Capítulo 12

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Seokjin não sabia ao certo quando tinha adormecido. 

Depois de algum tempo, a paisagem que achara magnífica tornara-se monótona, com as mesmas montanhas cinzentas acompanhando o deserto. De vez em quando, um pequeno povoado ou um punhado de trailers quebravam a monotonia.

Ele fechara os olhos para evitar a poeira, e ao abri-los novamente, a picape percorria ruas estreitas, cheias de turistas e vendedores ambulantes, vendendo chapéus de palha e cobertores coloridos.

Endireitando-se, ele esfregou o pescoço dolorido.

— Chegamos?

Namjoon olhou para ele e sorriu.

— Dormiu um bocado. Devia estar cansado.

— Acho que estava. E você?

— Não vejo a hora de estacionar esta picape — disse Namjoon, dando de ombros. — O pessoal por aqui dirige como louco.

A celebração do milênio em Tijuana não dava sinais de que iria acabar. Embora fosse uma terça-feira à tarde, turistas e moradores da cidade misturavam-se, cantando e dançando. Como Las Vegas, a cidade tinha um ar de festa. A mistura do consumismo americano com o charme do México davam a Tijuana uma atmosfera exótica.

— Sabe para onde estamos indo?

Ele espiou pela janela e virou na curva, parando em frente a um pequeno hotel.

— É aqui. Hotel Florência. O guarda na fronteira o indicou.

Seokjin olhou para o hotel, um prédio simples de tijolos, pintado num tom suave de pêssego. Varandas com grades de ferro trabalhado cercavam as janelas do segundo e terceiro andar, e flores enfeitavam os vasos junto à entrada.

— Acho que vamos ficar mais uma noite — disse Seokjin.

— Sim. Duvido que consigamos nos divorciar a essa hora — retrucou Namjoon. Ele saltou da picape, pegou as sacolas e deu a volta para abrir a porta de Seokjin. Os joelhos dele fraquejaram ao descer, pelas várias horas sentado, então Namjoon segurou-o pela cintura, para ajudá-lo.

A aparência externa simples não correspondia ao interior, aconchegante e bem decorado. Embora fosse um hotel antigo, era limpo e conservado. O recepcionista imediatamente veio ajudá-los com a bagagem, e logo providenciou um quarto.

Enquanto os acompanhava, Seokjin observou que o hotel fora construído à volta de um jardim adorável, cheio de plantas e flores. O barulho da rua parecia desaparecer, e Seokjin viu um passarinho que cantava, empoleirado numa das árvores.

— É lindo — murmurou.

O recepcionista explicou que o hotel servia jantar aos hóspedes das sete às nove horas, e o café da manhã também estava incluído. Ele os conduziu por uma escada externa, de ferro trabalhado, que levava ao segundo andar.

Como o resto do hotel, o quarto deles também era decorado com simplicidade. Seokjin colocou as sacolas sobre a cama e espiou o banheiro, pequeno, mas impecável. Ao virar-se, percebeu que Namjoon o observava da porta.

— É bonito — disse ele.

— Também ganhei algum dinheiro ontem à noite, além da picape — disse ele. — Podemos gastá-lo para comemorar nossa última noite de casados.

Seokjin sentiu o coração apertar-se ao perceber que não haveria mais noites com Namjoon.

— E o dinheiro do divórcio?

— Vou sair e vender meu relógio.

O ômega olhou para a mão e tirou o anel, entregando-o a Namjoon.

De repente, casados! | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora