que nunca te vi na forma humana – Obito Uchiha disse, caminhando pela areia de forma deliberante lenta.

Ele queria rosnar em resposta, mas se conteve.

Estava irritado e odiava demonstrar sentimentos, principalmente qualquer um que indicasse descontrole.

Atrás dele, Kabuto surgiu, encolhido e enrolado em uma toalha. O legista recém transformado era um pouco mais esperto do que os lobos burros da noite anterior, esperto o bastante para matar um dos lobos da sombra e sair impune.

Ele tinha potencial, era possível sentir.

Ignorando o comentário do alfa, ele estalou o pescoço, tentando se acostumar a sua forma humana. Fazia mais de seiscentos anos que não a assumia, e era estranho ficar preso nela, pelo menos até todo seu corpo regenerar.

- O que é isso? – Obito perguntou, inclinando cabeça levemente para o lado.

- Um lobo.

Os olhos vermelhos se voltaram para ele.

- Você sabe quem é ele?

Realmente isso não era muito importante.

Ele era um dos lobos de Sakura, e isso bastava para que ele tivesse alguma utilidade futura.

- Não.

Obito passou pelo corpo desacordado, o ignorando.

- Ele é Neji Hyuga, sobrinho da rainha dos elfos.

Isso chamou sua atenção.

Seus olhos se voltaram para o homem inconsciente no chão. Um mestiço. Na última vez que esteve livre, os elfos eram uma raça que se achavam superiores demais para se misturarem, tudo porque a deusa da lua lhes deu uma missão.

Outros tolos ignorantes, mas que talvez fossem uteis.

- São próximos? – perguntou, desviando sua atenção.

- Não sei dizer.

Ele podia sentir a necessidade de Obito de revirar os olhos, porém, também sentia seu medo em fazê-lo. E estava certo em temer. Ele não teria problema nenhum em mata-lo, só precisaria tortura-lo um pouco, até descobrir o que sabia sobre a tumba do vampiro original.

E sobre seu maldito irmão.

Passando pelo Uchiha, ele se abaixou, envolvendo os cabelos do lobo mestiço com a mão. E então começou arrastá-lo pelo chão.

Ainda tinham muito o que fazer.

- Você disse que ia funcionar – Obito falou, andando até ficar ao seu lado – Você disse que o veneno seria o bastante.

Não era.

Ele realmente achava que sim, mas agora sabia o que precisava fazer. Precisava das presas do Hashirama e do seu próprio veneno de vampiro, precisava do segundo original para que seu plano funcionasse.

E sabia como encontra-lo.

- Precisamos do vampiro – respondeu, caminhando para fora da praia.

Era questão de tempo até os lobos restantes se organizarem para procurar seu corpo, e ele não queria estar ali quando eles chegassem.

Matá-los não traria nenhum tipo de vantagem agora.

- Qual deles?

- O original.

Foi possível ouvir quando o alfa engoliu o seco, e seu coração batendo levemente mais forte.

Era arriscado, ele sabia disso.

Hashirama sempre possuiu fortes convicções e um senso de certo e errado muito limitado para um imortal que dependia de sangue. Porém, existia um modo ou dois de convencê-lo, e se não fosse possível, teria que mata-lo.

Era uma pena, pois gostava dele.

- Por que?

Seu peito doeu, e ele o pressionou com a mão livre.

Fazia muitos anos desde que não recebia um dano assim, e por mais que não estivesse nem perto de mata-lo, era o bastante para lhe causar um desconforto, pelo menos por algumas horas.

- Ela precisa de mais – Madara respondeu entre os dentes, mantendo sua mão pressionada contra o peito e arrastando o corpo inconsciente consigo.

- Mais o que? – Obito questionou.

Os olhos vermelhos se voltaram para ele.

- Dor.

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