De repente, casados! | Namjin

Capítulo 9

Pela manhã, o quarto foi levemente iluminado pelos raios de sol que conseguiam escapar da velha cortina amarela. Ainda na beirada da cama, Namjoon esticou os braços, tentando não ceder ao sono que começava a embalá-lo.

A noite, em si, foi um pouco turbulenta para o alfa. Nunca tinha tido tanto tempo livre sozinho com os próprios pensamentos, mas considerava que aquele momento fora até necessário para que ele pudesse pensar em sua atual situação.

Não amava Jimin. Sabia disso. Sempre soube. E suspeitava que o ômega soubesse disso também, já que Namjoon tinha completa noção de que não era amado por ele também. Os dois combinavam bastante, havia cumplicidade entre eles, mas apenas isso. Nada de paixão, muito menos amor.

Quando pensava no casamento deles, não conseguia ver muito além do que os dois vivendo uma vida monótona, sem cor. Conquistaria o apoio do pai para assumir a presidência das empresas Kim, mas a que custo? Nem ele e nem Jimin seriam realmente felizes, e, apesar de Namjoon estar conformado com tal destino, não poderia obrigar Jimin a viver o mesmo que ele.

Se, após voltar à Coreia, Jimin ainda o quisesse, precisariam ter uma longa conversa, colocando todas as cartas na mesa. Sem meias palavras ou promessas vazias, necessitavam ser francos um com o outro, falando o que realmente desejam com aquela união.

No entanto, enquanto formulava o seu plano e pensava no que diria ao noivo, uma dúvida, que ele tanto tentava suprimir, sempre voltava a sua mente: gostaria ele de casar com alguém que não amava apenas para agradar aos pais? Quando faria algo pensando em si mesmo?

Apesar de dizer para si que estava conformado com a vida que os pais desenharam para ele, quanto mais tempo passava longe da influência dos mais velhos, mais livre se sentia de suas amarras, e mais sede por viver possuía. 

Olhando de relance para Seokjin, que ainda dormia tranquilamente, sentiu uma pontada de inveja pela liberdade que o ômega conquistara em sua vida. Fugira dos pais controladores e construíra o próprio futuro na capital, sozinho. Seria Namjoon capaz de fazer algo assim? De se desviar do caminho planejado?

Mesmo com o desejo repentino de ser livre, o alfa tinha medo. Medo não só de decepcionar os progenitores, mas de arcar com as consequências das próprias escolhas. Na única vez que agira por impulso, fugira do noivado de modo covarde e terminara nos Estados Unidos, com uma grande confusão para resolver e sem dinheiro. Seria capaz de descobrir o que realmente queria sem estragar toda a sua vida?

— Bom dia, Namu. — uma voz sonolenta se fez presente, chamando a sua atenção. Ao olhar para o ômega, notou os olhos inchadinhos e brilhantes o fitando. Como ele conseguia ser bonito até acordando? 

— Bom dia.

— Ficou realmente acordado a noite toda?

Em vez de respondê-lo, o alfa apenas elevou o canto da boca, sorrindo torto. Estava começando a sentir os efeitos da noite não dormida, e o ômega logo percebeu.

— O lado bom é que nada aconteceu. Ninguém tentou entrar ou forçar a porta. — comentou e depois levantou da cama. — Já passa das sete da manhã. Gostaria de ir comer alguma coisa?

— Você deveria descansar. — Seokjin sentou na cama e observou o alfa, próximo a porta, calçando os próprios sapatos. — Posso ficar acordado agora. Ficarei de olho.

— Eu estou bem. Depois que tomarmos café, ficarei ainda melhor. — o alfa deu um sorriso acolhedor e depois se aproximou da cama. — Temos um longo dia pela frente, é melhor nos apressarmos.

— Não, Namjoon. Você não é feito de aço, precisa descansar. Como revezaremos o volante assim? Não irei dirigir sozinho durante todo o caminho e muito menos entrarei em um carro com você no volante assim.