Epílogos.

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Então, eu vou te manter, dia e noite
Aqui até o dia em que eu morrer
Eu estarei vivendo uma vida por nós dois
Eu serei o melhor de mim
Sempre manterei você comigo



Nunca imaginei que aquela noite mudaria minha vida para sempre. A imagem de Allie, minha namorada, morta na estrada após o carro capotar, ficou gravada na minha mente como uma ferida aberta que não cicatriza. O luto foi um processo árduo e solitário, marcado por uma dor profunda que parecia não ter fim.

Nos primeiros meses, eu me isolei do mundo. Cada canto da cidade, cada lugar que Allie e eu frequentávamos juntos, trazia memórias que me assombravam. Eu me afogava em lembranças, revivendo constantemente os momentos felizes e dolorosos que compartilhamos. As noites eram as mais difíceis; o silêncio e a escuridão amplificavam minha dor, fazendo com que a ausência de Allie fosse quase insuportável.

Steve, era uma presença constante e silenciosa durante esses meses. Ele sabia que eu precisava de tempo e espaço para processar a minha dor. Não forçava conversas, mas estava sempre lá, seja para uma caminhada em silêncio ou para sentar no sofá e assistir televisão sem dizer uma palavra.

Aos poucos, comecei a me abrir. Primeiro foram pequenas confissões, memórias felizes com Allie, depois as profundas reflexões sobre a vida e a morte, e tudo que teria que viver sem ela. Steve ouvia com paciência, oferecendo palavras de apoio e encorajamento quando necessário. Ele sabia que a presença dele era um lembrete de que eu não estava sozinho, mas também um lembrete constante de Allie.

Os meses começaram a passar lentamente , e eu comecei a sentir uma necessidade urgente de mudança, não podia mais continuar ali porque para qualquer lugar que eu olhasse, eu me lembrava dela. A dor ainda estava presente, mas eu sabia que precisava fazer algo significativo, algo que me tirasse da inércia do luto. E foi durante uma dessas conversas com Steve que a ideia surgiu.

Steve havia considerado entrar para o exército antes da faculdade, e ao compartilhar seus planos comigo, enxerguei ali uma chance de recomeçar, de encontrar um propósito maior e, talvez, de honrar a memória de Allie através do serviço e da disciplina.

A decisão não foi fácil, eu sabia que não estava abandonada apenas a faculdade, estava abandonando tudo e principalmente abandonando a parte de mim que acreditava que merecia o amor de Allie e poderia ter um final feliz e normal, mas não era como se essa escolha ainda tivesse disponível para mim.

Eu e Steve começamos  a nos preparar para essa nova etapa. Os treinos físicos e os estudos para os exames de admissão se tornaram uma nova rotina, oferecendo uma estrutura que eu tanto precisava.

Enquanto os meses passavam, eu sentia que, embora a dor nunca desaparecesse completamente, eu estava aprendendo a viver com ela. O exército representava não apenas um novo começo, mas também uma forma de transformar sua dor em algo produtivo. O desejo de poder manter as pessoas seguras, como eu não pude manter Allie, me ajudava a ter um propósito e um foco.

Conversei com Nate por mensagens algumas vezes, nunca mais conseguimos nos ver depois do velório, a ideia de olhar para ele e ver os olhos de Ally me davam mais medo do que enfrentar uma guerra. Nate também não parecia muito confortável com a ideia de me ver, talvez eu fosse o lembrete dele de que ele perdeu a irmã por ter escolhido o melhor amigo errado para entrar em suas vidas. Era difícil pensar que na verdade eu perdi os dois naquela noite e uma parte de mim nunca se perdoaria por isso, mas eu precisava tentar continuar, precisava estar vivo para que a lembrança dela fosse honrada todos os dias.

Eu vou ser um homem melhor, eu vou ser bondoso, gentil e útil a humanidade, vou ser a melhor versão que puder porque você merecia alguém melhor Allie.

Fechei a mochila e a joguei pelos ombros, dei uma última olhada no meu quarto agora vazio e respirei fundo.

Talvez isso seja um adeus.

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