oito

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Me deito no colchão, e espero.
Já faz um bom tempo que esse maníaco de merda está fazendo essa mulher gritar.
Ouço passos na escada, não é ele, os passos são mais leves, a corrente faz barulho e a porta é aberta.
_Que situação não é?

_Quem é você?

_Alguém melhor do que você.

A filha da puta quer me humilhar?
_Se for puta te torna melhor do que eu, então eu prefiro ser assim mesmo.
Dou um pequeno sorriso.

_Eu se fosse você media as palavras comigo, sou eu que dou para ele.

Foda-se?
_Grande bosta, como se só por abrir as pernas para ele te desse algum direito sobre mim.

_Garota, eu acabo com a sua raça em pouco tempo.

Já não basta estar presa nesse inferno tenho que ouvir isso.
_Ele te mandou aqui? Ou você veio porque se sentiu ameaçada?

Ela fica em silêncio, e eu ouço ele descendo as escadas.

_Que porra você acha que está fazendo aqui?

_Desculpe meu amor, eu fiquei curiosa...

_Some da minha frente, antes que eu acabe com a sua vida e dê sua carne para os porcos comerem.

Solto um pequeno riso, mas logo depois me xingo mentalmente por estar desejando mal a uma pessoa.
E engulo em seco quando seu olhar se encontra ao meu.

A garota saí, me deixando sozinha com ele.

Merda, podia ter matado ele quando tive chance.

_Já venho para termos uma conversa.

Ele abaixa a cabeça e olha em meu tornozelo, sem a corrente.
E saí, deixando a porta aberta, como se não ligasse, como se só por ele ter falado eu não iria tentar fugir e salvar a minha vida.

Eu não fui, não tentei novamente e nem quis tentar hoje, não sei o quão bravo ele está, e em como pode descontar em mim.

Respiro fundo pensando que eu devia controlar a minha língua e o meu temperamento.

Estou com fome e com sede, e tenho que implorar por tudo isso, quando me vêm uma oportunidade de fugir eu não consigo, eu fracasso.

_Veremos o que eu farei com você...

_Não pode me trancar aqui, me ameaçar, não me dar comida e nem água direito e esperar que eu continue aqui.
Digo como se fosse a coisa mais óbvia que tem, eu com toda a certeza estou pedindo para ficar sem alguns dentes...

_Agora me ouça com atenção, não me desrespeite assim, ou eu terei que arrancar alguma parte do seu corpo para que me respeite, ouviu bem?

Apenas concordo com a cabeça, torcendo para que um raio caia agora na cabeça dele.

A calça moletom fica incrivelmente bem nesse fodido, e a única coisa que eu presto mais atenção é no cheiro que exala dele, torço para que ele saia.
Mas ele não faz isso, ele chega mais perto de mim, o medo e o pavor começam a invadir meus pensamentos.

Ele chega perto, perto demais de mim, e meu corpo todo se contorce em êxtase, esfrego minhas coxas com a intenção de que essa maldita sensação pare.

Sinto seus lábios em meu ouvido direito, e ouço com atenção as palavras que saem da boca dele.

_Gostou do que ouviu hoje mais cedo?

Quase posso sentir o sorriso dele, e não quero ficar por baixo.

_Claro, o espetáculo seria melhor se trouxesse alguém para eu brincar também.

Seu tom de voz muda, e seu maxilar trava, ele olha em meus olhos.

_Fale isso novamente e eu arranco sua língua fora.

Antes que eu possa responder, suas mãos pegam em meu pescoço e me prensando na parede me fazendo olhar em seus olhos novamente.
Um arrepio me percorre, junto com uma sensação de prazer.

Mas que porra? Eu tô gostando de ser enforcada? Que merda é essa?

Tento me desvencilhar dele, mas eu não consigo.

_Como vou falar se você me enforcar?

Ele solta um riso, olhando fixamente para mim, e eu quase me perco no abismo dos seus olhos.

_Coelhinha, não brinque comigo, você não sabe quem eu sou.

_Tem razão, nem a porra do seu nome eu sei.

_Quer mesmo saber?

_Seria interessante se eu soubesse quem me ameaça de morte todos os dias.
Tento não parecer completamente apavorada.
E parece que dá certo, seus olhos me olham com um certo brilho.

_Bom, se faz tanta questão de saber meu nome, eu lhe direi.

_Seria incrível se soltasse meu pescoço também.

_Não queira mandar em mim, ou eu mato você.

Ele solta meu pescoço, e caminha até a porta, e antes que passe pela por ela, ele para.

_Jeff.

E tudo faz sentido, a porta se fecha e eu ouço a fechadura sendo trancada, os passos subindo a escada, eu travo, com as mãos no meu pescoço eu me lembro.

"_Jeff"
O garoto se apresenta.
"_Não fale isso, Jeff"
Eu o repreendo
"_Do que eu posso te chamar, Jeff?"
Eu pergunto
"_Saia de perto desse bicho Jeff"
Eu peço

Estava aqui, guardar em minha memória a tanto tempo, e eu finalmente me lembrei, eu não posso acreditar, eu não quero acreditar.

Aquele garotinho por quem eu sempre fui apaixonada, se tornou um maldito psicopata.

Como? Como isso foi acontecer? Como eu não liguei esses malditos pontos?

Minha cabeça dói, ela martela, e sinto como se meu mundo caísse sobre meus pés, de repente em uma palavra sequer eu me lembro, e me pergunto em como?
Como eu não me lembrava de um único nome?

"_Jeff?"
"_Sim coelhinha?"
"_Me prometa"
"_Como assim?"
"_Me prometa que não vai deixar que te machuquem assim, por favor"
Meus olhos estão encharcados enquanto olho atentamente o corte em seu abdômen.
E o pior é sabe que tudo isso é por bullying, todas essas porcarias de campanhas contra isso e olha onde isso parou.
"_Não vou, prometo, a menos que..."
"_A menos que?"
"_Que seja você"
Eu dou risada, apenas isso, uma leve e divertida, risada.

Eu me deito, completamente frustada, e exausta, minha mente ainda está processando toda essa informação, eu quero gritar seu nome, dizer que o conheço, mas não faço, ao invés disso eu fecho os meus olhos e durmo, durmo chorando, porque eu sei bem que aquele garoto, não existe mais.

"Vá em frente, e não deixe que ele te possua"

A mulher de Jeff The KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora