Jeff

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Quando saio e fecho a porta, me encosto ali, tentando manter o controle.
  Não posso sair daqui por esses dias, já que a estrada está bastante movimentada por policiais.
  Depois que o caminhão bateu e explodiu.

Preciso controlar a minha vontade de matar, não que eu me importe, mas preciso controlar por ela.

Subo as escadas e me sento no sofá de couro, quando eu cheguei nessa casa, já tinha tudo.
Inclusive até pessoas, mas elas estão onde deveriam estar.
Mortas, e enterradas.

Era uma família, uma mãe, e um pai com duas crianças.

E eu não ligo, já que eu pedi com educação para que saíssem, mas eles não ouviram, então eu os matei.

Mas não eram uma família perfeita, não.
A mulher traía o marido.
O marido batia na mulher.
E os filhos matavam animais de estimação, então eu fiz bem para mim, e para o mundo.

Quando olho ao redor e vejo que a casa não está tão bagunçada, mas eu preciso me aproximar mais da Ella, ela precisa se lembrar de mim, e de todos os nossos bons momentos juntos.
Por mais que eu não seja mais quem eu era, por mais que as coisas tenham mudado.

Eu sei que algo não mudou, eu ainda sou completamente apaixonado por ela.
E eu não ter conseguido matar ela a anos atrás, e agora com ela no meu porão, me faz perceber que eu ainda sinto algo forte por ela, algo que eu não sentia com mais ninguém.

Me levanto do sofá e vou para a geladeira, e  me preparo para cozinhar.

Quando termino, faço dois pratos um para mim, e outro para Ella.

Desço as escadas e abro a porta, e a vejo deitada, dormindo, tão calma e incrivelmente linda, apesar de ter perdido peso, ela continua linda pra caralho.

Quando olho para seu rosto, me lembro de quando éramos pequenos, e ela era quem sempre me ajudava com meus problemas, sempre que algo me incomodava ela que me defendia, mas naquele dia, em que eles atearam fogo em mim, destruíram minha sanidade completamente, eu já não era o mesmo, eu os matei, um por um.
E como se não bastasse, acabei com a vida dos meus pais, do meu irmão, e dos pais da garota do outro lado da rua.

E eu não me arrependo, foi incrível a sensação, foi maravilhoso ver todo aquele sangue, ouvir todos aqueles gritos.

E a imagem dela me invade novamente.

"Lobinho"
"Sim, coelhinha?"
Eu me perco em seus olhos, é como se tudo que me faz bem fique em um só lugar, no brilho de seus lindos olhos verdes.
"Você realmente acha que se a gente vir morar aqui, vamos ser felizes?"
Olho para a cabana.
"Bom, eu acho que é possível sim"
Ela pega em minha mão.
"Ótimo, agora, vamos tacar pedras em algumas casas, vem"

Sorrio com a lembrança, faz alguns anos e mesmo assim, ainda é como se fosse ontem.

Coloco o prato no chão, ao lado da cama dela, a vejo sem as correntes, obviamente.
Mas eu não vou pôr, não.
Eu quero que ela tente fugir novamente, quero ver até onde ela é capaz.

Vou começar com os jogos, as brincadeiras, gosto de testar os limites dela, ver o quanto eu consigo tirar a paciência dela.

_Vamos acordar, já está na hora, coelhinha.

Ela se mexe, e espero que acorde, mas ela simplismente se vira para o outro lado.

Sinto a minha paciência se esgotando.

Bato na parede, e ela acorda.

Sem me dizer nada, ela olha para o prato e olha para mim, como se quisesse saber se pode ou não pegar o prato.

A mulher de Jeff The KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora