Em silêncio

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O céu estava um pouco indeciso, era um misto de nuvens cinzas e azuis, Ochako às admirava pela janela da cozinha, enquanto enchia a jarra de vidro da cafeteira na quantidade exata de água que Katsuki tinha pedido.

Sinceramente ela admirava várias coisas, principalmente o granizo negro que dominava todas as bancadas da cozinha – aliás que cozinha linda – parecia aquelas de programas de Tv, já tinha reparado que Bakugou aparentava saber cozinhar, mas ver aquela cozinha completa cheia de variedades a fez ter certeza de que deveria ser algo que a família Bakugou fazia em conjunto, algo que se partilhava com carinho, esse pensamento tomou conta do seu coração a deixando aquecida por dentro!

Foi quando seus olhos encontraram um envelope pardo com um pequeno bilhete na lateral da bancada de onde estava, a letra no papel era bonita e feminina só que estava em caixa alta.

– Acho que sua mãe deixou um recado para você! – Ela informou a Katsuki que terminava de arrumar as coisas para o café da manhã deles.

Ele se aproximou, Ochako sentiu o calor de seu corpo bem atrás dela, ele lia o bilhete por cima do seu ombro.

"KATSUKI VOCÊ COMPROU NOVAMENTE A PORRA DE UM JOGO, É O TERCEIRO ESSE MÊS, JÁ NÃO FALEI PARA PARAR DE GASTAR DINHEIRO COM ESSAS BOSTAS? SE VOCÊ VIER PARA CASA NÃO COMA SÓ BESTEIRAS! BEIJOS MAMÃE."

Ochako imaginou uma voz feminina e estridente berrando o que estava no bilhete, fazia sentido ele ser daquele jeito, a mãe deveria ser igual ou ele era igual a mãe.

Bakugou pegou o envelope pardo, mas antes de se encostar no granizo da pia deu um beijo estalado no ombro de Uraraka o que a fez ter um pequeno sobressalto de surpresa.

Ele esboçava um sorriso enorme, totalmente satisfeito com a sua encomenda, parecia uma criança com um brinquedo, rasgou facilmente o papel mostrando um jogo de luta que Ochako não conhecia.

– Vamos jogar um contra o outro depois. – Falou com um ar empolgado, balançando a embalagem colorida no ar e devolvendo o jogo na bancada.

Uraraka colocou a água na cafeteira, em seguida devolveu a jarra de vidro no seu lugar, permitindo o processo de preparo do café.

– Você gosta de queijo quente? – Ele pergunta começando a montar dois lanches.

– Sim, adoro! – Ela informa ao se sentar num dos bancos altos da península de madeira escura da cozinha.

Ela o observava colocar os lanches na sanduicheira, em seguida ele se vira para terminar de arrumar as outras coisas que estavam nas sacolas do supermercado.

Ochako pega um copo para se servir de suco, nesse momento Katsuki percebe o que está no fundo da última sacola que está guardando, pegando discretamente a embalagem do preservativo e colocando no bolso da calça do moletom, um sentimento de desconforto o toma por lembrar do momento que comprou aquilo, ele nunca tinha comprado isso antes, se sentiu um idiota por ter passado por uma situação dessa e ainda mais do lado dela, quando se virou de volta pra península ele ficou grato por ela não ter reparado.

A luz da sanduicheira chama sua atenção informando que os queijos quentes estavam prontos, em seguida ele os serve colocando um em cada prato, ele se senta ao lado dela e a olha, reparando como ela levanta os dedos para comer, nunca tocando o sanduíche com os cinco dedos - ela faz isso sem o menor problema - ele tenta se imaginar tendo que fazer isso a vida inteira com tudo o que tenha que tocar e acha um saco.

Ochako vira para ele perguntando se ele quer suco, mas a única coisa que repara é como os bancos estão distantes um do outro, simplesmente do nada ele a puxa para mais perto.

Ela arregala os olhos com surpresa e o vê com um sorriso discreto nos lábios quando pega o suco das suas mãos, ela pondera sobre o que acabou de acontecer e só consegue concluir que o sentimento de estar mais perto é o mesmo para ele, uma alegria toma conta dela e é inevitável não sorrir.

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