Capitulo 5 - Garota desconhecida

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Em circunstâncias normais, Sakura provavelmente teria apreciado uma noite como essa. Em Konoha, as luzes da cidade tornavam impossível ver as estrelas, mas aqui era exatamente o oposto. Mesmo com a cerração, dava para ver claramente a Via Láctea e até o brilho de Vênus. As ondas iam e vinham de forma ritmada pela praia, e, no horizonte, dava para ver as luzinhas de meia dúzia de barcos de pesca de camarão.

Mas as circunstâncias não eram normais. Em pé na varanda, olhou para o policial, sem acreditar no que estava acontecendo.

Dessa vez seu pai tinha exagerado, dando uma de superprotetor, que ela não conseguia entender. Seu primeiro impulso era o de simplesmente pegar carona até um ponto de ônibus e comprar uma passagem de volta para Konoha. Não iria falar nada para seus pais; ligaria para Ino. Depois, chegando lá, pensaria no que fazer. Qualquer coisa que decidisse fazer não seria pior do que aquilo.

Mas isso não era possível. Não com o policial Yashiro por lá. Ele estava atrás dela agora, certificando-se de que voltasse para casa.

Ela ainda não conseguia acreditar. Como seu pai – seu próprio sangue – poderia ter feito algo assim? Ela já era quase adulta, não tinha feito nada de errado, e não era nem meia-noite. Qual era o problema? Por que ele tinha que transformar isso em algo maior do que era? Ah, claro que a princípio o policial tentou fazer parecer uma ordem rotineira de evacuação do local – algo que não surpreendeu os demais – mas, então, dirigiu-se a ela. Concentrou-se especificamente nela.

-Vou levar você para casa – disse, fazendo que ela se sentisse com 8 anos de idade.

-Não, obrigada – respondeu.

-Então, terei que prendê-la por vadiagem e seu pai vai te levar para casa.

Foi aí que entendeu que seu pai havia pedido ao policial para trazê-la para casa e sentiu-se totalmente humilhada.

É claro, já tinha tido problemas com a mãe, e, sim, tinha ignorado algumas vezes os combinados quanto a hora de voltar para casa. Mas nunca, jamais, nem ao menos uma vez, sua mãe tinha mandado a polícia atrás dela.

Na varanda, o policial interrompeu seus pensamentos:

-Entre – deixando claro que, se ela não abrisse a porta, ele a abriria.

Lá dentro, dava para ouvir o som suave do piano, e reconheceu a Sonata em Mi Menor de Edvard Grieg. Respirou fundo antes de abrir a porta, depois a bateu com força.

Seu pai parou de tocar e olhou para cima, para ela, que o encarava.

-Mandou a polícia atrás de mim?

Ele não disse nada, mas seu silêncio foi o suficiente.

-Por que você fez uma coisa dessas? Como pôde fazer isso?

Nada disse.

-O que é? Não queria que eu me divertisse? Não confiou em mim? Não entendeu que não quero estar aqui?

Seu pai cruzou os braços.

-Sei que não quer estar aqui.

Ela deu um passo à frente, ainda gritando:

-Então, decidiu arruinar a minha vida também?

-Quem é Kimimaro?

-Quem liga! - gritou. - Isso não vem ao caso! Você não vai monitorar cada pessoa com quem eu falar, então nem mesmo tente!

-Não estou tentando.

-Odeio estar aqui! Dá para entender? E odeio você também!

Olhou desafiadoramente para ele, esperando que fosse contradizê-la. Esperando que ao menos tentasse fazer isso, para que ela pudesse repetir o que havia dito.

A última música - SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora