17 - Deusdete antídoto para raiva

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Soraya tentou outras vezes se aproximar, mas sem sucesso. Uma grande discussão aconteceu na última vez, os ânimos alterados contribuíram para que muito fosse revelado na hora errada.


— Me deixa em paz Thronicke eu não tenho nada pra falar com você! Você foi embora fugiu me abandonou não se importando com meus sentimentos como sempre fez. Agora me aparece aqui quase duas décadas depois do lado errado da história Senadora do Bolsonaro, devo ter sido uma professora horrível de Ética porque você não aprendeu nada. — Diz ríspida com a voz alterada.

— Não julgue o que eu fiz pra poder estar aqui hoje, pra poder estar ao seu lado eu o usei, admito e faria tudo de novo para estar aqui com você, pra lutar pelo que acredito, pelo amor que tenho por esse país e creio que posso fazer a diferença. — Passa a mão nos cabelos. — Não me importando com seus sentimos? Eu sempre cuidei de você, eu tive que ir embora para te proteger, porque eu te amo, sempre amei e sempre vou amar.

— Você não sabe o que é proteção, não venha agora me dizer que me ama, porque quando eu gritei naquele aeroporto o que sentia você virou as costas e foi embora. Eu sempre engoli minhas dores para cuidar das suas, eu sofri sozinha quando você foi embora.

— Eu também sofri, eu cuidei e te protegi do meu jeito, eu te amo tanto que dói eu não aguentava ver sua dor, e uma das maiores provas do meu amor foi matar alguém pra te ver viva.

Soraya fala em alto e bom som, assim que as palavras saem de sua boca, a loira eleva a mão direita cobrindo os lábios se dando conta da burrada que fez, não era para ela saber, muito menos dessa forma em uma discussão.

— Você fez o que? — Disse assustada incrédula sua mente fervilhava, caiu sentada na cadeira, suas pernas perderam a força que a mantinha de pé.

Um silêncio se instaurou no ambiente, ambas nervosas a tensão eram palpáveis as mentes trabalhando na velocidade da luz.

— Eu desisto, quando você quiser falar comigo você tem meu número e sabe onde fica meu gabinete. — Ela sai e deixa a morena sozinha, ambas tinham muita coisa para absorver daquela briga.

[...]

Trabalharam por muitas vezes lado a lado no senado, só conversavam sobre assuntos do plenário mantendo a cordialidade e respeito.

Soraya daria o tempo que fosse necessário a Senadora, ela tinha seu telefone e quando estivesse pronta entraria em contato, trabalhavam juntas então poderia procura-la em seu gabinete que se encontrara de portas abertas para ela.

Simone teve que se acostumar com a presença de sua ex-aluna, vê-la todos os dias lhe trazia lembranças da universidade, se sentia nervosa todas as vezes que estava próxima a loira, o cheiro do shampoo de chocolate da loira que exalava todas as vezes que ela mexia nos cabelos, o cheiro de rosas do hidratante o perfume tudo era inebriante lhe causavam sensações e despertavam desejos a muito tempo adormecidos.

A dor em seu peito era grande, não era só o orgulho que lhe impedia de falar com a Senadora Thronicke, havia também a raiva, aquele sentimento que utilizou para se proteger e afastar a mesma de sua vida.

Quando seus olhos se cruzavam ainda era da mesma forma que a 18 anos atrás, o mesmo brilho, a mesma doçura, as mesmas chamas de desejo.

Afinal o que é a raiva?

Segundo a psicologia raiva é um de nossos mecanismos de proteção, quando nos sentimos injustiçados, ela ao surdir nos coloca em uma posição de ação é uma resposta intensa a uma ameaça. A raiva tenta eliminar o que nos impede a realização, nos energiza a ponto de agir para alcançar o objetivo, em direção aos ideais.

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