Capitulo 25 - Kizashi Haruno

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Ele havia recebido sua sentença de morte em fevereiro, sentado no consultório médico, uma hora depois de ter dado sua última aula de piano.

Tinha voltado a dar aulas quando foi morar na praia de Sunagakure depois do fracasso de sua carreira como concertista. O pastor Iruka, sem aviso prévio, tinha arrumado uma aluna que era uma grande promessa, pedindo-lhe que ele fizesse esse pequeno "favor". Era bem típico do pastor Iruka, que percebeu que, ao retornar para casa, Kizashi ainda exalava que se sentia perdido e sozinho e a única maneira de ajudá-lo seria por meio de um propósito para devolvê-lo à vida.

O nome da aluna era Rin Nohara. Seus pais eram professores de música na Universidade de Konoha, e, aos 17 anos, ela tinha uma técnica excepcional, mas não tinha muita habilidade pessoal em interpretação. Era séria e dedicada e Kizashi aceitou lhe dar aulas imediatamente. Ela tinha interesse em ouvi-lo e se esforçava muito em incorporar suas sugestões. Kizashi esperava ansiosamente por suas visitas, e, no Natal, havia lhe dado um livro sobre a construção de piano clássicos, algo que pensou que ela fosse gostar. Ficava muito cansado após as aulas quando, na verdade, elas deveriam enchê-lo de ânimo. Pela primeira vez na vida, começou a tirar sonecas à tarde.

Com o tempo, começou a aumentar o período das sonecas, chegando a dormir por duas horas, e, quando acordava, tinha muita dor de estômago. Uma vez, estava fazendo chili para o jantar e de repente sentiu uma pontada tão forte que teve que dobrar o corpo e até deixou a panela cair, espalhando tomates, feijão e carne pelo chão da cozinha. Ao tentar recuperar o fôlego, pressentiu que algo grave estava acontecendo com ele.

Agendou uma consulta e foi ao hospital para exames e radiografias. Depois, ao ver os frascos de sangue se encherem para as análises laboratoriais, lembrou-se de seu pai e do câncer que lhe tirara a vida. De súbito, já sabia qual seria seu diagnóstico. Quando foi à terceira consulta, soube que tinha razão.

-Você tem câncer de estômago - disse o médico.

Ele respirou fundo.

-E os exames mostram que há metástases no pâncreas e nos pulmões - tinha um tom de voz neutro, mas compassivo. - Sei que há muitas perguntas a serem feitas, mas tenho que começar dizendo que o prognóstico não é encorajador.

O oncologista mostrava compaixão, mas mesmo assim tudo que dizia é que não havia nada a ser feito. Kizashi sabia que não havia mesmo, assim como o médico sabia que, se fizesse perguntas específicas, poderia facilitar as coisas.

Quando seu pai estava morrendo, Kizashi pesquisou e sabia o que era câncer metastático. O câncer estava não apenas no estômago, mas também no pâncreas. Sabia que as chances de sobreviver eram quase nulas, e, em vez de fazer perguntas, resolveu olhar pela janela. No parapeito havia uma pomba que não podia entender o que estava acontecendo lá dentro. "Me disseram que estou morrendo...", pensou, olhando fixamente para ela, "...e o médico quer que eu fale sobre isso, mas não há nada mesmo para se falar, não é?"

Esperou por um arrulho em resposta, mas a pomba nem se manifestou, como previsto.

"Estou morrendo", pensou.

Kizashi se lembra de ter unido as mãos e se espantado por não estar tremendo. Pensou que, se elas fossem tremer algum dia, este seria o momento adequado para isso. Porém, estavam firmes como aço.

-Quanto tempo ainda tenho?

O médico pareceu aliviado por Kizashi finalmente ter dito alguma coisa:

-Antes de falarmos sobre isso, quero falar sobre as suas opções.

-Não há opções. Nós dois sabemos disso.

A última música - SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora