Capitulo 2 - O Garoto da praia

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O festival estava lotado. Ou melhor, o Festival de Frutos do Mar da Praia de Sunagakure estava lotado. Sakura comprou um refrigerante em uma das barracas de alimentação e ficou observando os carros estacionados em uma fila imensa até o píer onde alguns jovens alugavam as vagas de garagem das suas casas.

Até agora, estava tudo um tédio. Ela tinha pensado que o festival fosse um evento fixo e que houvesse lojas no píer como no calçadão de Konoha. Em outras palavras, tinha esperança de que lá pudesse ser o tipo de lugar em que passaria a maior parte do tempo no verão. Era óbvio que não! Era temporário, localizado no estacionamento do píer, e parecia mais com um parque de diversões do interior. As pouquíssimas atrações faziam parte de um parquinho ambulante e o estacionamento estava lotado de barraquinhas de jogos bem caros e comidas gordurosas. Era tudo meio nojento.

Não que as outras pessoas por lá pensassem como ela, pois estava lotado. Jovens, idosos, famílias e adolescentes paquerando. Não importava para onde fosse, parecia estar sempre caminhando contra a maré de corpos em movimento. Corpos suados. Imensos corpos suados dos quais tentava se livrar, mas a multidão parecia formar um beco sem saída. As pessoas perto dela cheiravam a cachorro-quente, vendidos nas barraquinhas. Torceu o nariz. Era nojento!

Foi se enfiando no meio das pessoas para afastar-se daquele lugar e conseguiu chegar ao píer. Felizmente, estava mais vazio perto das barracas que vendiam artesanato. Nunca compraria nada dali. Quem na face da terra iria querer um gnomo feito inteiramente de conchinhas? Tava na cara que alguém devia comprar, ou aquelas barraquinhas não estariam ali.

Distraída, tropeçou em uma senhora sentada em uma cadeira de armar. Vestia uma camisa com o logo da SPCA, tinha cabelos brancos e um rosto alegre e convidativo – o tipo de avó que provavelmente passava o dia todo assando biscoitos antes da véspera de Natal. Prestou atenção no barulho que vinha da praia.

-O que está acontecendo? Um show?

-Não. É vôlei de praia. Faz tempo que estão jogando, é uma espécie de torneio. Você devia ir lá ver. Estão torcendo o dia todo, acho que os jogos devem estar muito emocionantes.

Sakura perguntou-se por que não. Não poderia ser pior do que onde estava. Jogou alguns ienes no pote de moedas e foi assistir ao jogo.

O sol estava se pondo e o mar brilhava como ouro líquido. Na praia, havia poucas pessoas deitadas nas esteiras perto da água e alguns castelos de areia que seriam destruídos com a subida da maré. Aves iam e vinham em busca de caranguejos.

Não demorou muito para chegar ao local do jogo. Ao aproximar-se da quadra, percebeu que as outras garotas estavam especialmente interessadas nos dois jogadores da direita. Não havia surpresa nisso. Os dois caras – da idade dela? Um pouco mais velhos? - eram o tipo de rapaz que Ino, sua amiga de Konoha, chamaria de colírio para os olhos. Apesar de nenhum dos dois fazer exatamente o tipo de Sakura, era impossível não admirar seu físico esbelto, musculoso e a maneira ágil como se movimentava na areia.

Especialmente o mais alto, de cabelos escuros e a bermuda azul marinho com um tipo de leque atrás. Com certeza Ino o escolheria – ela sempre tinha uma queda pelos mais altos – assim como a loira de biquíni do outro lado da quadra, que obviamente prestava atenção nele. Aliás, a loira e sua amiga eram magras e belas, com dentes intensamente brancos, e, com certeza, acostumada a serem o centro das atenções, com os garotos babando em cima delas o tempo todo. Mantinham-se distantes e torciam timidamente, provavelmente para não desmanchar o cabelo. Eram totalmente artificiais e, apesar de não as conhecer, já não gostava delas.

Voltou a atenção ao jogo bem quando um dos bonitinhos tinha marcado mais um ponto. E depois mais um. E mais outro. Não dava para saber o placar, mas com certeza eram melhores do que o outro time. Mesmo assim começou a torcer silenciosamente pelos adversários. De fato, sempre escolhia torcer pelos fracos e oprimidos, mas dessa vez o fazia pois a dupla vencedora lembrava os garotos mimados e ricos de Konoha, que iam a escolas particulares, mas frequentavam as mesmas baladas que ela. Garotos que pensavam ser melhores do que as outras pessoas, simplesmente porque seus papais eram banqueiros. Conhecia um pouco desse tipo de gente para reconhecer um deles quando via, e apostava sua própria vida como aqueles dois faziam definitivamente o mesmo tipo. Suas suspeitas se confirmaram quando um deles piscou para a Barbie ruiva e bronzeada na hora em que ia sacar. Em uma cidade como esta, os populares têm a sua própria panela.

A última música - SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora