Ambição

Quatorze.

                                   Talibã🚩

Dias foram entrando, outros foram saindo e cada vez mais o da minha vingança estava chegando perto. Entre esse período, eu havia trocado uma idéia a mais com a mesma menina que ajudei no dia da briga. Confesso que ela tinha um brilho genuíno, coisa rara, mas também soube que já estava se envolvendo com o mano, e meu lema é um só; mulher de amigo vira homem!

Eu também não tenho interesse de entrar em disputa por algo que não me falta nunca. Meu objetivo é focar na minha gestão, fazer dinheiro e contar malote, o resto eu deixo pra quem tem tempo...

Estava no escadão com o Miguel e vi a Andryeli indo pro trabalho. Desde o dia que ela me procurou para falar do aluguel da casa, nós não conversamos mais, porém eu via a mesma quase sempre, subindo e descendo o morro, seja indo pro trabalho, faculdade ou voltando para casa. O olhar marcante dessa garota era algo que a realçava, tive essa sensação desde o primeiro dia que a vi. Umas deixam o aroma de seu perfume caro, ela não. A Andryeli deixa o olhar vibrante, parecendo uma loba.

Boas bocas dizem que é muito esforçada e as más que ela estragou a vida no antigo relacionamento. Mas isso só quem poderia me contar era ela e eu tava doido para saber, estava disposto a passar minha noite com ela, tocando sua pele macia e seus cabelos enormes. Eu a quero, e quero mais ainda decifrar não só essas coisas, mas tudo o que a mesma me permitisse sentir.

Não sou homem de desistir fácil e muito menos voltar pra casa com as mãos vazias. Eu tenho bastante Ambição correndo pelas minhas veias, nunca foi e nunca será diferente.

Miguel: Tá viajando ein irmão. - Olhei pro lado e ele tava com as mãos apoiadas na cintura, me telando todo desconfiado.

Miguel é fruto de uma antiga relação que eu tive, a primeira e única. Meu passado com a Maryela foi algo totalmente ilusório, não porque eu não a amava, isso eu fiz. Eu amava aquela mulher pra caralho, mas ela foi sacana comigo, agiu como menina e me apunhalou pelas costas. Se hoje eu sou assim, falta de motivos que não é.

Perdi minha mente naquela época, fingia que não mas eu sentia. Dei minha lealdade e a mesma não fez jus a isto, o que resultou em eu ser tomado pela dor.

Não são apenas as mulheres que sofrem de desamores. Não vou ser covarde em dizer que nunca errei, até porque eu tinha os meus problemas, mas nada comparado ao que ela fez comigo.

E talvez a única coisa boa que a Maryela me deixou foi o Miguel. Fora isso, só consigo sentir ódio!

Hoje eu não sou mais ingênuo, pra alguma mulher conseguir me dobrar de malandro é difícil, carrego a maldade do mundo nas costas, me sinto intocável desta forma, e não confio nem na minha sombra.

Talibã: Vai pra casa, cara. Preciso sair agora, vou ir lá na Nh. - Passei a ponta dos dedos no disfarce alinhado dele.

Miguel: Posso jogar bola depois? - Arqueei as sobrancelhas. Maluco era tarado por futebol.

Talibã: Você tá o dia todo na rua, só amanhã. - Fez cara feia. - Tu sabe que esses bagulhos não colam comigo, então nem adianta tentar. Quando você crescer e entender que não é com cara feia que se resolve as paradas, vai me agradecer. - Ele saiu dali resmungando algo e eu mandei dois vapores acompanharem o mesmo até o portão de casa.

Fui pra Nova Holanda resolver algumas coisas e depois dali ia ter que parar em búzios, reunião importante. Estávamos planejando o esquema da próxima missão e eu não queria deixar nenhum problema pra trás.

Gosto sempre de estar ciente do que anda acontecendo, de quem entra e quem sai. Os moleques falaram que tava tendo uma exportação desconhecida, sendo distribuída por Cordovil. O Raro dessa vez foi inteligente, quis agir igual a porra de um rato fugindo do gato. Mas ele esqueceu que da onde ele vem, tem dez na frente.