002 - Fechado? Fechado!

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Se alguém visse uma garota com um papel colado na cara, e balançando muito rápido os pés enquanto dá gritinhos histéricos, provavelmente acharia essa garota muito estranha

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Se alguém visse uma garota com um papel colado na cara, e balançando muito rápido os pés enquanto dá gritinhos histéricos, provavelmente acharia essa garota muito estranha.

O que é meu caso agora.

— Tudo bem aí? — Toquei na mesa, e me assustei junto com ela. Merlina nunca esteve tão vermelha como agora. —  Relaxa… Sou só eu. Vai ficar sozinha aqui?

Ela demorou a olhar nos meus olhos, mas quando olhou, desviou logo em seguida.

— Eu estava… Err…

Tudo bem, não tem como explicar você cheirando um papel igual uma… ok, eu entendo sua vergonha.

— Vai ficar pela escola?

Aproveitei que estávamos a sós e me sentei na classe que fica em frente a dela. Na mesa da Luna. Ela não vai se importar. Nem está aqui pra se importar mesmo.

— N-não, já estou indo pra casa!

Ela está nervosa? Ou é só impressão?

— Vamos juntas então… — Ela parou de guardar suas coisas para me encarar. Sem olhar diretamente nos meus olhos. Parecia olhar para a minha testa ao invés dos meus olhos.

— Você não vem de bicicleta?

— Como sabe que eu venho de bike pra escola? — Cruzei meus braços, observando como ela ficou ainda mais nervosa. Isso é tão bom. Seguro a risada.

— Já vi você nela em uma certa vez… — E então ela finalmente concluiu a missão de guardar as coisas na mochila.

Ela saiu da sala e eu a segui pelo corredor. Ela anda de um jeito engraçado, meio pulando, e os cabelos pretos acabam pulando junto com ela. É adorável e estranho ao mesmo tempo.

Parecia que ela estava fugindo de mim de tão depressa que caminhava com aqueles pulinhos, mas eu entendo como ela deve estar se sentindo envergonhada por ter sido pega em um momento constrangedor.

O que será que tinha naquele papel?

Por um segundo de distração, acenando para minhas colegas de time, eu perdi a menina de vista. Ela estava bem na minha frente e de repente sumiu. Parei no meio do caminho, olhando para todos os lados, mas nada de encontrá-la.

— Pra onde essa doida pulou?

Esperei mais um pouco e voltei a caminhar em seguida.

Fui até onde deixei minha bicicleta e segui em direção ao portão, não sem antes olhar para trás para procurar Merlina. Não vendo nem sinal da existência dela decidi sair.

A encontrei parada fora do portão da escola, apertando com força as alças da mochila e encarando o chão.

— Por um minuto pensei que tinha fugido de mim. — brinquei sorrindo apenas com um lado da boca.

— Eu parei pra beber água…

Coloquei minha mochila na cesta que ficava na frente da bicicleta, ela não combinava comigo, mas eu amava ela. Ofereci o espaço para Merlina também colocar a dela, mas ela não quis.

O caminho foi silencioso por um tempo. Nem assunto nós tínhamos para conversar. Não me senti desconfortável com o silêncio, o que normalmente aconteceria se fosse outra pessoa. Eu acho.

— Você joga basquete a quanto tempo? — ela perguntou, caminhando um pouco mais devagar pra ficar do meu lado. Os pulinhos sumiram.

— Desde pequena. Eu usava uma bola de vôlei pra jogar no balde de lixo da minha avó, que eu quebrei o fundo pra fazer uma cesta.

Ela riu um pouco.

— Sua avó ficou braba?

— Ela nunca soube do balde… — sorri pela lembrança boa. — Mas, e você? Joga algum esporte?

— Não, não. Sou péssima pra isso — disse. —, mas às vezes eu gosto de jogar vôlei. Um vôlei bem ruim, mas não deixa de ser vôlei.

— Vamos jogar juntas um dia!

E foi assim que a mesma menina vermelha da sala retornou.

— Você vai rir de mim! — ela abaixou a cabeça. — Sou tão ruim que sou capaz de bater no ar e não na bola...

— Ok. Prometo rir só um pouco. — dei uma cotovelada no braço dela, só pra que ela levantasse a cabeça. Não funcionou.

— Isso não me tranquiliza…

— Eu ensino você a jogar e aí não vou mais rir, e sim competir.

Ela assentiu com a cabeça. Fingi não ver um sorriso pequeno, que se desfez quando ela balançou a cabeça disfarçadamente. Como se limpasse a mente cheia de pensamentos.

— Ah… — parei, e ela me olhou nos olhos pela segunda vez. — Eu ajudo você com vôlei, e você me ajuda em física. Fechado?

E um sorriso grande surgiu em seus lábios.

— Fechado!

𝘁𝗼𝗱𝗮𝘀 𝗮𝘀 𝘀𝘂𝗮𝘀 𝗰𝗼𝗿𝗲𝘀 . jenna ortega Onde histórias criam vida. Descubra agora