Capítulo 14

731 144 50
                                    

Namjoon encontrou Seokjin sentado a uma mesa, no pátio do hotel. Folhagens exuberantes e flores perfumadas enfeitavam o lugar. Um trio de guitarristas cantava músicas românticas em espanhol.

O ômega fizera compras e trocara as roupas que ele lhe dera por uma camisa de botão colorida, que possuía os primeiros botões abertos, e uma calça bege com um corte reto, que estava dobrada até metade da panturrilha. Estava descalço e colocara uma flor atrás da orelha. Parecia exótico, e ainda mais sensual.

Parado à sombra das primaveras, Namjoon observou-o, como um homem sedento diante de um oásis. Queria guardar cada traço na memória. Haveria um tempo, no futuro, em que desejaria lembrar-se do olhar feroz quando ele queria brigar, dos lábios cheios curvando-se num sorriso brilhante, dos dedos macios, porém tortinhos.

Tinham ficado separados apenas uma tarde, mas parecia que fora um século. Depois de telefonar para o advogado, em Seul, batera no quarto do ômega, mas não havia ninguém. O recepcionista informara que ele havia saído, e Namjoon passara a tarde andando pelas ruas, tentando encontrá-lo, imaginando onde estaria, e sabendo que não devia se importar.

No dia seguinte voltariam para casa. O advogado providenciaria a papelada do divórcio. Só teriam que assinar, e pronto. É claro que um deles teria que ir ao tribunal, mas o advogado lhe assegurara que podia fazer tudo discretamente.

Tudo que haviam compartilhado nos últimos dias seria apagado, relegado ao passado. Namjoon tentava imaginar um tempo em que Seokjin desapareceria de sua memória, mas não conseguia. Ele o seguiria pelo resto da vida, como a lembrança do que poderia ter sido. Também sabia que nunca mais poderia olhar nos olhos de um ômega sem compará-lo com Seokjin.

Namjoon respirou profundamente o perfume da noite. Queria acreditar que Seokjin se apaixonara por ele de verdade, como cogitara algumas vezes, ou que poderia se apaixonar por ele no futuro, mas era óbvio que isso não era possível. Ele não se encaixava no tipo de alfa que Seokjin gostava. No máximo, poderia agradá-lo fisicamente, ou representar para ele um desejo momentâneo, mas apenas isso. Logo, aquela fagulha de desejo ou princípio de paixão se apagaria e ele ficaria sozinho, com o coração partido.

Na viagem de longas horas até Tijuana, tinha pensado bastante sobre o assunto. Seokjin sempre fora um homem de paixões breves, ninguém parecia suficientemente bom para chama-lhe a atenção por mais do que algumas semanas. O que ele, Namjoon, poderia oferece-lhe de tão bom que o prenderia consigo pelo resto da vida?

Na noite anterior, quando telefonara para o seu motorista em Seul e pedira atualizações sobre como estava a situação em casa, tivera um pouco de esperança ao saber que Jimin terminara o noivado indiretamente pela sua mãe. Era, enfim, um homem livre. Sentiu vontade de voltar ao quarto do ômega e pedi-lhe uma chance. Contudo, ao tentar imaginar Seokjin assumindo o lugar como seu conjugue em Seul, não conseguia vê-lo feliz ao seu lado. Mesmo que fosse um alfa solteiro agora, ele ainda não tinha o que era necessário para ter Seokjin ao seu lado.

Por um breve instante, no escritório de Vasquez, Namjoon imaginou que eles teriam uma chance. Quando o ômega dissera que não queria o divórcio, seus olhos transmitiam tanto pesar e paixão que o alfa cogitou a possibilidade do ômega realmente estar apaixonado por ele. O seu coração havia disparado, feliz diante de tal possibilidade. Mas em seguida Seokjin demonstrara apenas indiferença, confirmando que, fosse o que fosse que ele sentisse, não era algo tão forte que o fizesse querer ficar.

Mas se queria mesmo saber o que Seokjin sentia, por que não ir até lá e revelar-lhe os próprios sentimentos? Embora tivesse lutado para não se envolver, fora impossível. Seokjin era lindo, cativante, e Namjoon perdera o coração para ele num ponto qualquer entre Las Vegas e Tijuana. 

De repente, casados! | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora