De repente, casados! | Namjin

Capítulo 2

Soo Seokjin tirou a capa e atirou-a no balcão da recepção, onde uma jovem entregou-lhe um tíquete, que ele colocou no bolso na calça. Ao entrar no salão, deparou-se com as pessoas mais ricas e famosas de Seul, para o que os colunistas sociais chamariam de "a festa do século". 

Tudo brilhava, desde as toalhas das mesas, até os vestidos elegantíssimos, passando pelas redes prateadas que enfeitavam as colunas do salão. Flores decoravam quase todas as superfícies disponíveis, enquanto garçons uniformizados carregavam bandejas de prata entre a multidão de convidados. Erguendo o olhar, descobriu que o teto estava coberto de luzes brancas minúsculas, criando uma abóbada de estrelas.

Seokjin podia ver que era o único convidado pobre e anônimo. Fazia quatro anos que conhecia Jimin, desde que haviam se encontrado num curso de aquarela no Instituto de Artes, durante a fase em que Seokjin tentava aprimorar seus conhecimentos. Se não fosse por Jimin, provavelmente passaria a virada do milênio com uma caixa de chocolates e um filme romântico, lamentando o fato de não ter ninguém para beijar. Mas ali estava, no meio de uma porção de pessoas ilustres, ricas, bonitas e perfumadas.

Se bem que quem ele queria mesmo ter a seu lado à meia-noite era Jungkook. Se ele decidisse aparecer, é claro. O alfa era seu acompanhante, não oficial, para aquela noite. Concordara em acompanhá-lo à festa, mas no ultimo instante telefonara dizendo que surgira um contratempo no trabalho. Seokjin, então, chamara um táxi e fora para a recepção contando com uma vaga promessa de Jungkook de que ele apareceria antes da meia-noite.

Não que amasse Jungkook ou acreditasse que ele era o alfa da sua vida, mas, em uma festa como aquela, não queria estar sozinho à meia-noite. Ou beijando um estranho qualquer. Seokjin era supersticioso e acreditava que beijar alguém durante a virada do ano significava boa sorte. Então, mesmo que Jungkook não aparecesse, sabia que arrumaria outra pessoa para beijar. Mesmo não gostando desta opção, não pretendia começar o ano com o pé esquerdo.

Seokjin foi até o bufê e serviu-se de alguns canapés. Enquanto comia um salgadinho, viu Kim Namjoon no meio de um grupo de homens vestindo smokings elegantes. Seokjin encontrou um lugar próximo a uma das colunas, e observou Namjoon, sem ser visto. Nunca conhecera alguém tão frio e formal, sempre bem vestido, camisa engomada, nenhum fio de cabelo fora do lugar. Todas as vezes que o via, tinha vontade de despentear-lhe os cabelos, desfazer o nó da gravata e jogar poeira nos sapatos lustrosos. Kim Namjoon era o tipo de homem que precisava de um pouco de confusão em sua vida. Talvez assim começasse a parecer humano.

A única coisa que tinham em comum era Park Jimin. Seokjin sabia que Namjoon não aprovava seu estilo boêmio, nem os seus modos ousados e independentes. Na verdade, o alfa achava o comportamento de Seokjin inapropriado e aproveitava todas as oportunidades possíveis para afastar Jimin dele, o que o fez odiá-lo ainda mais. Que direito ele tinha de decidir quem era ou não bom para o seu amigo?

Apesar dos momentos de raiva, Seokjin também sentia pena de Namjoon. Apesar da aparência atraente, o conteúdo parecia tão insosso quanto mingau amanhecido. Claro que se vestia muito bem e tinha um corpo capaz de deixar qualquer ômega enlouquecido. O rosto era perfeito, com olhos bem desenhados e uma boca sensual, e sua presença era marcante, como a de um verdadeiro alfa lúpus. 

Que ômega não ficaria fascinado por aquele alfa?

Ele! Soo Seokjin.

Embora Namjoon fosse o tipo de alfa que seus pais adorariam ter como genro, íntegro, confiável e milionário, agia como se o mundo lhe pertencesse, apenas porque tinha milhões na conta. E tratava Jimin como mais uma de suas propriedades. 

Seokjin desviou o olhar do alfa e avistou Jimin do outro lado do salão. Ele estava em pé, perto da pista de dança, parecendo um tanto deslocado. Era típico de Namjoon deixá-lo sozinho. O homem era um insensível mesmo!