Meu Namorado é um Assassino

Capítulo 41 - Soro Da Memória

Vejo Milena aparecer em sua cadeira de rodas, vindo em minha direção.

- Oi, amor... - Diz em uma voz sem ânimo.

Solto uma risadinha anasalada da sua falta de amor próprio.

- Você está péssima. - Digo analisando seu estado. Seus olhos estão com olheiras profundas, ela está mal cuidada e bem longe da Milena impecável que eu conheci.

- O amor nos destrói pouco a pouco. - Diz sorrindo sem humor.

- Só quando não é correspondido. - Digo e a vejo estreitar os olhos. - Bom, vim me casar com você. Como estão os preparativos? - Digo cínico.

Ela bufa.

- Ambos sabemos que não, você não veio pra isso... Veio para me matar e depois poder ficar com sua megera.

Sorrio de lado pra ela e vejo sua respiração se alterar. Eu a afeto bem mais do que me sinto confortável.

Só de imaginar outra mulher no lugar da minha Samyra, sinto asco.

- Milena, você sabe que não existe a menor chance de eu ficar com você, então pra que isso tudo?

- Bom... Porque não se senta um pouco, tenho coisas que podem ser do seu interesse.

- Você não tem absolutamente nada que possa me interessar. - Rebato.

Sabe quando você olha pra alguém e se sente enjoado? Como se tivesse comido algo estragado e passado mal... É assim que me sinto quando olho para a mulher em minha frente.

- Não seja um babaca, Lorenzo. - Ela diz fria.

- Se você parar de ser uma miserável mal amada eu paro com prazer de ser um babaca. - Digo sarcástico.

- Você é meu prometido! Nós fomos prometidos em casamento!! - Reclama.

- E eu nunca concordei. Voce nunca significou nada pra mim. - Que porra de mulher maluca!

- Mas você me beijou aquele dia quando éramos novos. - Diz sussurrando.

- Não... Você me beijou, eu apenas correspondi por que não via porque não corresponder, era jovem e tinha minhas curiosidades. - Reviro os olhos.

- Você é um monstro. Quando a Samyra descobrir isso, não vai mais querer olhar na sua cara. - Diz elevando seu tom de voz.

- Está enganada, ela sabe muito bem o monstro que eu sou e ainda sim quer estar comigo, por que ela me ama e eu a amo, simples assim. Um relacionamento não funciona com apenas um só amando, Milena, os dois precisam se amar.

- Oh é mesmo, senhor hipócrita? E se ela não te amasse, ainda usaria esse argumento?

Cerro os punhos. Eu deveria te-la matado!

- Eu a faria me amar. - Respondo simplesmente.

- E se eu fizer você me amar? - Diz erguendo as sobrancelha.

- Milena, meu tempo é precioso. Cadê o pai da minha mulher? Vamos resolver isso logo, porque nós dois sabemos que de mim o máximo que conseguirá é a morte.

- Matei. - Diz simplesmente.

Eu pego minha arma do coz da calça e miro em sua cabeça.

- Então não tenho porque te manter viva. - Digo frio como o gelo.

Seus olhos se arregalam e então depois ela suspira e diz:

- Podem trazê-lo.

Os homens que antes estavam sobre meu comando trazem meu sogro e quase suspiro de alívio ao ver que ele não tem nenhum arranhão.

- Quero uma condição para te entregar.

Que vagabunda irritante!

- Milena. - A Advirto.

- Lorenzo. - Ela diz.

Estreito os olhos pra ela e espero que ela prossiga.

- Por favor, me dê um último beijo e deixarei você é sua mulherzinha em paz.

A forma com que ela se refere a Samyra me faz querer espanca-lá.

Ela é mulher, Lorenzo... Uma desgraçada, mas ainda é mulher e você não bate em mulheres.

- Eu não te beijaria nem que fosse a última mulher da face do planeta Terra. Ficou maluca?

Ela então faz um sinal com o dedo e os caras miram a arma na cabeça do meu sogro.

Puta que pariu, heim!!

- Não estou nem pedindo pra se casar comigo e se divorciar como tinha pedido inicialmente, só preciso que me dê um último beijo.  Por favor, Lorenzo!!

Se eu quebrar o pescoço dela, posso ter uma vantagem sobre os homens que ela está ordenando. Sem uma mandante, eles ficarão sem saber o que fazer.

Com esse pensamento me aproximo lentamente dela.

- Não! Largue a arma! - Ela ordena.

Piranha, arrombada!

Deixo minha arma no chão e continuo em sua direção com passos apressados.

Fico frente a frente com ela e me inclino para frente e seguro seu cabelo com uma força desnecessária que a faz erguer a cabeça em minha direção e com certeza a machucou, ouvir seu gemido de dor corrobora isso.

- Você quer um beijo meu, uh? - Digo sombrio.

Minhas mãos vão para o seu pescoço e eu começo a aperta-lo.

Aquela sensação familiar de pânico que surge sempre que estou prestes a matar alguém começa a me consumir dos pés à cabeça.

Minha respiração fica descompassado e minha mente fica atordoada.

Eu não quero matar ninguém mais! Eu não quero tirar vidas tão facilmente!

Eu não quero ser um monstro...

Mas preciso proteger minha Samyra... Ela precisa que eu faça isso por ela...

Me forço a dar o golpe final que vai quebrar seu pescoço de forma rápida, utilizando o último pensamento como combustível, antes que eu sufoque no meu próprio desespero.

Mas então algo que eu nem sonhava que poderia acontecer aconteceu.

Milena pegou uma seringa e enquanto estava concentrado em matá-la, enfiou com tudo no meu braço.

Eu a solto imediatamente.

- Mas que porra...  - Começo a falar enquanto tiro a porra da seringa do meu braço, mas me sinto tonto.

- Você não é o único que tem contatos próximos ao Dr. Bonn. - Diz tossindo.

Puta... Merda...

- Isso... Isso é... - Cambaleio me afastando dela.

- Sim... O soro que faz perder a memória, desenvolvido pelo Dr. Anthony Bonn. - Ela gargalha como uma louca agora, enquanto tosse.

Tomado pelo ódio, antes que eu desmaie, pego uma faca do meu suporte que fica em minha perna e acerto seu olho.

- Vai pra porra, posso até perder a memória, mas não será pra ficar com você, cadela miserável!

Ela agoniza alguns segundos e depois vejo a vida deixar seu corpo.

Eu tinha mirado em sua testa mas estou tão zonzo que... Porra!  No olho é bem cruel...

Enquanto o pânico é culpa por ter matado alguém me domina eu perco o equilíbrio com a sala começando a girar.

Caio no chão perdendo a consciência e tento ficar repetindo como um mantra o nome da Samyra.

Não posso esquecer dela, não posso esquecer do nosso amor...

Mas em alguns segundos, eu não lembro nem mais do meu próprio nome.

Chora cabaré!!
(não me xinguem, por favor)