[T] Falha no Sistema

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— Que parte do repouso você não entendeu? — disse assim que entrei no quarto após passar o dia na U.A.

— Estou em repouso — respondeu indicando o corpo estirado. — O que não significa que estou apenas deitado fazendo nada.

Apesar das bandagens envoltas em todo seu corpo, Touya estava rodeado por papéis, alguns deles tinham fotos presas juntas e outros eram apenas um amontoado de escritos. O laptop estava ao seu lado aberto em algum tipo de documento. Me levando a crer que ele estava trabalhando um dos seus casos.

Deixei a bolsa do lado, e me aproximei. Os dedos acariciaram seus cabelos de leve e um beijo foi deixado em sua testa, uma vez que parte do rosto ainda estava se recuperando das queimaduras. A cada momento, ele estava mais parecido com o Dabi que conheci, apesar das feridas não serem tão graves quanto o de verdade. Lembranças da vida real iam e vinham se sobrepondo, os gestos comuns passaram então a ser pensados para não causar estranhezas. Aquele com que eu me casei é um investigador, não posso dar brechas. Enquanto planejando meus movimento, o cartão de Hawks estava guardado no fundo da minha bolsa apenas aguardando o momento certo.

— A recuperação está lenta — virei seu rosto de leve. — Sua pele deve ter ficado mais sensível do que já era. Dói?

— Não mais do que deveria.

Escutei batidas na porta, e em seguida depois da permissão em voz alta. Minha mãe entrou, ela tinha um sorriso no rosto e vestia um avental cor de menta. Devagar ela abriu a porta.

— Vocês devem estar cansados, mas preciso saber. O que acham de frango para o jantar?

— Parece ótimo — Touya respondeu.

— Então é isso — a mais velha fechou as mãos em punho e então se foi também com um aceno. Me afastei de Touya e fui para o banheiro, conseguindo alguns momentos sozinha com meus pensamentos. Hawks com certeza tinha alguma relação com o acidente, num paralelo considerando tudo que estava acontecendo, podia pensar que o mesmo aconteceu na realidade. Se esse for o caso, quem estava machucado era o herói das asas ferozes.

Quanto mais fixa fica a ideia de que tudo isso é um sonho, ou uma ilusão, mais fácil é de interpretar as repetições baseado nas coisas que eu já vivi. Minha mãe é um reflexo do que eu me lembro de quando era criança, sempre feliz, sempre doce, sempre cozinhando. Mais se assemelhava a um personagem de videogame que tem escrito em sua programação comandos para cuidar da casa.

Os dias também estavam monótonos, me fazendo pensar que nos dias em que nenhuma informação era recebida pelo meu corpo de verdade, o que acontecia era uma mera repetição de eventos.

Levantei ambas mãos para o pescoço, pressionando as laterais. Decidida a falar com Keigo Takami a qualquer custo.

Saí do banheiro com a toalha envolta no pescoço e sentei na beirada da cama levantando a perna para colocar um par de meias, nisso reparei num dos papéis que estavam por ali.

— Papeis de adoção? — perguntei em voz alta. Virando o corpo para Touya em seguida com um tom inquisitivo — O que é isso?

Seus olhos se abriram, e surpresa lavou sua expressão. O homem tentou se esticar para pegar a folha da minha mão, mas os ferimentos o impediram de fazer qualquer movimento brusco.

— Droga — reclamou com um sibilo de dor. Voltando a se mover lentamente. — Não era para isso aparecer agora.

— Se importa em explicar? — aparentemente não fora preenchido ainda, mas era genuinamente um documento de adoção.

Litō - (Dabi x [Nome] x Hawks)Onde histórias criam vida. Descubra agora