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O FIM DE SEMANA FOI DESANIMADOR, Estela ficou relendo seu projeto de pesquisa e toda a referência bibliográfica tentando encontrar uma forma de deixar a execução mais aplicável. Ela tinha apenas mais algumas semanas para concluir a tese e nada se encaixava. E o pior, não sentia que via sentido no que estava fazendo.

Continuava achando que tinha criado grandes expectativas em relação ao mestrado, que aquilo daria sentido para o seu propósito de vida e a guiaria para um doutorado. Mas ela mal sabia se daria conta do mínimo. A ideia de retornar ao Brasil sem o diploma e sem propósito a aterrorizava.

Na segunda-feira, Estela não foi ao CT. Precisou ir para o Centro Acadêmico discutir sobre seus relatórios e dados obtidos com Liz. A garota torceu muito para que não encontrasse o Professor Lincoln, mas ele já estava esperando por ela quando Estela chegou.

— Recebi o seu e-mail, Cavalcante. Não pareceu muito otimista quanto ao andamento da sua tese. — O professor a observou ajeitando os óculos sobre o nariz enquanto recebia os formulários que Estela havia preenchido. — Ainda falta uma série de exames neurológicos que devo dizer, são os principais e… diabos, você só tem um jogador participando?

— Até o momento sim. — Estela sentiu o clima pesar.

Na outra mesa, Liz se levantou com sua cabeça e se afastou para pegar café de uma forma educada e silenciosa dando espaço para Estela levar esporro do professor.

— Se não tiver mais de um sujeito de pesquisa, seus resultados não terão nenhuma credibilidade. Precisa de mais de um jogador para fazer comparações e comprovar as hipóteses. — Lincoln falou em um tom firme e contido, mas seus olhos azuis esboçaram frustração e preocupação. — Sinceramente, Senhorita Cavalcante, entendo que devido às mudanças no departamento você perdeu muita coisa trabalhada no seu primeiro. Mas isso continua sendo um programa de mestrado em uma universidade prestigiada. Precisa provar que está à altura.

— Sim, professor. E eu irei provar que estou à altura. — Ela respondeu com firmeza.

O professor saiu da sala deixando seus formulários sobre a mesa. Estela não deixou que as lágrimas chegassem aos olhos até que estivesse sozinha.

Uma hora depois, Liz voltou e se separou com a colega com a tela colada ao computador.

— Olha, eu tive uma ideia. — Comentou Liz deixando uma xícara de café quente sobre a mesa de Estela. — Se não tiver jogadores interessados na sua pesquisa nesse time, pode procurar por outro.

— E começar do zero? Seria mais complicado. — Estela ponderou. Ela tomou um gole de café quente e agradeceu a Liz por aquele gesto.

— Seria, mas de qualquer forma, precisa de mais de um sujeito de pesquisa. — Liz pontuou.

E Estela sabia que ela tinha razão.

O dia se estendeu devagar e desanimador até terça-feira de manhã quando Maria Estela fez seu caminho para um dia de trabalho no CT.

O da bronca de Lincoln ainda pairava sobre ela, e talvez por isso ela achou que seria cobrada novamente quando Lawrence Gant a recebeu em frente à porta de sua sala nos fundos do andar.

— Estela, eu estava aguardando por você. — Ele se aproximou dela pelo corredor e a tocou no ombro.

Aquilo a deixou desconfortável pela segunda vez.

— Encontramos uma nova sala para você, achei melhor providenciar isso logo já que você vai precisar de mais espaço devido à procura dos jogadores… — Ele a virou para andar com ele pelo corredor. — Venha, eu vou te mostrar.

✔ A CIÊNCIA DO JOGO - RicharlisonOnde histórias criam vida. Descubra agora