Vinte e um.

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                                  Talibã🚩

Talibã: E como foi as provas? Tudo na tranquilidade? - Trouxe a Sutz pra comer um X-tudo com guaravita aqui nas barraquinhas.

Sei que não é grande coisa, mas odeio clichê. Flor qualquer vagabundo dá, agora meu papo é exclusividade!

Queria levar ela pra umas paradas maneiras, onde ela possa fazer algo que de imediato vá lembrar de mim. Se eu perguntar quantos caras já a convidaram pra jantar, deram algum bem material, a garota pode me citar uma lista.

Agora duvido eu indagar um mano que tenha levado ela pra comer um X-tudo recheado e guaravita trincado. Isso tu pode ter certeza que a mesma não vai saber responder.

Sutz: Tô conseguindo levar. - Mordeu a lateral do seu lanche e sujou o canto da boca com maionese temperada. - Sou igual criança comendo. - Tirou o guardanapo do suporte que estava em cima da mesa e limpou onde tinha lambuzado.

A semana de provas dela passou e nesse meio tempo estamos saindo, nada muito grande. A maioria das vezes viemos para este destino, um lanche com guaravita.

Garota é toda simples, sabe ser menininha e mulher, isso deixa neguinho no chinelo perto dela. A mina não se importava em ir pra lugar caro, muito menos ganhar grife, com tanto que tenha um papo maneiro ela tá presente.

Sutz: Bom... Eu já te contei quase tudo sobre mim. - Fiquei atentamente acompanhando os movimentos que seus lábios faziam ao dizer aquelas palavras. - Será que posso saber pelo menos o teu nome?

Talibã: Pode mermo... - Ficou parada me esperando falar algo enquanto segurava o lanche com as duas mãos. - Flávio. - Ela ergueu o cenho.

Sutz: Não combina nada contigo. - Voltou a comer e deu de ombros. - Na minha cabeça seu nome vai ser Nathan. - Soltei uma gargalhada.

Talibã: Brinca mais do que a própria brincadeira. - Dei a primeira mordida no meu X-tudo. - Mas conta pra mim, qual é dessa sua tia? Tu vive falando, mas até hoje não me contou da onde ela é cria. - A postura da Andryeli sempre mudava quando eu tocava nesse assunto, e isso me deixava totalmente com um pé atrás.

Se eu quero ter ela pra mim, preciso certificar de que não me prejudicaria depois.

Sutz: Ela cresceu na Parada de Lucas. - Eu engoli seco, sentindo o lanche descer por interio.

Talibã: Brabão esse lugar aí. - Bebi meu guaravita e forcei a garganta.

Sutz: Eu só vou pra visitar. - Conhecia um mentiroso de longe, até porque já fui um. Sabia que ela não estava mandando a visão do certo pra mim.

Talibã: Conhece alguém de lá? - A mesma negou. - Vai dizer que nenhum menor nunca te chamou pra sair ou deu um papinho gostoso em tu? - Cruzei os braços. - Toda bonitona pô, sei que os comédias pagam um pau maneiro.

Sutz: Isso já ocorreu, mas nunca rendi moral demais. Naquela época eu estava mais centrada na igreja.

Talibã: E agora não tá? - Ergui apenas uma das sobrancelhas.

Sutz: Eu era uma menina que amava conversar sobre Jesus, me sentia radiante todos os dias e agora... - Fez uma pausa bem dramática. - Me sinto vazia. Talvez você não entenderia, tendo em vista que não crê nessas coisas.

Talibã: Nunca disse que não acreditava nas suas crenças... Eu só tenho opiniões opostas, mas respeito. - Passei a mão no meu reflexo, bagunçando um pouco o cabelo. - Cara, eu tô aqui pra te mandar o papo reto. Tu tá ligada que não estamos saindo apenas para sermos amigos, minha intenção não é essa! - Seus olhos brilhavam e ela não parecia nada surpresa com minha fala.

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