Uma mulher alta, de volumosos cabelos negros e olhos rubros surge ao horizonte. Em sua cintura, ela carrega uma longa odachi de lâmina escarlate numa bainha negra de aparência pesada e uma máscara branca-e-vermelha do que parece vagamente com algum...
"Eu sou uma kalashtar do Clã do Espírito Dourado, e a nossa viagem não tem um objetivo tão vago e genérico quanto parece", admite Vanaris.
"Que tipo de espírito você tem?"
"O tipo depende da sua linhagem..." Vanaris lança um olhar significativo às costas de um distraído Varis, rindo, meio bêbado, no balcão da taverna, junto de Khulad e algumas garotas locais que parecem querer "agradecê-los" por terem limpado as catacumbas do templo de alguns undeads. "Os Silverye são sacerdotes-guerreiros. Somos responsáveis por ritos fúnebres e por guardar as tradições de guerra do clã. Somos vistos como a última linha de defesa", Niao sente orgulho na voz dela conforme Vanaris conta isso, "polidos como matadores de monstros desde o nascimento."
"Mas você faz o que faz, por querer ou por obrigação?"
"Eu... quero, mas não exatamente assim... e nossa viagem já está chegando ao fim. Era o que eu precisava falar com você."
"Hm. Hora de retornar ao clã?"
"É... Khulad e Varis acham que eu estou pronta para... bom, o próximo passo."
"Eu estarei lá com você."
Por trás do sorriso alegre de Vanaris, Niao notou tristeza em seu olhar.
Nas semanas seguintes, Khulad e Varis começariam a dizer coisas, Niao logo entenderia, que pareciam sutilmente tentar passar a mensagem de que estava na hora de ela se separar do grupo. Apenas ouviu sem responder as primeiras vezes, até que um dia, após muito pensar e uma longa conversa aos sussurros com Vanaris na noite anterior, ela decidiu abrir o jogo.
"Eu já sei sobre o clã de vocês e o tal ritual de iniciação que Vanaris está fazendo, e não vou a lugar algum."
Divertiu-se com as expressões de choque no rosto dos dois rapazes.
"Você contou a ela?!"
"Vanaris, não! Você sabe que..."
"Sei, parem de me encher o saco", ela retrucou, antes que Varis pudesse completar. "Eu já fiz a minha decisão."
"Pois é caras, vocês andam chatos pra caralho", alfinetou Niao, com um meio-sorriso de provocação.
Khulad tentou puxar Vanaris para mais uma das "reuniões super secretas de clã", coisa que costumava tentar fazer sem Niao notar, dessa vez na cara dela, mas a mais nova se recusou.
"Eu sei das nossas tradições, sei de tudo o que você tem a dizer, mas eu fiz minha escolha. Eu quero a Niao na minha vida e, se é assim que eu escolhi, ela deve acabar sendo incluída nos segredos do clã, mais cedo ou mais tarde, já que..." Vanaris fez uma curta pausa, diante dos olhares incrédulos de seus primos, "futuramente, ela também será parte dele."
Foi bom ouvir aquelas palavras. Quanto mais compartilhava seu tempo com aqueles três, especialmente Vanaris, mais ela sentia que conseguia compreender os desejos e a felicidade dos mortais. No entanto, ainda havia um lado negativo: ela ainda não contara toda a sua história a ela.
Talvez, Varis e Khulad também merecessem ouvi-la.
Ouvindo as palavras de sua prima mais jovem, Khulad suspirou, resignado, enquanto Varis estapeou a própria cara e saiu andando em direção à floresta, resmungando consigo mesmo. Khulad fixou o olhar nas costas do primo, em silêncio, até que ele desapareceu entre as árvores.
"Tudo bem. Você não é a primeira a viver algo assim na jornada dos..." ele pausou por um momento, desviando os olhos para encarar Niao, "dos White Skull. Mas haverá um processo para isso", ele tornou a encarar a prima, "e ainda precisaremos da bênção dos alto-sacerdotes e da Kalavrea."
Vanaris sorriu e concordou alegremente com a cabeça. Vê-la sorrir fez Niao também querer sorrir.
Naquela noite, finalmente seria iniciada a viagem de volta a um dos acampamentos do clã.
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