Epílogo

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Tinha muitos arrependimentos na vida, essa foi a primeira coisa que Richard percebeu quando deixou de respirar. Não sentiu aquilo que diziam sobre a vida passar diante dos seus olhos. Na verdade uma das únicas certezas naquele momento foi a dor, a dor que preencheu seus ossos e penetrou no sangue, enchendo sua boca daquele gosto de ferro.

A dor da incapacidade, apesar de saber que algumas partes eram do seu próprio plano, não queria partir.

Não sabia quanto tempo tinha passado, quando morreu a única coisa que o cercava era uma sensação de vazio e o nada. Mas em algum momento foi como se algo apertasse seu peito, Agasse sua mão e tentasse lhe puxar de volta a todo custo, porém não tinha forças para atender a essa prece desesperada. Quando sentiu o único fio de vida que lhe restava se prender a algo extremamente forte, apenas percebeu que se Agasse esse fio, então talvez tivesse um pouco de esperança.

Apesar de não conseguir mover nem um dedo, conseguia ouvir um som doloroso, uma lamúria extremamente triste como se esse alguém tivesse perdido a própria vida, ouvia isso quase todas as noites quando as luzes se apagavam. Ouvia essa voz implorar todas as noites que ele acordasse de uma vez por todas. Não sabia quem era mas tinha um forte desejo de lhe abraçar para ver se assim conseguiria diminuir um pouco essa dor que lhe dilacerava o peito.

Precisava de ar, queria ar, seu corpo queimava, mas principalmente uma luz extremamente brilhante lhe incomodava os olhos, no momento em que acordou, sentiu as oscilações brilhantes do sol bater no seu rosto, não era quente, apenas incomoda. Por um segundo não se lembrou de nada, logo as memórias voltaram uma por uma, ele queria fazer muitas coisas mas se sentia afetado e lento então apenas se levantou, ou ao menos foi o que tentou fazer mas caiu diretamente no chão. Suas pernas estavam pesadas e lentas. Era como se tivesse ficado a muito tempo sem andar. Ele aperta o seu joelho, o sentindo dormente, mas se força a levantar agarrando a beirada da janela e olhando alí.

Estava em um prédio muito alto, a neve não deixava de caír, o frio batendo no seu rosto e o fazendo sentir um pouco mais a realidade que o atingia. O frio o incomodava, então iria fechar a cortina.

Antes que fizesse isso ouviu o som alto de algo se quebrando atrás de si, quando virou o pescoço um homem quase da sua altura, de belos cachos negros, pele morena e olhos de um verde deslumbrante o encarava incrédulo. O vaso de flores que ele trazia na mão se despedaçou completamente, a água se expalhando rapidamente pelo chão.

Por um longo tempo ambos apenas se olharam sem dizer nada, mesmo há alguns metros de distância era possível ver o quanto suas mãos tremiam e a pupila dos olhos se enchia de lagrimas os tornando ainda mais brilhantes.

Então ele começa a chorar silenciosamente, intercando entre soluços enquanto se sentava sobre o chão e agarrava o próprio corpo.

Richard se sentiu extremamente culpado e se apoiou na parede para tentar ir até ele, mas quase caiu, nesse primeiro momento de fraqueza sentiu pouco a pouco as memórias voltando a si junto com uma forte dor de cabeça, mesmo assim ainda não vinham todas.

Ele então se aproximou devagar e abaixou ao seu lado observando oodo como seus ombros tremiam a cada suspiro. No momento em que o envolve em um abraço apertado, Kolin fica rígido como se fosse se afastar mas não o faz, então como se estivesse surpreso com algo ele logo cede e o abraça de volta, enquanto deita o rosto sobre o seu ombro, o encharcando de lágrimas rapidamente.

Não sabia o que fazer para que ele se sinta melhor então apenas acariciou devagar as suas costas e os seus cabelos de modo constante. O outro lhe agarrou mais forte com medo que ele lhe deixasse novamente.

Richard abriu a boca para dizer algo mas sentiu sua garganta extremamente seca.

Uma mulher loira abre a porta e os observa surpresa.

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