Nove.

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                             Mete Ficha 🤴🏾

Trem Caro: Duvido tu bater dez balãozinhos com a bola, sem deixar ela cair. - Estávamos na quadra e nesse horário de finalzinho de tarde, era de lei a rapaziadinha mais nova vim jogar aqui. Tinha uns que nem tiravam o uniforme, iam com a blusa branca e os caralho.

Olhando pra eles, eu tive breves lembranças do meu passado, de quando eu era um menorzinho cheio de sonhos...

Mas minha realidade atual é outra, e meu passado não passa muito longe do passado do Flávio, já que somos irmãos e fomos criados juntos.

A única coisa que pesa mais em mim é o assassinato do nosso pai, se é que aquilo pode ser chamado de pai. Na época eu me vi tomado pelo ódio, e no meio de uma aposta "vingativa", tive que matar. No começo me culpei, chorei e fui até pro psiquiatra, mas quando cresci entendi que precisava ser assim.

Se eu realmente quisesse alguma paz para mim e pro meu irmão, tinha que fazer aquilo, e assim ocorreu.

Foram sete facadas, sete fatais e certeiras facadas...

Hoje vejo que não valeu tão a pena, já que o castigo foi a morte da minha irmã. Aquela garota era tudo pra mim. No papo reto, era a que eu mais via futuro entre nós três. Ainda não entendo o porquê teve que ser assim, mas entendo que ela tá bem guardada agora.

E por onde quer que eu vá, vou levá-la comigo...

Ávila: Mikaela tava aí ontem te procurando. - A Mikaela é minha ex, mulher pegajosa à vera e até hoje não superou o fato de que não estamos mais juntos.

Mete Ficha: Garota malucona cara, foge muito da lógica. Parece que não entra na cabeça dela que o que tivemos já tá no passado. - Levei minha mão até o suporte do celular, ajeitando ele na cintura.

Talibã: Claro pô, tu vive tendo recaída e ficando com a menina de novo. Se ela ainda alimenta essa esperança, é porque você dá uma corda maneira. - Soltou a fumaça do baseado pro alto enquanto observava a rua.

Nego quer ser emocionado com essa idade toda na lata. Dá não pô.

Mete Ficha: Vou trocar um papo com ela depois. - Ele me olhou de canto e logo desviou sua atenção dali.

Miguel: Pai... - Correu na nossa direção e se sentou no colo do meu irmão.

O Miguel, meu único sobrinho de 11 anos, é fruto da relação do Talibã com uma mulher estrangeira. Contudo, a história por trás disso é longa e complicada para ser contada agora.

HG: Cabelo tá na linha ein. - Passou a mão no disfarçado dele, que depositou um tapa no mesmo.

Miguel: Ficou de cria, não encosta. - Dei risada pelo nariz e o HG levantou as mãos em forma de rendição. - Do que adianta tá no alinhado se não tem nenhuma doida pra dá um carinho? - Os moleques sacanearam.

Trem Caro: Até você nessa vida, menor. - Riu negando com a cabeça. - Casca grossa.

Talibã: Tá na zero bala. - Acaricia a nuca do mano.

Miguel: Posso sair com os moleques? Eles vão descer pra brincar. - Se levantou.

Mete Ficha: Lugar de criança é em casa. - Puxei sua orelha.

Miguel: Eu não sou mais criança não, ô malucão. - Arqueei minhas sobrancelhas.

Ávila: Menor é cria porra, respeita - Gargalha e o Talibã entra na merma onda.

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