Talibã🚩
Saí pelo morro pra fumar meu baseado e relaxar a mente.
Trem Caro: Que isso paizão, tá negando um bailezinho com os amigo? - Interrompi meu caminho no escadão e troquei algumas palavras com ele; depois, descemos juntos em direção à praça.
Menor tava tarado para me arrastar pro baile, mas hoje não tô no mesmo pique.
Trem Caro: Ala. - Fixou os olhos em um local e quando eu me virei, observei a prima do HG. - Novinha é bonitinha pô, dá de 10 a 0 em muita nega daqui, mas essa eu deixo pra você, sagaz. Meu foco agora é outro. - O mesmo fez o toque comigo e dispiou.
Eu voltei a olhar pra menina e fiquei por um tempo telando ela de longe.
Parecia pensativa, e isso só me deixava com mais vontade de desvendar tudo o que se passava na linha de raciocínio dela. Porém sei que qualquer tipo de aproximação, quem sairia no prejuízo não seria eu.
Mas como não vivo pra passar vontade, fui até a mesma. Cheguei de cantinho, sem muita afobação pra não assustar a garota.
- Você de novo? - Ergueu os olhos para o alto, esforçando-se para enxugar rapidamente as lágrimas que escorriam por seu rosto. - Achei que tava me evitando ainda. - Não respondi nada, só fiquei parado fumando a minha maconha e encarando ela.
É muito comediante ver a tese de aproximação das pessoas. Simplesmente encontram alguém em um dia e no outro já querem prender esse alguém à elas, como se fossemos obrigados à isto apenas por educação. Depois muitas saem magoadas e não entendem o porquê.
Quanto menos tu se importa, mais em paz você vive!! A minha ideologia de vida sempre foi essa. Às vezes a pessoa só falou contigo por pena e o otário já tá lá, tentando ser mais próximo sem nem saber as coisas ruins e erradas que a mesma carrega.
Maioria das vezes o que não sabemos é que, com apenas uma atitude, eles têm o poder de foder com a nossa cabeça!
Talibã: Ainda não sei o teu nome. - Revirou os olhos, manifestando uma provável frustração diante da minha mudança de direção no assunto.
- Andryeli Sutz. - Sua voz soou um pouco exaurida, parecia que guardava muita coisa dentro de si.
Talibã: Sutz... Sobrenome maneiro pô, diferente dos demais, igual seus olhos. - Concorda e continua palmeando o movimento, como se estivesse tentando fugir de algo. - Não elimina o problema, mas te ajuda a passar por ele de uma forma mais tranquila. - Tentei oferecer a maconha mais uma vez e ela recusou.
Sutz: Já disse que não curto essas coisas... Não mais. - Seus olhos que antes brilhavam, agora estavam caídos. Era foda ver como o esmorecimento estragava tudo.
Talibã: Tô ligado como é... Então quer dizer que tu já fez?
Sutz: Passado obscuro. - Riu da sua própria fala e eu nego. - O negócio é que sou muito cobrada em casa, por isso tô aqui agora.
Talibã: Sai de casa. - Gargalhou como se eu tivesse contado alguma piada super engraçada.
Sutz: Não é tão simples assim. - Sorriu de canto.
Talibã: É como então? - Indaguei e ela ficou em silêncio. - Viu, até tu sabe que tem que ser assim. Se quer sua liberdade, tem que lutar por ela. Não adianta tentar hostilizar contra os seus demônios, porque a vida passa num sopro. Faz o que quiser, você não deve nada a ninguém mesmo.
Sutz: Devo aos meus pais. - Retrucou.
Talibã: E eles também pensam assim? - Discordou. - Então pronto! Tu complica porque quer. A vida é sua, então as decisões também tem que ser. No fundo você sabe o que precisa fazer, só não faz... - Ela não responde nada. - Faz o seguinte... - Puxo um papel do bolso e estendo. - Um amigo vai fazer uma festa privada na casa dele esse final de semana, caso mude de idéia, aparece por lá. - Pega o papel meio receosa. - Só mostrar quando chegar que liberam a sua passagem.
Sutz: Não é uma boa idéia. - Treme os lábios.
Talibã: Sendo boa idéia ou não, a responsa tá contigo. Caso vá, leva alguma amiga, sei lá. - Me levantei. - Fica de boa, isso não vai te fazer ir pro inferno, caso esse seja o seu medo. - Curvei um sorriso fraco no rosto e me afastei, deixando-a perdida em pensamentos.
Consegui penetrar em sua mente, e era exatamente isso que buscava. Quero vê-la desafiando seus limites, sem receio de errar ou decepcionar, afinal, errar é inevitável. A questão é seguir em frente, sem temer quedas ou a sensação de não dar conta de tudo!
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Ambição
FanfictionTrês mundo, três histórias. Andryeli se vê no meio de relações conturbadas e perigosas. Ela, que sempre foi uma jovem devota de suas crenças religiosas e convicta em suas ideias direitistas, é confrontada com sentimentos avassaladores ao se envolver...