Capitulo 1 - Papai

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Sakura estava sentada no banco da frente do carro sem entender por que seus pais a odiavam tanto.

Era a única explicação que encontrava para ter de estar ali, visitando seu pai, Kizashi Haruno, naquele fim de mundo em vez de ficar com seus amigos em casa, em Konoha.

Não, não era nada disso. Ela não estava "visitando" seu pai. Visitar significa passar um fim de semana ou alguns dias, talvez, até mesmo uma semana inteira. Se fosse uma visita, dava até para aguentar. Mas ficar lá até o final de agosto? O verão inteirinho? Era o mesmo que ir para o exílio, e as nove horas necessárias para chegar até lá fizeram-na se sentir como que transferida para uma penitenciária rural. Não dava para acreditar que sua mãe, Mebuki Haruno, estivesse mesmo levando isso adiante.

Sakura estava tão concentrada em sua própria tristeza que levou tempo para reconhecer a Sonata para piano n. 16 em dó maior de Mozart. Era uma das peças que havia apresentado no Carnegie Hall, quatro anos atrás, e sua mãe a colocara quando ela estava dormindo. Azar o dela, pensou ao desligar o CD player.

-Por que você fez isso? Gosto de ouvi-la tocar.

-Mas eu não.

-E se eu abaixar o volume?

-Desliga, mãe, tá bom? Não tô a fim.

A garota ficou olhando pela janela, sabendo muito bem que a mãe estava mordendo os lábios. Ela vivia fazendo isso. Era como se seus lábios estivessem magnetizados.

-Acho que vi um pelicano quando cruzamos a ponte da praia de Sunagakure - mamãe comentou, tentando deixar o clima mais leve.

-Puxa, que legal. Talvez devêssemos chamar o Caçador de Crocodilos – ironizou.

-Ele morreu – disse Konohamaru, sua voz misturava-se aos barulhos do Game Boy. O chato do seu irmão de 10 anos de idade era viciado nesse tipo de jogo. - Você não se lembra? Foi tão triste.

-Claro que me lembro.

-Não parece.

-Mas eu me lembro.

-Então você não deveria ter falado assim.

Ela nem se importou em responder dessa vez. Seu irmão sempre precisava dar a última palavra. Ele a deixava louca.

-Você conseguiu dormir um pouco pelo menos? - sua mãe perguntou.

-Até você passar por aquele buraco. Ah, e obrigado por isso. Minha cabeça praticamente atravessou o vidro.

O olhar de sua mãe continuava fixo na estrada.

-Fico feliz em ver que a soneca tenha devolvido seu bom humor.

Sakura estourou o chiclete. Sua mãe odiava que fizesse isso, assim não parou de fazê-lo desde que haviam tomado a estrada I-95, a interestadual, que, em sua humilde opinião, era apenas a extensão de pista mais entediante já construída. A menos que a pessoa fosse fã de fast-food engordurada, banheiros nojentos e zilhões de pinheiros com o poder de levar a pessoa ao sono com sua horrorosa monotonia hipnótica.

Foi exatamente isso que havia dito a sua mãe em Kirigakure, Otogakure e em Sunagakure, mas ela sempre ignorava seus comentários. Apesar do fato de tentar manter a viagem numa boa, pois ficariam sem se ver por um bom tempo, a mãe não era do tipo que gostava de conversar no carro. Não gostava muito de dirigir, preferia pegar táxi quando precisava ir a algum lugar. Já no apartamento era outra história. Não tinha nenhum problema em dizer o que lhe viesse à cabeça, e o zelador teve que pedir para maneirar o barulho umas duas vezes nos últimos meses. Mebuki acreditava que, quanto mais alto gritasse sobre as artes de Sakura, ou sobre os amigos, ou sobre o fato de Sakura constantemente ignorar o horário combinado de voltar para casa, ou sobre o incidente – especialmente sobre o incidente -, Sakura provavelmente prestaria mais atenção a tudo isso.

A última música - SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora