Capitulo 90 - Princípios de um vilão

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Eles eram patéticos, achavam mesmo que podiam enganá-lo? Então engoliriam as próprias línguas se soubessem que tudo estava indo de acordo com o seu plano.

A fuga deles estava completa enquanto os laboratórios queimavam até último tijolo. O clima frio da floresta estava piorando, ele fazia um favor indo até lá. Afinal se não os matasse as crianças certamente morreriam de hipotermia.

"Tudo bem... tudo vai estar bem, elas vão ser sacrificadas por um bem maior, logo vou trazê-las de volta a vida, nenhuma injustiça será cometida."

Rarlee assobia uma música que sua mãe lhe ensinou quando era mais novo. Enquanto adentrava a floresta, alguns anjos seguiam atrás de si para lhe ajudar com os outros. Mas no geral seria muito fácil. Agora que a atenção de Kolin foi desviada a outro lugar, só precisava matar as crianças e salvar Richard. O resto se desenvolveria fácil como um novelo de lã nas suas mãos.

A neve que havia parado há algum tempo, agora começava a cair, deixando os galhos repletos das gélidas camadas brancas. Ele podia sentir sob a sua pele, havia dias em que se sentia vazio, como se estivesse morto por dentro, como se todos os seus própositos não valessem nada. Um enorme buraco costumava preencher o seu peito. É claro que nem sempre foi vazio, antes de tudo isso, ele também foi uma criança inocente com a esperança de um mundo melhor. Mas aquilo que era agora, não se tornou sozinho, foi moldado, no dia a dia, a cada tortura, a cada ferida interminável, a cada cicatriz negada, havia pensado indeterminadas vezes em acabar com a própria vida.

Mas tudo isso acabou quando conheceu aquela pessoa, um sentimento de êxtase o preenchia sempre que recebia a atenção do outro, no momento em que o perdeu sentia que seu peito voltava a sensação interminável de morte interna. Mas agora... agora tudo voltaria ao seu devido lugar.

– Eu preciso realmente ir senhor? – Perguntou Wren Grace.

– Mas é claro, qual vai ser a diversão se você não estiver lá? Já emitiu o sinal para atrair Carten e o seu bichinho de estimação?

– Sim, senhor.

Um som estridente de uma risada diabólica reverberou na floresta, Rarlee não podia deixar de se divertir.

– Andem mais rápido, meu irmão não suporta estar muito tempo longe de casa, ele odeia sujeira.

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Daniel não sabia o que fazer, Carten estava em um daqueles dias em que seu eu filantropo assumia e havia passado o tempo inteiro desesperado, como se o fato das crianças estarem em perigo, isso significava que ele próprio também estava. Pois era um fato que ele morreria por elas se pudesse.

Naturalmente ele sabia que Carten o estava odiando nesse momento, antes toda vez que se aproximava para tentar explicar os seus motivos, ele nem sequer lhe dava chances. Daniel estava ficando louco em ser ignorado constantemente pela pessoa que mais queria chamar a atenção. Mas depois do que aconteceu, Carten não o afastava mais, não era que não queria, simplesmente não tinha energias para isso. Passou todo o seu tempo tentando descobrir o paradeiro das novas crianças desaparecidas, e quando soube do incêndio nos laboratórios saiu correndo sem nem dar explicações.

– Carten, não vai encontrar nada, se continuar desse modo, faz dias que você não come, pode por favor descansar um pouco?

– Vai se ferrar Daniel, não pense que só por quê não te matei que eu esqueci as merdas que fez, não vou parar enquanto não encontrá-los.

Ele continua andando pela floresta, o evitando, mas Daniel agarra o seu braço.

– Você não conhece a maioria dessas crianças, por quê se sacrifica tanto por elas?

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