Minha vontade é de socar a cara dele, quero gritar para ele que é um tarado, psicopata, maníaco, e um tremendo filho da puta.
Mas de certa forma ele tem me tratado bem, e sinto que devo algo a ele por ter comprado absorventes pra mim, e de quebra ainda vamos comer pizza queimada.
Nada mal, para quem quase não se alimentava.
Os olhos dele ainda estão em mim e ele ainda está dando risada.
_Aquela puta que você trás para cá não te deixa satisfeito não?
Ela veio caçar briga comigo por causa dele, deve ser insegura coitada.
_Por que quer saber? Está com ciúmes?
Solto uma risada sarcástica, ele realmente acha que eu tenho ciúmes dele?
Talvez eu esteja ou não._Com ciúmes de você? Eu? Não me faça rir.
Me sento à mesa, e pego um pedaço da pizza, seus olhos me estudam.
_Bom, já que não está com ciúmes, não tem problema ela vir aqui não é?
Fecho a cara.
_Não, tanto faz.
_Coma antes que esfrie.
Fico em completo silêncio, não consigo nem ao menos encarar ele, mas posso sentir seu olhar em mim.
_Tem medo de mim?
Ele pergunta e eu o encaro, é mais do que óbvio que eu tenho, ele me sequestrou, me deixou sem comida e água por algum tempo, ameaça me matar, e me fez assassinar uma pessoa.
Só que ele também me deixou quase esfaquear ele, quando eu caí por fome chamou um médico ou algo do tipo, e quando eu menstruei ele comprou mais de 30 absorventes e remédios de cólica para mim.Sem contar que é ele o garoto com quem eu brincava, o garoto que eu prometi que iríamos nos casar e ter uma cabana.
Então eu não sei o que responder, eu não sei o que eu devo pensar e sentir em relação a isso.
Ainda estou de cabeça baixa, mas ouço ele se levantando, ouço seus passos em minha direção, mas dessa vez eu não recuo, eu não o xingo, eu não o ameaço.
Eu apenas deixo que fique perto de mim, perto o suficiente para que ele toque em meu queixo e levante o meu rosto, tempo suficiente para que eu o olhe, e me perca nos abismos de seus olhos, tempo para que um frio na barriga se instale em mim.E tempo para que eu consiga escutar a respiração dele próxima do meu rosto, e parece que o meu coração vai sair pela boca.
_Ella, você tem medo de mim?
Posso sentir a pele dele sobre a minha, ele está na minha frente, posso sentir meu rosto queimar, posso sentir o toque dele, e o que faz com meu corpo, a minha respiração e a dele é a única coisa que se dá para escutar.
Eu não consigo responder, eu não conseguiria fazer isso, dizer para ele que eu sinto medo dele, seria mentira, mas dizer que não sinto também seria mentira.
Ou talvez eu não saiba o que eu sinto, ou o que eu penso.
E eu não penso quando olho para sua boca, quando analiso os cortes de orelha a orelha, e eu não consigo achar feio, nojento, ou repugnante, muito menos ter medo.Eu o sinto se aproximar, mais ainda, quase posso tocar seus lábios, mas ele ainda me dá a opção de me afastar, mas eu não quero me afastar, eu não quero me defender, nem sei se ao menos isso é algo para reagir.
Quando vejo um sorriso em seu rosto eu sinto seus lábios tocarem os meus, e fecho meus olhos, a sensação é simplesmente incrível, é um começo tão calmo, e quando sinto a mão dele em minha cintura me fazendo ficar de pé, e agora nossos corpos estão colados, e eu sinto como se fosse desmaiar, o toque dele me faz bem, a boca dele contra a minha me faz bem, e quando sinto a mão dele em minha nuca é como se eu me esquecesse de absolutamente tudo ao meu redor.
Era somente eu e ele, ele e eu.
Nós dois, e mais nada.O cheiro dele, me preenchia de uma forma suave, e quando tivemos que parar para respirar eu me afastei, e eu me afastei porque eu sabia que ele tinha um controle sobre mim, eu sabia que o toque dele era perigoso, e eu não podia me apaixonar por ele de novo.
Ele me olhava, enquanto eu me afastava.
Seus olhos tinham um brilho, ele me olhava com expectativa, como se estivesse esperando que eu o chamasse, que eu dissesse para ele que tinha gostado do beijo, ou algo assim.Mas quando eu me afastei e fui em direção ao sótão, Ainda tentando me acalmar, ainda tentando manter minha respiração controlada, sinto sua mão em meu braço.
_O que está fazendo?
Eu queria chorar, sua companhia estava me fazendo bem, e eu não queria que isso acontecesse, ele me atraí e isso é ruim para mim, mas eu não podia continuar com isso, porque eu me perderia.
E de uma coisa eu sei, Eu não podia me perder._Quero deitar mais cedo hoje.
_Não, você não vai.
_Eu vou sim.
_Desça e eu te prometo que arranco seus pés.
A respiração dele está descontrolada, posso ver isso, posso sentir o desespero em sua voz.
_Por favor, não me faça ser ruim.
_Por favor, não me faça ficar.
Ele assente e vira de costas para mim.
_A porta ficará aberta, não vou fazer questão de trancar
E sem nem uma palavra a mais eu desci as escadas, e eu mesma fechei a porta, eu não confiava em mim mesma, eu sabia que se eu continuasse ali, se eu não impusesse limites a mim mesma, eu não conseguiria sair, eu me afogaria nos beijos dele, e céus como eu faria isso.
E então eu me lembro.
"Resista o quanto puder, mas não deixe que ele te possua"
Essa frase ainda vinha nos meus sonhos, ela ainda invadia minha mente.
E de uma coisa eu tenho certeza, eu não dormiria essa noite, eu não conseguiria tirar ele da cabeça, mas uma vontade eu tinha, eu ainda queria que ele estivesse morto, e eu não podia desistir disso, eu iria sim tentar quantas vezes fosse necessário.
Para o meu próprio bem, eu o mataria.
Ou pelo menos tentaria.Me sento na cama, e coloco meus dedos sobre os lábios, e fecho meus olhos com as lembranças recentes.
Eu posso ouvir ele histérico lá em cima, eu posso ouvir os passos dele, eu posso ouvir a porta se abrindo e eu o posso ouvir saindo.
Mas eu não penso em fugir agora, eu não quero fugir agora, então eu me encolho e choro, choro por ter gostado, e choro até o sono me fazer esquecer de tudo isso.
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A mulher de Jeff The Killer
Romance"O silêncio naquele sótão me fez refletir e imaginar inúmeras formas de escapar, mas eu não queria, eu não podia, era isso, eu estava apaixonada por um assassino psicopata" Ella Méndez, uma garota órfã que não tem ninguém, uma garota que desde nova...