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05:30, 12 de Dezembro de 1978
O PLANETA TERRA orbita a, aproximadamente, 1666 km/h.
Sem descanso, o mundo corre velozmente em torno de si mesmo. Sem paradas.
Para nossa Terra, nada, nem ninguém, é significante para fazê-la parar. Você esteja feliz ou triste, ela estará rodando. Haja chuva ou sol, ela estará rodando. Tenha pessoas perdendo a vida ou não, ela continuará rodando.
Entretanto, Olivia Stagg não acreditou nisto ao sentir o planeta parar pela milésima vez em sua vida.
Certamente, a Terra havia decidido interromper sua órbita quando os olhos azuis da garota encontraram o branco do pano que cobria o corpo recém carregado pela maca.
Quando, o cheiro podre deixou-a desnorteada e, mesmo assim, não a impediu de caminhar na direção de quem quer que tivesse ali abaixo, tendo de ser escondido pela situação fatal que se encontrava.
Os policiais presentes, assim que repararam na Stagg, correram para reprimi-la, mas nada a impediria. Sentia-se como o próprio Planeta Terra, como se ninguém a pudesse parar. E, realmente, ninguém iria.
Ela tinha o direito de saber quem era. Foi ela quem passou por toda essa merda. Ela quem escapou. Ela quem sofreu.
Olivia debateu-se e gritou com os agentes, parecendo insana. E quem sabe estivesse mesmo.
— Me larguem! Me larguem seus pedaços de bosta! Me digam quem é! Me digam quem é, porra!
Dados por vencidos, os agentes largaram-a. Finney e Gwen, confusos, começaram a se aproximar também. Com medo, sentindo todo o corpo tremer, e como se estivesse fora de si, sendo controlada como um robô, Olivia segurou a borda da lona de plástico e a puxou.
Ossos.
Não havia corpos, não havia nada. Apenas um esqueleto, como os de laboratório de ciências de sua escola, mas roído, sujo, e fedido. Era real.
E, pelo vestido — agora imundo e podre — devidamente ensacado que foi posto na maca também, Olivia soube quem era. Seu coração doeu, como se insetos estivessem o comendo como comeu o de Antonieta Leblanc.
— Olivia? — Finney colocou a mão do ombro da garota, a qual sentia-se sufocada e tonta. — Quem é, Olivia? — O Blake pensou se era a mesma pessoa que tinha gritado no telefone com o Sequestrador agora pouco.
— Nosso anjo da guarda. — Respondeu ela, simples. — A mulher que nos tirou daquele lugar. — E deixou algumas lágrimas escaparem, afinal ninguém nunca mais poderia admirar a beleza da LeBlanc. Agora, não passava de um esqueleto.
Cortando o silêncio que os acompanhava neste momento de luto, uma muvuca se formou na rua. Policiais correram para o lado da casa onde Antonieta fora enterrada, gritando uns com os outros, exacerbados.
— Abram caminho, abram caminho!
Médicos os seguiram, equipados e preparados. Mais atormentada do que jamais esteve, Olivia encarou os agentes, a procura, mesmo que temendo, da razão de tamanha agitação.
Quando seu olhar pairou sobre as cinco crianças saindo daquela casa, sentiu que não era o planeta que tinha parado.