17. where do broken hearts go?

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Eu tenho essa sensação de que envelheço, mas nunca fico mais sábia.

Bucky não me segue e talvez tenha algo tão perturbador em minha expressão que Steve nem se quer profere uma palavra quando volto para o seu quarto.

Visto as minhas roupas o mais rápido que consigo e saio em disparada pela porta. O meu coração ainda está batendo tão forte que sinto que a qualquer minuto eu vou ser capaz de vomitar ele.

As lembranças daquela noite idiota de anos atrás começando a voltar mesmo que eu tente a todo custo soterrar elas no lugar mais profundo do meu subconsciente.

Não está mais chovendo, mas o ar gelado formiga na pele como se milhares de agulhas estivessem em mim. Os meus pés estão agindo por conta própria, não tenho certeza de para onde estão me levando, mas espero que seja para casa...

Casa, o que essa palavra quer dizer?

Se casa significa um lugar que você se sente seguro e acolhido, eu não tenho certeza de que lugar seria esse agora.

Eu nunca senti que pertencia a casa dos meus pais e agora não sentia que pertencia a faculdade também. Eu não pertencia a nenhum lugar. Eu não pertencia a ninguém.

Meu estômago se contorceu como se tivesse levado um soco. Uma parte de mim sempre quis pertencer a algo porque por alguma razão eu sempre achei que estava vendo a vida por uma janelinha. E quando eu finalmente vim para Nova Iorque, eu tinha esperanças de que seria aqui que eu acharia o meu lugar, mas eu estava errada, eu sempre estou errada.

Assim como eu estava errada naquela noite da festa beijo na boca.

Balanço a cabeça tentando me livrar do pensando mais uma vez. Respiro fundo e continuo caminhando.

Pelo menos eu estava longe de todo o drama agora.

Há algo clichê sobre envelhecer, as pessoas esperam que em uma data exata você saiba que está um ano mais velha e com isso você tem que estar um ano mais sábia, mas nem sempre somos maduros o suficiente para aprendermos as lições que aquele ano nos ensinou, talvez as vezes estejamos fadados a repetirmos um mesmo erro algumas vezes mais.

Era um erro, não era?

Ou talvez erros só são erros dependendo do ponto de vista de quem está contando a história?

Eu estava perdida nos meus pensamentos e mais perdida ainda em questão de localidade, quando olhei em volta não fazia ideia de onde estava.

Pego o celular do bolso e a tela nem acende. Ótimo, perdida e sem ter como me localizar. Como as pessoas viviam antes dos celulares e internet?

Continuo caminhando até uma cafeteria e paro no balcão completamente sem graça encarando um atendente que por alguma razão me parece familiar.

— Hnm... oi. - tento sorrir para parecer simpática mas me sinto patética. - Você por acaso teria um carregador para me emprestar?

Ele me encara por alguns segundos e depois se abaixa atrás do balcão e quando volta e tem um carregador em mãos.

— Eu saio em 15 minutos, então você precisa ser rápida.

— Ok... obrigada.

Quando coloco o celular na tomada nada acontece e os minutos continuam passando e o celular não faz nenhuma menção de estar carregando. Respiro fundo e meu corpo desaba na cadeira sem esperança, eu estou tão cansada para continuar andando, sinto as lágrimas querendo se formar outra vez nos meus olhos.

— Conseguiu? - o atendente se aproxima de mim.

Tiro o carregador da tomada e entrego para ele tentando ao máximo não transparecer o desespero em meu rosto por não saber o que fazer e nem cair em lágrimas na frente de um desconhecido.

— Não... acho que vou ter que voltar andando...

— Eu posso te dar uma carona até o campus. - ele jogando a mochila nas costas e eu o encaro, ele era da Columbia? - Você não lembrar de mim fere um pouco o meu ego.

— Me desculpe, é uma noite ruim... - olhei pra janela e alguns árvores balançavam do lado de fora.

Pensar o quão frio deveria estar do lado de fora fez um arrepio percorrer o meu corpo.

— Tudo bem, acho que todas as garotas ficam cegas depois de colocar os olhos em Steve. - ele deu uma risadinha tosca e eu revirei os olhos. - A propósito, eu sou o Thor, muito prazer Allie.

— Thor? Tipo o Deus do trovão? - tentei segurar o riso e ele quem revirou os olhos. - Como você sabe o meu nome?

— Eu faço parte do time e digamos que o seu nome é muito falado na fraternidade.

Hnm, por isso eu o achei familiar, já devia ter o visto em alguma festa ou em algum jogo.

— Só coisas boas eu espero!

Ele riu outra vez e eu parei para o analisar. Ele realmente tinha um tipo físico de jogador, um jogar misturado com um surfista talvez. Hnm... ele era bonitinho.

— E aí, vai querer a carona? - ele disse abrindo a porta da cafeteria e me deixando passar por ela.

Cavalheiro, gentil e parece ter um bom humor. Acho que tudo bem pegar uma carona, melhor do que voltar sozinha no escuro e frio.

O segui até seu carro preto que não me faria nunca imaginar que ele trabalhava em uma cafeteria.

Assim que entramos ele ligou o aquecedor e deu partida no carro.

— Então, eu te levo a onde? - ele perguntou sem tirar os olhos da estrada.

— Dormitório da faculdade.

Não sei se era para esse lugar que eu realmente gostaria de voltar agora, mas acho que não tenho opção no momento.

— Você não vai a festa?

Fiz que não com a cabeça e ele não perguntou mais nada. Era melhor assim.

Quando o carro parou na frente do dormitório o meu estômago revirou, encarei por alguns segundos a faixada de entrada do prédio e cada pequena parte de mim me dizia que eu não deveria estar aqui. Mas o que eu podia fazer agora? Voltar para Chicago também não era uma opção.

— Hnm, obrigada. - falei me virando para Thor e ele me analisou por um momento.

— Você é bonita demais para se envolver em tantas confusões. - ele abriu um sorriso gentil. - Se por acaso qualquer dia desses você resolver comprar um óculos... - ele riu de um jeito fofo. - Me liga.

Sorri e abri a porta do carro descendo sem dizer nada. A essa altura eu já tinha entendido que ficar longe de atletas era o melhor para mim.

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