࿓05:15, 12 de Dezembro de 1978
O SOL JÁ NASCIA em Denver, acordando consigo aqueles moradores que saíam cedo para trabalhar. A lua partia, seguindo seu caminho. Morcegos e corujas corriam para suas respectivas tocas, ansiando pela calmaria do sono que os acompanharia pelas próximas horas de claridade. Pássaros cantavam suas canções, abrindo as asas para aproveitar a liberdade que lhes foi concebida - aquela que não mais fazia parte de Finney Blake e Olivia Stagg.
Uns veem beleza nas manhãs, certos de que o dia lhes tem muito a oferecer. Outros, sentem-se decepcionados ao acordar, cansados apenas em pensar num outro dia, com as mesmas dores e monotonia.
Ambos amigos já foram a segunda opção. Deprimidos demais para conseguir achar alguma beleza no nascer do sol, que apenas trazia consigo mais um dia que brincariam de sobreviver contra as próprias angústias.
Neste dia, porém, o cantar dos pássaros significava esperança.
Olivia não sabia quantos dias tinham ficado presos no porão imundo do Sequestrador - como poderia se nem iluminação entrava lá? - mas sabia que aquilo acabaria ali e agora. Fosse para melhor: derrotando-o, fosse para pior: morrendo.
Tudo o que passaram, tudo o que ela passou, terminaria. E pensar nisto deixava seu coração acelerado - desesperado, - porém também lhe trazia coragem e arrependimento.
Talvez devesse ter aproveitado mais a vida quando tivera chance, ao invés de utilizar seu tempo para pensar em como acabar com ela. Talvez devesse ter dito mais, mostrado mais, amado mais. Talvez devesse ter pulado de algum lugar alto quando teve oportunidade.
Inúmeros "e se's" preenchiam sua mente, todavia nenhum deles eram sua realidade. No universo em que habitava, ela estava viva, e tinha uma última chance de lutar pela vida.
Olhando seu corpo, tudo o que podia encontrar eram hematomas. Alguns roxos, outros amarelos. Alguns arranhões com resquícios de sangue seco e cortes ainda abertos. O que tinham em comum eram a feiura e o pus causado pelas bactérias que já apareciam. Ela fedia, resultado do tempo sem ver um sabonete. As unhas estavam sujas e o cabelo caía aos montes. Nunca esteve tão magra, os ossos começando a ficar aparentes - afinal, comer não estava tão presente em sua rotina.
Nunca esteve tão péssima.
Estar diante do Sequestrador lhe trazia uma sensação incontrolável de desmaio, como se todo seu corpo se rendesse diante a ele. As pernas bambas, a audição falha e a visão turva. Tudo pelo simples sorriso dado por um homem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐒𝐔𝐑𝐕𝐈𝐕𝐎𝐑, the black phone
Fiksi Penggemar─ ⭑ onde o Sequestrador sempre teve um plano, ou onde segundas chances existem. 📞 ˊ˗ isto não é uma história de amo...