E que comece a Copa!

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Eu não me lembrava de ter tido tantas dores de cabeça, era algo incomum, mas mamãe vivia dizendo que era um sintoma que apareceria por causa do desenvolvimento intuitivo da vidência.

Aquelas férias não foram nada tranquila. Ansiedade, medo, dúvidas e uma sensação incomum de euforia.

Sophia ganhará uma coruja, o Tyto, e me mandou o máximo de cartas que pode, pura empolgação. Até Zyan me mandou por sua fênix Aurora, o que fez meu pai e meu irmão berrar de susto em uma manhã dessas, pois ela simplesmente apareceu com um estampido na sala. Aquilo que me rendeu um interrogatório de uma hora, em que lutei para convencer meus pais que não sabia porque isso tinha acontecido, já que ele sempre mandava por uma coruja.

Na manhã de sexta, 15 dias antes de irmos para Hogwarts, desci pra cozinha preparar meu café da manhã, pois papai me ensinou como preparar, já que eu precisava aprender a viver sem a magia e ter o mínimo de independência. Ele foi muito prestativo em me ensinar a fazer Berliner, um pãozinho doce da culinária alemã com geleia de ameixa, para eu comer acompanhado de chá.

- Ainda não consigo fritar corretamente. Não gosto do fogão: é insalubre. - Disse eu para meu pai.

Charlotte estava sentada em uma das cadeiras tentando roubar uns biscoitos da mamãe, Fobos estava debaixo da mesa com um petisco de fruta, ambos já estavam se tornando amigos.

- Também não vejo necessidade do fogão, mas seu pai mantém os costumes da infância, e de qualquer forma vocês não sabem preparar com magia. - Disse mamãe por trás do jornal, sentada à mesa.

- E nem podemos. - Disse meu irmão, mal humorado. - Não podemos nada!

- Não, não pode. - Disse a mamãe friamente.

Acho que ela estava irritada com algo. Papai estava sorridente verificando se eu tinha colocado os ingredientes corretos no pote.

- Não há mais o que discutir, Junior. - Disse papai sem olhar para meu irmão e enfiando o dedo no pote para experimentar a massa. - Humm... Muito doce. - Disse ele pra mim, e se virou para mesa.

- Não entendo porque não podemos ir no horário em que eles estarão lá, eu queria poder acompanhá-los. - Lamentou mais um pouco meu irmão sentado à mesa com o rosto escondido entre as mãos.

- Infelizmente não posso ir tão cedo, não está no nosso cronograma de hoje. Já disse que tenho um assunto muito sério para tratar no Ministério e só à tarde que vamos poder ir.

- Mas, mamãe...? - Tentou insistir, tirando as mãos do rosto e abrindo elas sobre a mesa.

- Não gosto dos Kovalsky. - Disse ela ainda sem tirar os olhos do jornal.

- O que está procurando, mamãe? - Perguntei porque mamãe nunca lia jornal com tanta vontade.

- O que se busca em um jornal: informações. - Disse rispidamente, distraída por trás das páginas.

Havia dias que papai e mamãe estavam colocando feitiço para silenciar as portas, se comunicando por olhares e cochichando coisas. Não sabíamos nada do que estava acontecendo, mas algo estava.

Junior queria ir ao Beco Diagonal aquela manhã para comprarmos parte dos nossos materiais e ele queria acompanhar a família de uns amigos da Corvinal. A lista não havia chegado ainda, mas nossa família também estava interessada em se adiantar nas compras daquelas férias.

A única novidade daquele ano, ao que sabíamos, era a final da Copa de Quadribol, que seria no interior Inglaterra. Irlanda e Bulgária iriam se enfrentar, e talvez fosse por isso, excesso de imigrantes em Londres poderia causar um caos no pequeno Beco Diagonal.

 ⭒๋࣭ 𓆗 O Lado E da Sonserina [4] 𓆗⭒๋࣭ Onde histórias criam vida. Descubra agora