Aspecto do corvo

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"O que você pensa que está fazen- Guardas!"

E antes que os homens armados do mercador tivessem a chance de invadir a sala, a mão livre de Niao já alcançava sua máscara de hiena, posicionava-a sobre o rosto, e sua voz rascante, nem um pouco divertida, sussurrava:

"Eu não faria isso se fosse você."

A sua lâmina rubra se pressionara um pouco mais contra a pele do homem, quase tirando uma gotícula de sangue através da pele, enquanto três homens em armaduras invadiam o recinto ao mesmo tempo que a enorme ilusão de uma hiena humanoide com o corpo coberto em correntes, armadura de couro e um grande malho de três cabeças surgia no centro da sala, às costas de Niao; mas então, em vez do terrível grito de guerra de sempre, seguido de um golpe com seu malho que nunca atingiria o seu alvo, a forma demoníaca de seu antigo mestre se desfizera em dezenas de corvos negros, que espalharam-se pela sala sob uma sinfonia de crocitares sombrios, atropelando os guardas em seu caminho para fora da sala numa nefasta revoada com o aroma pútrido de undeads.

Conquering Presence...?

Uma das muitas habilidades que herdara de seu criador, que faria os três guardas e o mercador se jogarem de joelhos ao chão, lágrimas escorrendo profusamente pelos olhos, implorando por misericórdia, mesmo após a imagem de Yeenoghu já ter se desfeito.

"Pague o que deve se não quiser descobrir os limites da sua intocabilidade. Já passei da época que fazia favores aos outros."

Que estranho. Já usara as bênçãos de Yeenoghu muitas vezes, mas nunca em benefício próprio. Mais estranho ainda fora como sua Conquering Presence manifestara-se. Nunca antes a forma sombria de Yeenoghu desfizera-se em pássaros negros dessa forma.

Aquele corvo que a observava pela janela ainda estava ali. Como se pudesse ver através da sua alma, Niao sentia que ele estava sorrindo.

"Dreadful Aspect", ela ouviria em sua mente, aquela mesma voz que queimara suas correntes há tantos meses e então, ficara em silêncio. Niao ouvia um quê de vitória em sua voz abstrata, mas não pôde focar muito tempo nela.

O mercador, jogado ao chão, implorando desesperadamente por misericórdia, já esvaziava sua bolsa, entregava suas joias e até mesmo o anel que pedira, suplicando por clemência, que o deixassem em paz.

Satisfeita, Niao tomaria os tesouros que já deveriam ter sido dela e deixaria a sala, chamando seus novos companheiros para junto dela.

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