Onze

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Assim que termino de limpar, minha mente se lembra da comida, me levanto rapidamente para poder ver a carne e descascar as batatas, mas assim que pego na panela já solto logo em seguida, ainda está quente.

O chuveiro é desligado enquanto eu solto xingamentos por ter me queimado.

_Droga, droga

Me apresso em lavar a mão, enquanto ouço uma porta sendo aberta.
  Minha curiosidade é maior e queria me repreender por isso mas assim que subo as escadas pela primeira vez vejo 3 portas.

Uma está entreaberta, resolvo olhar pela fresta da porta.
Vejo Jeff em frente a algo que parece ser um espelho, ele está passando algodão na onde eu o feri, e por um breve momento me lembro de quando era eu quem fazia isso por ele.
E então eu me pergunto, quantas vezes mais ele fez isso sem mim?

_Nunca te disseram que espiar atrás das portas é feio?

Eu gelo, meu corpo vira uma estátua, como ele me viu?
Abro um pouco mais a porta e dou uma olhada no quarto antes de responder.
Há um kit de primeiros socorros na pequena rack onde ele está sentado de frente, vejo meu reflexo no espelho depois de não sei quanto tempo.

  Sem reação eu entro e me aproximo do reflexo, eu estou acabada, não sabia que estava assim, e preferia que não tivesse visto.

Ele me olha pelo reflexo, e eu o xingo mentalmente por ele ser o culpado disso tudo.

_Gosta do que vê?

Ele pergunta e eu me seguro para não voar no pescoço dele nesse momento.

_É óbvio que não, você não tem idéia de como estou me sentindo, seu...seu 

Não consigo completar a frase sem que meus olhos se encham de água.
Quero chorar, quero gritar, quero matar ele.
Mas justo nesse momento eu quero um banho, quero uma roupa.

Ele se levanta, passa por mim e sai do cômodo, ouço a porta ser aberta.

_Toma, a última porta é o banheiro, tome um banho de verdade, eu termino com a comida.

Ele me entrega algumas roupas, e eu não sei o que pensar.

Sem ter muito o que fazer dou uma última olhada no meu reflexo, olho em seus olhos e sussuro um obrigada.
Eu torço para que ele tenha ouvido, porque eu não vou mais dizer isso.

Ando até a última porta, e a abro, minhas mãos ainda estão ardendo por eu ter me queimado.
 
Mas a necessidade de precisar de um banho de verdade fala mais alto, entro no banheiro e já dou de cara com a banheira, logo encima um chuveiro, tem uma pia, nada de espelhos e eu agradeço por isso

Tiro minha roupa enquanto olho ao redor, há um sabonete fechado e um aberto, opto pelo fechado, vou para de baixo do chuveiro, nem acreditando que finalmente terei um banho de verdade, e tudo isso depois de quase o ter matado.
Sinceramente? Eu podia ter feito isso muito antes.

Regulo o chuveiro em uma água morna, e o abro sentindo a água abraçar meu corpo, a sensação passa a ser mais incrível quando você não tem mais isso, pequenas coisas que antes eu não dava valor, agora se tornaram as coisas mais importantes, eu não presto atenção em mais nada, apenas aprecio o momento, me perguntando o por quê dele ter me deixado tomar um banho de verdade aqui.

Aprecio cada gota, e sinto o cheiro do sabonete exalando de mim, lavo o meu cabelo depois de muitos e muitos dias com shampoo de verdade, creme de verdade, e me pergunto em como ele deixa isso aqui, já que estava intacto, era como se eu tivesse usado pela primeira vez.
 
Termino o banho, e me visto, lavo minha boca com um enxaguante bucal, e quando finalmente saio, me deparo com a cena dele na beira do fogão, ainda sem camisa, a calça moletom dessa vez, branca.
Ele só usa esse tipo de calça? Eu sinceramente não sei, mas acho que sim.

A mulher de Jeff The KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora