Aqui sentada, em frente o parapeito do batente da porta onde passei minha infância, respiro fundo e me lembro de meus pais minutos antes de morrer.
"Mamãe, vocês realmente tem que ir?"
"Ella, querida, você sabe que eu e seu pai temos que pegar essa negociação, serão somente 2 dias meu amor."
"Se comporte querida"
papai diz antes de dar a primeira partida.
"Nunca se esqueça Ella, nós te amamos"
Mamãe pega em meu rosto, se abaixa colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e selando com um beijo na testa.
Eu a abraço, com toda minha força, antes que ela entre no carro, e eu nunca mais a vejo.
Me levanto, passo pela enorme porta de madeira do orfanato, passei exatos 12 anos nesse lugar, depois do acidente dos meus pais.Hoje, dia 21/03 eu faço 18 anos, hoje eu saio do orfanato, não que eu não goste daqui, é claro que eu tenho um certo apego, já que foram 12 anos nesse lugar, com essas pessoas, mas isso não me impede de querer sair da cidade, começar uma vida nova.
Sem preocupações ou nada para se lembrar do que aconteceu no passado, apesar de anos do que aconteceu eu ainda me lembro de receber a notícia.
Principalmente do dia em que eu fui levada da casa da minha avó, depois de sua morte e enfim aos 6 anos de idade eu fui parar aqui.Subo as escadas e entro no meu quarto, pego as malas já prontas no chão, ao lado do pé da cama, olho ao redor e suspiro.
_ Pronta pra ir garota?
Me viro para trás e vejo Liliane a mulher que cuida das crianças.
_ Sim, estou sim
_ Vou sentir sua falta pequena, minha pequena.
Ela diz enquanto me puxa para um abraço, e quando sinto as lágrimas descendo pelo meu ombro, a abraço mais forte ainda, como se eu consolasse ela com isso.
Ela me beija na bochecha e limpa o rosto enquanto descemos as escadas novamente.
_ Tem certeza que quer ir à essa hora?
_ Não se preocupe, eu vou ficar bem.
Sorrio para ela, e a abraço de novo.Não vou me despedir novamente, não para outras pessoas, despedidas me fazem chorar, e prometi a mim mesma de que eu não iria mais chorar, e é isso que vou fazer.
Saio do orfanato, esperando o táxi para o aeroporto, e enquanto me sento na calçada com o fone de ouvido ligado, me vêm a mente, momentos tão aleatórios e incríveis.
"Ei garoto, não liga para o que eles fazem"
"Eu não ligo" ele diz " mas eles estão mexendo com o meu irmão, e se eles estão mexendo com ele, também estão mexendo comigo"
Eu estico o braço em sua direção.
"Ella" me apresento
ele estica a mão, e quando vai dizer seu nome um barulho de carro se aproxima.
E eu levanto, abano a poeira e entro no carro, esperando ansiosamente para sair dali, o mais rápido possível.Espero o motorista mas quando olho ao lado de fora, não o vejo.
Percorro meu olhar para fora do carro, mas não vejo nenhum sinal, apenas as minhas malas, ainda no chão.Abro a porta do carro, e saio, e então tudo fica escuro e o que posso ouvir são sussurros...
_ Xiiiii vá dormir...(...)
Sinto cheiro de sangue, tem algo nas minhas pernas, meu corpo dói assim como minha cabeça, tento abrir os olhos, , tudo escuro.
Tento novamento, está embaçado, pisco diversas vezes até conseguir ao menos ver claramente oque está nas minhas pernas.Me sento no que quer que fosse, uma cama talvez?
Olho para os lados, e não reconheço o local, meu estômago embrulha com enorme cheiro de sangue vindo de algum lugar aqui.Passo a mão nos cabelos, e vejo uma mancha, chego mais perto para que eu possa enxergar.
_ sangue? Esse sangue é meu?O desespero me invade, olho para meus tornozelos e vejo algo de ferro, que está preso a mim, sigo a corrente com os olhos e vejo que dá até a parede completamente branca, manchada apenas por algum líquido vermelho.
Tento me soltar, e evito fazer barulho, ou deixar o pânico me tomar, se era mesmo o que eu estava pensando
_ fica calma, por favor, se acalma
Eu dizia a mim mesma, tentando manter a respiração sob controle._ Finalmente, olha só quem acordou.
Congelo, engulo em seco, enquanto me viro lentamente, até ver um homem, parado, de moletom branco, a voz rouca e extremamente atraente ao mesmo tempo.
O moletom está encharcado do que parece ser sangue, seus braços estão cruzados e ele está escorado no batente daquela porta, a calça moletom cinza larga, e os pés descalços no chão, cruzados.
Meu corpo se resetou, puxei os joelhos para mim, enquanto engolia a saliva com os olhos marejados e em completo silêncio.
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A mulher de Jeff The Killer
Romance"O silêncio naquele sótão me fez refletir e imaginar inúmeras formas de escapar, mas eu não queria, eu não podia, era isso, eu estava apaixonada por um assassino psicopata" Ella Méndez, uma garota órfã que não tem ninguém, uma garota que desde nova...