Capitulo 89 - Queijo na ratoeira

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Marcas vermelhas começaram a ficar mais evidentes nos nós dos dedos de Kolin, marcas essas que Richard não pôde deixar de observar.

- Você está bem? - Ele pergunta.

Mas Kolin lhe dá uma expressão sombria, os olhos verdes queimando em brasa.

- Por quê não me disse que estava ferido?

- O quê?

- Eu vi o lugar lá atrás, tinha uma poça de sangue, sua bolsa estava bem do lado, e faz um tempo que você não tira a mão do abdômen, por quê não me contou nada?

Richard mordeu os lábios mas deu um suspiro conformado, não havia mais o que fazer a essa altura.

- Não precisa se preocupar.

- Como não me preocupar? Com a quantidade de sangue que eu vi você poderia muito bem morrer. Me deixe ver como está pelo menos.

- Eu estou bem, eu juro. Não é nada.

- Richard. - Ele pediu baixo.

Após considerar um pouco, decidiu mostrar, ele o arrastou até o canto de uma árvore para que as crianças não vissem e ergueu um pouco a própria blusa. Kolin arregalou os olhos e observou assustado.

- Isso está horrível e... você costurou? Em que momento fez isso? Deve estar doendo muito, curou todas aquelas crianças enquanto tinha essa ferida? Chega, não pode fazer mais isso. - Ele segura o seu pulso para puxá-lo para longe, mas Richard se manteve firme no lugar.

- Kolin, pode me escutar antes?

O outro para um pouco receoso e espera a explicação.

- Acha mesmo que eu faria isso se minha situação fosse tão ruim?

- Não sei, mas acho bom mesmo não estar mentindo.

Richard riu um pouco:
- Por quê? Está preocupado comigo?

- Você sabe que sim, como eu poderia não estar?

Isso o pegou de surpresa, então decidiu não dizer mais nada, apenas guardou silêncio enquanto comprimia os lábios em uma linha fina.

Kolin franziu o cenho ainda o olhando de cima a baixo.

Um suspiro escapou de Richard e ele não pode deixar de observar as crianças. Será que ele realmente não poderia fazer nada?

- Eu prometo que vai ficar tudo bem.

Ele disse e em seguida voltou sua atenção aos olhos inocentes do menino ao lado da irmã, eram tão brilhantes e cheios de vontade que os lembravam os de Kolin. No fim Kolin era o único que ainda possuía a inocência de uma criança, e a bondade de uma. Embora agora estivesse irritado com a discussão de antes, ele ainda tentava protegê-lo, e era óbvio que se preocupava ainda mais com as crianças, havia estado o tempo inteiro antes tentando alegrar a menina.

Richard se aproximou da garotinha e passou a mão pelos seus cachos negros com carinho, assim como ele gostaria que tivessem feito com ele quando era mais novo. Kolin segue atrás o olhando receoso.

- Então não tem nada que você possa fazer? - O menino ao lado dela pergunta.

- Eu não sei.

Richard checou as suas veias e percebeu que não possuía mais nada de energia, usou tudo o que tinha para curar Kolin, e o poder que a menina precisava era além do que ele possuía. Se forçasse mais do que tinha agora então não conseguiria chegar muito longe, tinha riscos de que até ele mesmo pudesse morrer.

A garota ardia em febre, e não trazia sinais de que fosse melhorar. Nesse momento Peter voltou a se aproximar.

- Por quê diabos um anjo veio junto se não ia servir para nada?

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