Chapter 23 - Magic words

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CAPÍTULO 23 – PALAVRAS MÁGICAS


Sakura estava com fome.

Ela não era uma morta de fome, não muito, pelo menos, mas não havia comido quase nada o dia todo, e aparentemente o seu estômago não entendia que essa não era a hora para roncar, implorado alimento.

Ela, contudo, nunca desejou tanto um lanche.

Devia manter seu foco no feitiço que preparava, mas estava difícil se concentrar, principalmente sentindo aquele cheirinho de hortelã. Por que feitiços cheiravam tão bem?

Sakura terminou de amassar a mistura e observou o verde escuro sem graça dentro da tigela. Faltava o último ingrediente, e então dizer as palavras magicas, quais ela ainda não tinha certeza se conseguiria pronunciar.

Pelos deuses, se invocasse um demônio, iria chorar.

Sakura Haruno não chorava, mas tinha certeza que lágrimas escorreriam se um ser chifrudo surgisse na sua cidade. Lidar com o presságio e com o errante não tão errante já era difícil demais, fora o fato que tinha dois tigres, uma alcateia de lobos, dois caçadores como hospedes e uma delegada. Os tigres e a delegada eram os mais fácil de lidar, exceto quando a dupla dinâmica a atacava e quando a delegada sacava sua arma.

Aí ambos se tornavam irritantes e difíceis.

Com os lábios pressionados ela olhou para cima, tentando descobrir que horas eram pela posição da lua, mas a copa da árvore atrapalhava sua visão. Não que ela fosse mesmo saber, porque diferente dos lobos, não era uma escoteira. Posição da lua ou seguir as estrelas não era com ela, por mais que fosse tecnicamente a bruxa, Sakura não sentia uma ligação direta com a magia e com a natureza, como supostamente devia sentir.

Era uma péssima bruxa.

Fechando os olhos, ela suspirou, tentando ficar calma.

A cidade estava muito escura em comparação a metrópole, e também estava extremamente silenciosa e vazia. No geral, isso não a incomodava, porém, agora conseguia ouvir o menor dos ruídos, e sua mente sempre recriava a imagem do lobo na escuridão, só esperando para atacar. Porém, isso não fazia o menor sentido, e Sakura se prendia a esse fato. Não tinha como ele lhe encontrar, não com a runa de ocultamento desenhada na sua costela e com uma isca tão apetitosa na floresta. Ela definitivamente não devia pensar assim, e torcia para que a delegada saísse intacta do confronto. Porém, ela pelo menos estava protegida por doze homens, uma runa e tinha suas próprias habilidades de sobrevivência e o treinamento rigoroso que recebeu durante anos.

Sakura contudo, só tinha fome, sono, e medo. Se fosse atacada, morreria, simples assim. Ela não tinha lobos para lhe defender, nem magia, nem caçadores com armas, e nem um treinamento. Só tinha um acernal de palavrões, muito sarcasmo e a habilidade de correr como um pato.

Patos são bonitos e cheios de habilidades. Conseguem andar, voar e nadar, porém, fazem tudo isso de forma medíocre, exatamente como ela.

Se corresse, seria pega, simplesmente porque era preguiçosa demais para fazer exercícios. Tenten não, a delegada certamente conseguia correr sem morrer durante o percurso. E Sakura estava falando sobre morrer com a falta de ar, e não por causa da besta demoniaca que queria um pedacinho dela.

Outro som chamou sua atenção, e ela olhou para trás, procurando a fonte.

Não havia nada.

Estava com medo e sendo paranóica, certamente.

Sakura tirou o frasco da bolsa e começou a observar, esperando que o sangue aparecesse. O vidro se esquentou na palma da sua mão, e o conteúdo surgiu. Misturado com terra.

Senhor, isso podia acontecer?

Será que o feito seria o mesmo, colocando aquela coisa dentro?

Enquanto refletia, os pelos da sua nuca se arrepiaram, e ela olhou para trás mais uma vez. Estreitando os olhos verdes, a Haruno observou cada detalhe da praça, e cada pedaço escuro depois dela.

A iluminação dessa cidade era precária.

Sentido seu coração disparado, olhou para a frente de novo. Estava ficando maluca. O sangue havia acabado de surgir, o que só podia significar que o lobisomem maníaco estava sendo perseguido pela floresta, e não se escondendo em um beco.

Sakura tirou a rolha do vidro e despejou o conteúdo entro da mistura, voltando a amassar. Com as palavras na ponta da língua, ela fechou os olhos.

- Cum heac potestate invoco te, magnum numen lunae. Non intrare, non praeteribit. Ego septentrione ingens pretium et tibi si voluerit transire corporis succumbent - seus dedos entraram na mistura quente, mas seus olhos não se abriram, mesmo quando tocou com a ponta dos dedos o casco da árvore, iniciando a runa - Sermo meus, lex mea in quo votum est. Et non receperint vos in terram usque ad caelum ecce cecidit in aqua corrumpitur et extremis vitae. Quod est dicere qualiter, et quomodo in ea erunt.

Os olhos verdes se abriram bem a tempo de ver a marca ser absorvida pela árvore, e então o céu se iluminar. Encantada, Sakura se levantou, mantendo a cabeça erguida, observando a luz verde que saia da grande árvore. Suas mãos brilharam com a mesma luz suave, e ela moveu os dedos. Sakura sentia a magia, como se fosse a eletricidade em sua mão, esperando o seu comando.

Era uma sensação maravilhosa.

A luz no céu se moveu junto, obedecendo os comandos suaves. Precisava colocar a barreira.

Seus braços se abriram e o céu mudou de cor.

Como uma aurora-boreal, a barreira foi posta, cintilando colorida. Aquilo era lindo e fascinante.

Um sorriso surgiu em seus lábios, mesmo quando a barreira se tornou transparente, como se houvesse sido absorvida pelo céu. Não era possível ver, mas Sakura sabia que estava lá, ela sentia em cada pedaço do seu ser.

Exausta, ela caiu de joelhos, mas não sentiu o impacto.

Seus olhos pesaram e seu corpo parecia ter sido feito de chumbo. Havia sido avisada que esse era um feitiço antigo, que podia exigir muita manipulação de magia, algo que ela não estava acostumada, mas não achou que poderia desmaiar no meio na rua.

Não que houvesse desmaiado, apenas estava com os olhos fechados, cansada demais para se mover. Não importava, nada disso importava.

A cidade estava segura, e apesar de não conseguir colocar a barreira na floresta, estava satisfeita. Aquela coisa poderia poderia rondar o quanto quisesse, desde que não pudesse ferir mais ninguém.

Sakura continuou com fome, mesmo quando sentiu seu corpo ser levantado e aquele cheiro tão familiar invadir seu nariz. Ela tentou abrir os olhos, mas estava cansada demais para isso, e provavelmente muito pesada.

Ela se sentia pesada.

Mas mesmo sem ver, ela sabia que se tratava do Sasuke, porque aquele corpo era quente, cheiroso, e tinha uns músculos gostosos demais que ela sentia a cada passo que ele dava.

Inferno de vida, porque tinha que estar tão cansada? Em um momento tão importante? Só queria poder passar os dedos naqueles gominhos, mas estava cansada demais para se mover.

- Em breve, mezzo - ele sussurrou.

Será que sabia o que ela estava pensando?

Sakura suspirou, tentando se aproximar mais dele. "Mezzo" o que será que significava?

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