003 - Perseguidora de nerds

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Minha mochila foi arremessada pro canto do quarto e meu corpo tombou na cama

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Minha mochila foi arremessada pro canto do quarto e meu corpo tombou na cama.

Eu quero gritar de emoção, de tão nervosa e feliz e todo tipo de emoção que uma adolescente apaixonada sente.

Jenna Ortega, a menina que eu gosto, quer jogar vôlei comigo. Ela me chamou de incrível e sorriu pra mim com aqueles dentes lindos… voltamos juntas pra casa e… AH!

Gritinhos histéricos saíram abafados graças à  minha almofada de elefante cor-de-rosa.

Me virei de barriga pra cima, tentando recapitular tudo o que tinha acontecido. Isso não pode ser real, não tem como. Estou sonhando.

Em que momento o despertador vai começar a tocar?

— Lina, já está em casa?!

Ouvi minha tia no andar de baixo e voltei a realidade. Não tem despertador nenhum. A não ser que minha tia seja o despertador.

Levantei e desci as escadas, encontrando a Jully. Minha tia é a diretora daquele "gracioso" colégio. Foi ela que me criou. Minha mãe faleceu quando eu nasci. E meu pai… bom, meu pai é um explorador! Ele viaja por todos os lugares do mundo e vem me ver quase que duas vezes por ano. Isso nos últimos quinze anos.

Minha tia se ofereceu para cuidar de mim, então a considero como uma mãe já que ela me educou. Às vezes, principalmente agora que estou mais velha, ela mal para em casa por causa das duas escolas que ficaram por conta dela. Ah, esqueci de dizer… A família por parte do meu pai é poderosa, temos grandes nomes envolvidos nessa família. Meus bisavós fundaram três escolas aqui em Los Angeles, duas de apenas meninas e uma de meninos. Meu pai ficou encarregado de cuidar de uma das escolas, a de meninos, porém tudo deu errado. Meus avós ficam na outra escola que tem a localização em São Francisco.

— Peça uma pizza. Estou com preguiça de cozinhar.

Peguei seu casaco e o levei para a área de serviço, junto das outras roupas sujas que deveriam ter sido lavadas ontem, mas me ocupei com as tarefas da escola e não tive tempo.

— Chegou mais tarde hoje? Sempre que chego já está com o uniforme trocado.

— Decidi vir a pé com uma colega.

Minha tia deu de ombros e bebeu o resto da água que tinha servido em um copo.

— Arrume tudo primeiro e depois peça a pizza. Não deixe bagunça na cozinha.

Ela se virou e foi para o quarto, onde se trancou e ficou em completo silêncio. Ela toma calmantes, então tem o sono bem pesado, o que me dá a liberdade de fazer o que me foi pedido sem medo de fazer barulho.

[ ... ]

Lá estava ela. Com os cabelos presos e o corpo suado grudando no colete laranja fluorescente horrível que a professora de educação física obriga as alunas do time usarem. O time oposto usa um mais bonito, azul marinho.

O problema é que Jenna Ortega, mesmo com aquele colete vindo dos infernos de tão feio, consegue ser linda.

Estou perdida.

Eu gosto dela, gosto muito. Desde que nos "conhecemos". Eu não acreditava no amor à primeira vista até encontrar ela. Não foi bem "amor" o que eu senti, foi uma paixão que está durando até agora.

Quando Jenna entrou na nossa sala com o cabelo totalmente preto e as mãos juntas na frente do corpo, a Merlina de treze anos sentiu um frio na barriga e o coração acelerado… caramba, ela foi a minha primeira paixão. E eu nem sabia quem ela era…

Jenna fez uma cesta e levantou as mãos para comemorar, eu levantei também e comemorei junto com ela, quase automaticamente, mesmo sabendo que isso era só um treino.

Ela pareceu procurar alguém nos bancos, e quando me encontrou, acenou com as duas mãos e um sorriso largo.

É a terceira vez que ela me encontra na arquibancada. E é a terceira vez que comemoramos uma cesta feita por ela. Mas é a primeira vez que ela vem na minha direção em uma pausa do treino. 

Jenna estava com os cabelos molhados, ela segurava uma toalha nos ombros e nas mãos tinha uma garrafinha com água. Eu sentia meu coração gritando dentro do peito, um rebuliço no estômago e meu rosto quente. A cada passo que ela dava, parecia que eu teria um ataque cardíaco ali mesmo.

— O que faz aí sozinha? — ela perguntou, ofegante, se atirou no banco.

Acho que gosto de ver garotas bonitas jogando basquete, e garotas bonitas se resumem somente em você.

— Gosto de assistir aos treinos.

Jenna limpou o rosto e secou as gotas de suor que estavam espalhadas por toda parte.

— Droga. Eu estou nojenta. — ela se levantou e tirou aquele colete jogando ele no banco. — Vamos embora juntas hoje de novo?

— Vamos, claro!!

Esperei a Jenna na entrada do vestiário. O tempo passou muito rápido, tão rápido que nem percebi.

Eu estava esperando ela sair, e não notei o quanto eu apertava a barra da minha blusa cada vez mais nervosa.

— Voltei, limpinha! — Jenna apareceu em um pulo do meu lado.

— O-oi!!

Ela está tão perto, posso sentir o cheiro do desodorante que ela passou e até mesmo o fraco perfume que sobrou no uniforme dela.

Por que Jenna anda tão cheirosa ultimamente? Não que eu esteja reclamando, claro.

Andamos uma do lado da outra, devagar, ela segurando a bicicleta e eu as alças da minha mochila. O silêncio não é desconfortável, por incrível que pareça.

— Por que você simplesmente começou a andar comigo? — perguntei.

O céu estava colorido de um laranja um pouco rosado, e o restante da luz do sol que batia na pele de Jenna a deixava ainda mais linda do que o normal.

Ainda mais vestida do jeito que estava, a gravata solta em volta do pescoço e alguns botões abertos da camisa.

Eu não vou pro céu.

— Não sei. — Deu de ombros. — Na verdade, acho que só estou andando com você por causa das minhas péssimas notas em física.

— Oh, não! Você é uma interesseira!

— Talvez eu seja uma perseguidora de nerds.

— Ah, não! Você me chamou de nerd?!

— E o que tem? Você é. — ela piscou pra mim.

Ela não tem piedade de ninguém.

— Pelo menos sou boa em exatas.

— Merlina Evans, não toque na minha ferida! — Ela me deu um leve empurrão.

Eu só conseguia sorrir.

Estar na presença dela me faz tão bem, finalmente estou realizando um sonho!

Estou conversando com a garota que eu gosto, e surtando internamente toda vez que ela sorri para mim.

E isso é tão gay.

𝘁𝗼𝗱𝗮𝘀 𝗮𝘀 𝘀𝘂𝗮𝘀 𝗰𝗼𝗿𝗲𝘀 . jenna ortega Onde histórias criam vida. Descubra agora