15. this is a game?

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E se você nunca me salvasse do tédio
Eu poderia ter continuado como estava
Mas, senhor, você me fez sentir importante

E como se tivéssemos um prazo de validade o fim‑de‑semana acabou e a gente expirou.

Na segunda feira ele nem se deu ao trabalho de aparecer na aula, eu queria saber como ele pretendia passar nessa matéria, já que ele tinha mais faltas do que presença nessa aula.

Terça feira ele chegou atrasado, e se sentou em uma cadeira em um canto no fundo da sala, eu podia sentir o seu olhar queimando as minhas costas durante a aula inteira, mas ele não trocou nenhuma palavra comigo ou com seus amigos.

E isso tudo estava me matando, era tão difícil lidar com ele quando não estávamos a sós, ele parecia uma pessoa completamente diferente quando tinha outras pessoas em volta. 

Eu estava decidida a confrontar ele na hora do almoço, mas assim que entrei no refeitório e avistei a nossa mesa de sempre, percebi que ele não estava lá.

Peguei a minha comida e enquanto caminhava para a nossa mesa meu olhar varia o refeitório a procura dele, ele deveria estar evitando Steve e não a mim.

No momento em que nossos olhos se cruzam meu coração para e eu congelo no lugar, mas ele rapidamente desvia o olhar para a garota a sua frente, não sei quem é, mas o meu estômago embrulha.

Olho para a bandeja em minhas mãos e não sinto mais vontade de comer nada que está ali. Eu queria sair dali, cada célula do meu corpo estava implorando para que eu saísse dali, mas eu não poderia dar esse gostinho para Bucky, eu não iria parecer uma garotinha facilmente manipulada por ele, ele não iria me afetar assim.

Respiro fundo e vou até a mesa de sempre, me sentando ao lado de Steve.

— Você está bem? - Steve pergunta e eu me viro para ele concordando com a cabeça. - Você está um pouco pálida,

— Eu não tomei café da manhã, deve ser só fome. - respondo pegando o garfo e me obrigando a comer.

Estou mastigando o macarrão, mas parece que tem papelão na minha boca, não consigo sentir o gosto do queijo e estou ficando cada vez mais enjoada por me obrigar a continuar a engolir aquilo.

— Você sumiu no Halloween, te procurei a festa inteira e não te achei. - Steve volta a falar comigo.

— Eu fui embora cedo, não estava muito no clima para festa depois da... - paro no meio da frase percebendo que não tinha conversado com Steve sobre a briga dele com Bucky, eu sabia que havia sido por minha causa, mas não sabia exatamente o porque. - O que aconteceu entre você e o Bucky?

Steve se virou para frente e eu tinha certeza que ele devia estar analisando Bucky, que estava sentando a algumas mesas de distância da gente.

— Eu disse algo que ele não gostou... - ele disse jogando um pedaço de pão que estava em sua mão de volta a bandeja.

— Sobre??? - insisti, eu já sabia a resposta, não sei porque eu estava insistindo.

— Sobre você! - Nath respondeu por ele com um olhar zangado. - Acho que o Bucky se torna protetor quando o assunto é a irmãzinha do melhor amigo dele.

"Irmãzinha do melhor amigo dele" as palavras ecoaram na minha cabeça e senti um desânimo absurdo percorrer o meu corpo, eu estava fadada a esse rótulo não estava?

— Ele nem está falando comigo. - Steve diz respirando fundo. - Ele podia ao menos me dizer que gostaria que eu não saísse com você...

— Bucky não manda em com quem eu saio! - meu sangue ferve no momento em quem ele profere aquelas palavras. - Vocês garotos são ridículos!

Arrasto a bandeja para o meio da mesa e me levanto com raiva. Saio do refeitório sem olhar para trás.

Eu não quis ir para Yale para ficar longe do Nate e ele não poder controlar a minha vida, mas isso não estava funcionando também, eu me deixei cair da teia de Bucky e ele estava me manipulando certinho para me manter onde ele queria que eu ficasse.

Isso tudo parecia apenas um jogo idiota do qual ele não queria sair perdendo, mas afinal, qual seria o prêmio?

Eu estava andando pelo corredor distraída demais para perceber que alguém me seguia e quando mãos agarraram a minha cintura eu levei um susto. Uma porta de abriu e eu fui puxada para dentro de uma sala de aula, pude ouvir a porta se bater sendo fechada.

A sala estava vazia e Bucky me prensou contra a lousa. Ele tinha um sorriso idiota nos lábios que quase me fazia esquecer que estava brava. Ele tentou me beijar e eu virei o rosto antes que seus dos seus lábios alcançarem os meus.

— Hey, o que foi? - ele pergunta virando meu rosto para ele outra vez.

A intensidade dos seus olhos azuis eram capazes de fazer qualquer pensamento se dissipar da minha cabeça.

— Qual jogo estamos jogando? - pergunto piscando algumas vezes tentando me concentrar.

— Nenhum. - percebo a confusão em seu rosto.

— Quem era a garota no refeitório? - pergunto e o sorriso idiota volta aos seus lábios.

— Você está com ciúmes? - seu tom de voz é divertido e isso me deixa mais irritada.

– Não, eu só não consigo entender o que você quer. - falo o empurrando e me livrando de suas mãos. Cruzo os braços e o encaro a uma distância segura. - Quando estamos a sós você me trata de um jeito e quando seus amigos aparecem você me trata de outro completamente diferente. Se você está jogando algum joguinho idiota do qual só não querer perder, me diz agora.

Bucky franze a sobrancelha e tenta se aproximar mas eu dou dois passos para trás mantendo a distância, preciso mandar o pulso firme e entender onde isso vai dar.

– Não é um jogo! - ele diz e suspira - Mas eu também não sei o que somos e não quero apressar as coisas... - ele fecha os olhos por alguns segundos e quando os abre novamente é quase como se eles tivessem assumido outro tom, um pouco mais cinza, mais sérios. - Eu só realmente acho que precisamos descobrir o que sentimos antes de sair contando para todo mundo, é algo entre eu e você, e eu não acho que os outros deveriam opinar nisso.

— Ah okay...

Perdi totalmente a minha linha de raciocínio agora e não tenho certeza se isso foi muito esclarecedor, tudo ainda parece tão confuso.

— Esse é um dos motivos pelos quais eu sugeri a viagem no fim‑de‑semana. - ele tenta se aproximar outra vez e dessa vez eu não recuo. - Eu quero que você tenha certeza do que quer Allie.

– Eu sei o que eu quero. - respondo colocando as mãos envolta do seu pescoço e ele me puxa pela cintura para colar nossos corpos.

Ele sorri para mim e me beija. Eu nunca imaginei que algum dia iria sentir aquela sensação que lia nos livros de ser beijada e tudo em volta ser silenciado, nunca achei que ia querer que o mundo congelasse apenas para ficar nos braços de alguém pelo máximo de tempo possível. Mas aqui estava eu agora, me sentindo como a garota clichê de qualquer livro água com açúcar.

— Vamos manter isso entre nós por mais alguns dias, okay? - ele diz encostando sua testa na minha. - Quando estivermos prontos, eu quero eu mesmo contar ao Nate, quero que ele saiba por mim e não por pessoas que podem interpretar isso de outro jeito.

— Claro.

Bucky me solta e meu corpo estremece como se uma brisa gelada passasse por mim.

Ele pisca e sai da sala primeiro, me deixando lá sozinha e mais perdida do que estava quando entrei naquele refeitório a 30 minutos atrás.

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