A banalidade da morte

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Por diversas vezes, Niao encontraria sua morte nas mãos de outros mortais a serviço de deuses inimigos, e seu renascimento jamais se daria da forma como para ela fora descrito pelos servos de Yeenoghu acontecer com os mortais.

Um sentimento de fadiga começaria a surgir em seu âmago, junto com uma pergunta: "será que as guerras do Lorde Yeenoghu nunca vão acabar?". A cada nova morte e retorno à vida, a resposta "não" parecia a mais realista, e outras perguntas começavam a se formar: "o que eu estou fazendo aqui?", "a minha presença faz diferença?", "o que eu quero, afinal de contas?".

Não eram questionamentos que deveriam, ou sequer mereciam, ser pensados; que mereciam qualquer atenção, ou ser expostos ao mundo. Niao saberia que estava errada só por tê-los, e que a mera existência deles em sua cabeça poderia configurar-se em traição.

Jamais poderia contar a Amaterasu ou Zaiden sobre eles; mas Amaterasu era esperta, conhecia sua mente como ninguém, como se compartilhassem do mesmo espaço mental. Era o segredo aberto das gêmeas: "ela sabe", Niao teve consciência desde a primeira vez que uma dessas reflexões intrusivas surgiu.

Amaterasu nunca a entregou, no entanto, e embora já não tivesse mais tanta certeza do que estava fazendo, Niao continuaria a cumprir seu papel, seguir suas missões, completá-las com perfeição.

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