Desastre

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— Assassina!

— Não sou!

— Sua individualidade matou a sua mãe!

— Não! Foi um acidente!

A cena em minha frente era um sonho, uma lembrança, como uma expectadora vi o parque que tinha perto da casa em que morei. O mesmo que eu saia para brincar com meus pais quando criança. Porém dessa vez, sozinha, a pequena eu de 10 anos estava cercada por um grupo de garotos e garotas que apontavam o dedo e acusavam.

Mesmo que não fosse baixa para a minha idade, entre o pequeno grupo e com ombros arqueados, parecia pequena. O rosto vermelho, olhos arregalados e brilhantes e as mãos fechadas em punhos. Não tinha adultos por perto e aqueles próximos, não estavam preocupados.

Uma ciranda começou a se formar enquanto as crianças faziam cantigas sobre monstros. O aperto em meu peito ficou mais intenso, porém nada podia fazer. Era só uma consciência assistindo uma cena deplorável, completamente incapaz.

Foi então que um grito chamou a atenção de todos, um garoto de cabelos brancos com pontas vermelhas correu até o centro empurrando o líder das crianças para longe.

— Pare com isso!

— Touya!

Chamas surgiram em suas mãos enquanto o restante das crianças correram, as mães que antes não estavam tão preocupadas se tornaram conscientes e puxaram suas crianças para longe do perigo eminente. Em poucos segundos o pequeno espaço estava vazio apenas comigo e meu amigo parados no centro.

Um soluço baixo e de repente o ar parou de entrar em meus pulmões, de boca aberta tentava puxar o oxigênio que não vinha. Lágrimas rolaram de meus olhos, a mão se ergueu até a garganta como se fosse ajudar em alguma coisa, era uma crise. Depois que minha mãe morreu, até alguns anos depois, tive episódios como esse.

Poucas pessoas sabiam lidar com essa situação, Touya era uma delas, ele ergueu a mão até minha orelha e esfregou o polegar numa massagem.

— Me escute [Nome], respire.

A pressão no ouvido me ajudou a acalmar, a pele quente era reconfortante. Quando consegui respirar normalmente, o garoto deu uma passo para trás se afastando.

— Fala sério, você é forte porque não acertou eles? — ele levantou as mãos em punho na frente do corpo fazendo um movimento de soco.

Silêncio, não respondi, apenas o olhei.

Touya suspirou alto e pegou minha mão antes de me puxar para sair dali — Vamos treinar, não consigo te salvar sempre, precisa aprender a ignorar essas bobagens quando eu estiver longe.


Abri os olhos rapidamente, sentada no sofá da recepção, acabei cochilando embaixo de uma janela e revivendo em sonho uma lembrança distante. Após gastar minha energia ajudando os alunos durante o dia, Aizawa disse para eu descansar ao fim da tarde. Já que minha ajuda seria necessária durante o período noturno. Ao final do cochilo consegui carregar minha individualidade em apenas seis horas, não foi um dia de sol muito quente.

Me curvei para a frente apoiando os cotovelos no joelho apenas para esfregar o rosto enquanto embrenhava os dedos nos cabelos. Não metaforicamente minha orelha estava quente, apesar das crises não acontecerem há muito tempo a mania permaneceu, como um gesto calmante.

Respirei fundo pelo nariz e soltei pela boca antes de tomar impulso para levantar e seguir para o lado de fora. Olhei para o relógio durante o caminho, os alunos deviam estar retornando para o prédio para prepararem seu jantar.

Litō - (Dabi x [Nome] x Hawks)Onde histórias criam vida. Descubra agora