Silêncio

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— Foi só um acidente de trânsito.

Olhei ao redor da sala procurando, perdendo algum tempo inspecionando a janela e as entradas do hospital. Durante a noite mesmo, consegui permissão do diretor para sair seguindo diretamente para encontrar com meu pai.

— Foi um péssimo momento para isso acontecer — respondi ainda incomodada em como as coisas continuam progredindo. Uma em sequência da outra.

Segundo a investigação preliminar, nada havia de estranho. Realmente foi apenas um motorista que acabou cochilando durante a volta e bateu no táxi que levava meu pai de volta para o apartamento. O rapaz que fazia o serviço de transporte ainda acabou ficando ainda mais machucado que o meu velho.

Chega a ser perturbador como cada pequena coisa que acontece a minha volta me faz pensar ser uma ação da liga dos vilões. Me sentei na cadeira ao lado da cama, meu pai tinha um curativo na cabeça, nada muito sério, o que o preocupava mais foram os cortes feitos em seu rosto pelos pedaços de vidro que voaram depois da batida.

Depois de alguns exames para verificar que não havia nenhum ferimento mais sério ele seria liberado.

Me sentei na cadeira do acompanhante abaixando a cabeça e pressionando a nuca com ambas as mãos, respirando fundo e suspirando. Estava no limite da minha ansiedade.

— [Nome], posso não ser um herói, mas ainda sou seu pai. Sabe que pode falar comigo quando precisar.

— Só estou preocupada, sempre está rodeado de heróis, inclusive na família. Não é tão desconhecido assim, acaba sendo um alvo mais fácil de se encontrar do que outros.

Meu pai deitou a cabeça no travesseiro fechando os olhos — Desculpe por te deixar preocupada.

— Não é sua culpa dessa vez — afirmei —, um acidente é um acidente. Só... Fique atento aos arredores e evite sair em horários como esses. Só de fazer isso já ficarei mais calma.

— Farei isso.

Nesse instante o médico responsável entrou na sala, os especialistas viriam pela manhã para fazer os exames na cabeça e garantir que a batida foi superficial. Ao menos mais um dia meu pai precisaria ficar em observação, por esse motivo seria necessário que ele tivesse alguns itens de higiene pessoal.

Não sabia como seria o dia seguinte, se Nighteye precisaria de mim ou não, então resolvi buscar naquela mesma madrugada o que fosse necessário para sua estádia os deixando no hospital pela manhã antes de voltar para a escola. Como a polícia estava olhando o acidente, e também no causador dele, quando pedi uma carona um dos oficiais se ofereceu para me ajudar.

Em pouco mais de meia hora já estava de volta ao apartamento pegando uma bolsa e separando algumas roupas. Por precaução conferi o registro de entradas, e ninguém fora eu ou meu pai esteve ali nas últimas semanas.

Foi quando escutei alguma coisa se movendo na casa, imediatamente minhas mãos soltaram as peças de tecido. Formigamento tomou minhas costas e em seguida energia se fez presente em meus dedos. Puxei a flecha de sol entre o indicador e o polegar e mirei em direção à porta, procurando da de onde veio o som.

Silêncio e sombras, não havia mais nada.

Com passos leves andei pelo apartamento, para descobrir que o que havia caído no chão fora a minha bolsa.

— Devo estar ficando louca — levantei a mão para os cabelos os puxando de leve. Agachei para reunir os pertences que se espalharam e quando peguei o celular mais uma chamada inesperada.

Litō - (Dabi x [Nome] x Hawks)Onde histórias criam vida. Descubra agora