Por um tempo, havia mais pessoas no Bower's Point, mas, um a um, todos foram embora até que somente os cincos sobraram. Alguns dos outros eram normais, um casal era até gentil e interessante, mas então o álcool começou a fazer efeito, e todos, com exceção de Sakura, começaram a ficar bem mais engraçados do que realmente eram. Depois de um tempo, tudo pareceu entediante e familiar.
Estava sozinha na beira da água. Atrás dela, perto da fogueira, estavam Jirobo e Kidomaru fumando, bebendo e, ocasionalmente, jogando bolas de fogo um para o outro; e Karin sussurrava para Kimimaro, jogando-se para cima dele. Estava ficando tarde também. Não pelos padrões de Konoha - lá, não se entrava nas danceterias antes da meia-noite -, mas, levando em consideração a hora que tinha acordado, tinha sido um longo dia. Estava cansada.
Amanhã, ia ficar dormindo. Quando chegasse em casa, ia pendurar toalhas ou cobertores no varão da cortina; ia pregá-los na parede, se fosse preciso. Não tinha intenção alguma de passar o verão todo acordando com as galinhas, mesmo se fosse para passar o dia na praia com Karin. Ficou surpresa quando a ruiva sugeriu, mas, na verdade, seria bem interessante. Além disso, não havia mesmo muito para fazer. Mais cedo, depois que saíram da lanchonete, caminharam por entre as lojas – incluindo a loja de CD, que era muito legal – e depois, foram até a casa de Karin assistir a O Clube dos Cinco enquanto sua mãe trabalhava. Tudo bem que era um filme dos anos de 1980, mas Sakura gostava tanto dele e já tinha assistido pelo menos uma dúzia de vezes. Mesmo antiquado, parecia surpreendentemente real para ela. Mais real do que o que estava acontecendo naquela noite – especialmente pelo fato de que quanto mais Karin bebia, mais ignorava Sakura e se agarrava a Kimimaro.
Sakura não gostava de Kimimaro e não confiava nele. Ela tinha um ótimo radar em relação a rapazes, e sentia que havia alguma coisa errada com ele. Era como se faltasse algo em seu olhar quando falava com ela. Dizia as coisas certas – nada de loucura sugerir aquilo! Mas, quanto mais tempo passava com ele, mais ele a assustava. Não gostava de Jirobo e Kidomaru também, mas Kimimaro... tinha a impressão de que o fato de ele agir normalmente era um puro jogo para manipular as pessoas.
E Karin...
Foi estranho ficar na casa dela mais cedo, porque parecia tão normal. Ficava em uma rua sem saída e tinha persianas azuis e uma bandeira na varanda. Dentro, as paredes eram pintadas de cores alegres, e havia um vaso de flores bem cuidadas na mesa da sala de jantar. O lugar era limpo, mas não de forma neurótica. Na cozinha, tinha alguns trocados na mesa, junto com um recado para Karin. Quando Sakura viu a ruiva ler o recado e colocar o dinheiro no bolso, disse que sua mãe sempre lhe deixava dinheiro. Era assim que sabia que estava tudo bem com ela quando não voltava para casa.
Estranho.
O que ela realmente queria era falar com Karin sobre Kimimaro, mas sabia que não ia adiantar nada. Deus sabe o quanto havia aprendido isso com Ino – Ino sempre negava -, mas, mesmo assim, não fazia sentido. Kimimaro era sinônimo de encrenca, Karin ia ficar muito melhor sem ele. Não entendia como ela não conseguia perceber isso. Talvez amanhã pudessem falar sobre o assunto na praia.
-Estamos deixando você entediada?
Ao virar, viu Kimimaro em pé atrás dela. Segurava uma bola de fogo, deixando-a rolar no dorso da mão.
-Só queria ficar perto da água.
-Quer que eu traga uma cerveja para você?
Pela forma como ele perguntou, dava para ver que já sabia o que ela ia dizer.
-Não bebo.
-Por quê?
Porque faz com que as pessoas ajam de forma estúpida, poderia ter dito. Mas não disse. Sabia que qualquer explicação só iria prolongar a conversa.
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A última música - SasuSaku
Teen Fiction+18 | 🌸🍅 Aos 17 anos, Sakura Haruno, vê sua vida virar de cabeça para baixo quando seus pais se divorciam e seu pai decide morar na praia de Sunagakure. Três anos depois, ela continua magoada e distante dos pais, particularmente do pai. Entretanto...