Capítulo 8

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Cada uma sentou em uma poltrona, e ficamos naquele silêncio lendo os livros que escolhemos. Eu me sentia incrivelmente bem por não estar sozinha, mesmo que estivesse em silêncio, na presença da uma mulher que eu mal conhecia. Mas já me sentia muito afeiçoada por sua pessoa.
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P.O.V Simone

Ficamos lendo os livros naquele silêncio agradável por um bom tempo. Mesmo com o silêncio reinando, era um silêncio bom. O clima permaneceu assim até um furacão loiro adentrar a biblioteca, abrindo a porta com tanta força que chegou a tirar uma lasca de tinta da parede em que recostou. Olhei assustada para onde veio o som. Meus olhos se cruzando com os de Samira. A mesma olhava raivosa para sua gêmea. Que por sua vez encarava-a confusa, com as sobrancelhas franzidas.

—Você vai pagar pela tinta da parede! — foi tudo que Soraya falou, antes de voltar sua atenção para o livro em suas mãos.

— Estou pouco de fudendo para a parede de sua biblioteca ridícula! — Samira falou furiosa, só faltando atirar fogo de sua boca.

— Não grite e xingue aqui dentro! — Soraya levantou-se irritada — Em qualquer outro lugar você pode gritar ou xingar, mas não aqui! Aqui é meu templo, e eu não aceito.. — quando ela iria completar, Samira a interrompeu completamente irritada.

— ELA ESTÁ MORTA SORAYA! MORTA! MORTA! MORTA! AQUI NÃO É MAIS O LUGAR EM QUE EU NÃO POSSO XINGAR SÓ PORQUE "ELA PODERIA OUVIR"! ACEITE ISSO E SUPERE! — ela gritou, e vi os olhos marejados de Soraya abaixarem para o livro, que agora continha três gotículas de lágrimas finas em suas páginas — Ou meu pai... Soraya.. e-eu... — minha cunhada fechou o livro com força, deixando-o na poltrona mesmo, e saindo de lá sem olhar para trás.

— O que acabou de acontecer aqui? — perguntei, olhando para minha namorada.

Ela negou com a cabeça, indicando que aquele momento não era o certo para essa conversa, e partiu atrás de sua gêmea mais nova. Eu continuei ali, sentada, parada. Não sabia se iria atrás delas, ou as deixava se resolverem.
Por fim decidir ir atrás das duas. Da última vez me lembrei que não deu muito certo, e a cicatriz ainda está em minha bochecha para provar isso.
Quando cheguei onde ouvia suas vozes. Na realidade apenas a de Samira, pois Soraya apenas fungava d chorava. Parei na porta e me encostei no batente da mesma. Por hora eu iria apenas ouvir, talvez se eu entendesse um pouco da situação pudesse ajudar.

— Me perdoa irmã, por favor! Eu não falei por mal te juro... — Samira falava afoita, enquanto sua irmã apenas chorava mais ainda.

Soraya estava sentada no chão, no canto do quarto. As pernas presas por seus braços, e a cabeça escorada entre elas, cobrindo totalmente seu rosto. Me aproximei, tocando ombro de minha namorada, e ela olhou para mim. Com o olhar culpado ela intercalava o olhar entre mim e sua irmã. Samira suspirou, tirando com brutalidade minha mão de seu ombro e saindo do quarto.
Eu olhava para ela, e assim que não estava mais ao alcance de minha vista, virei-me para encarar Soraya.

— Quer conversar? — perguntei, me sentando perto de minha cunhada.

— Não.— sua voz saiu tão fraca e trêmula, que se eu não estivesse perto dela não lhe ouviria.

— Quer que eu fique aqui? — perguntei e ela não respondeu, quando fui me levantar sua mão segurou meu pulso, ela tremia e praticamente implorava com os olhos para que eu ficasse e não lhe deixasse.

Me sentei novamente ao seu lado, e passei meu braço por seus ombros a trazendo para mais perto de mim. Ela escorou sua cabeça em meu peito, e eu acariciei seus cabelos dourados com cuidado e delicadeza. Apenas ficamos em silêncio durante todo tempo. Não precisava falar nada para ela. Eu só precisava provar que estava ali. E que eu estaria ali.
Alguns minutos se passaram, e senti sua respiração se fazer calma e tranquila. Ela havia dormido. Me levantei com total cuidado para não acorda-la. E com ela no colo, me abaixei em sua cama, lhe deixando ali. Tirei seus sapatos, dedilhando seus pés com carinho. A cobri com o cobertor até o pescoço, apenas deixando seu rosto a mostra. Os olhos pouco inchados pelo choro. As bochechas um pouco rosadas e gordinhas. Me peguei lhe admirando de cima. Ainda em cima de si. Meu braço esquerdo subiu até sua bochecha, fazendo um afago no local. E ela virou o rosto para ir de encontro com minha mão, parecendo procurar mais contato.
Sorri vendo a serenidade em seu sono. Levantei-me e sai de seu quarto, fechando a porta cuidadosamente para não acorda-la.
Já do lado de fora suspirei aliviada. Mas meu alívio durou pouco tempo. Assim que me virei para seguir o caminho ao andar de baixo, me deparo com Samira me encarando com os braços cruzados e uma carranca estampada em sua cara. Sorri amarelo para ela, já sabendo que haveria uma discussão. Discussão na qual eu seria a errada mesmo sem ter feito nada.

— Desculpa.. — falei cansada, não querendo discutir.

— Simone, nós precisamos conversar sério! —ela falou, suspirando em seguida.

Seguimos até seu quarto. Me sentei na cama e ela ficou parada a minha frente, de pé, me olhando nos olhos. Mais uma vez um suspiro, dessa vez de cansaço.
Não aguentei essa pressão e desviei meus olhos dos seus.

— Simone, nós somos um casal. — ela falou como se eu não soubesse disso — Você fica de segredinho com minha irmã. Vai na agência dela pedindo sua ajuda. E além disso tudo, cada dia mais vocês se aproximam. — agora sim eu voltei a olha-la, sei bem onde esse assunto vai parar — Vocês estão tendo um caso? — soltei um riso nasal após sua pergunta absurda.

— Primeiro, eu não sou traíra. Segundo, os assuntos que tratei na agência eu já lhe expliquei que foi por pura coincidência, eu nem ao menos sabia que era empresa de sua família quando fui lá. Terceiro, eu estou me aproximando dela por interesses em comum, ela está me ajudando no caso. — ela tinha um olhar furioso para mim, quanto mais brigamos, discutimos ou nos desentendemos, mais eu tenho certeza que em algum momento terei de escolher entre ela ou meu filho, e isso me doía muito.

— Anteontem, a noite, eu ouvi você gemer o nome dela. — congelei no mesmo instante que ouvi as palavras saírem de sua boca — Você teve um sonho erótico com a minha irmã! — minha boca secou, minha garganta fechou, e meus olhos se arregalaram com suas palavras.

Isso não pode estar acontecendo...

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Oi oi, durmam com essa minhas flores!! Até outro dia...

Minha Querida Cunhada! - Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora