XIII

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Quando tomei um banho, senti meu corpo mais aliviado, apesar do ardor dilacerante nos pontos, eu conseguia me manter em pé. Styles se ofereceu para me ajudar, mas isso seria no mínimo estranho, então eu recusei.

finalmente me sentia limpo por fora.

quando saí do banheiro, Styles já havia arrumado nossas malas. Eu não tinha nenhuma blusa maior que meu tamanho, então de forma humilhante, tive que aceitar uma das de Styles, que não daria atrito com os machucados.

fomos rápidos em pegar tudo e limpar todos os móveis para tirar nossas impressões digitais. Depois, saímos.

- toma. - estendeu um sanduíche.

- hm. - peguei, avaliando - onde pegou isso?

- no buffet. Você não comeu muita coisa hoje, achei que...

- obrigado.

ele se virou para mim e sorriu levemente.

- de nada.

eu realmente precisava daquele sanduíche, meu estômago roncava e minha pressão implorava para ser estabilizada. Devorei tudo muito rápido, não dando a mínima aos bons modos. Depois disso caí no sono em meu banco.

Styles havia decidido que ficaríamos em um apartamento no meio da cidade. Na minha cabeça isso não parecia certo, porque apartamentos eram confortáveis demais, e não estávamos tirando férias, mas ele disse que seria mais difícil acharem um apartamento dentre vários do que uma pousada no meio da estrada, que era uma alternativa óbvia, e eu estava chapado demais de analgésicos de dor para contestar.

quando acordei, já tínhamos chegado. Styles levou nossas malas e eu subi de uma vez. Tinham dois quartos dessa vez, ele não precisaria mais dormir no chão. O lugar era bom, espaçoso, mas nem tanto, sendo até mesmo aconchegante.

- ficaremos aqui por um tempo. Seu nome é Louis Willian, e o meu Harry Edward, pode ser nosso teatrinho dessa vez. - zombou.

- claro, Harry. - achei estranho chama-lo pelo primeiro nome, mas acho que isso não importava áquele ponto. - qual quarto vai querer? - os quartos eram um pouco distantes um do outro. Um ficava para a direita da sala, e o outro, na esquerda.

- tanto faz, isso é o de menos. - deu de ombros  - vamos trocar seus curativos.

- minha parte preferida. - falei irônico. - obviamente não poderei ir hoje com você, mas vou tentar descobrir daqui quem é Payne.

- tudo bem. - pegou os algodões e esparadrapos. Ele fez tudo muito rápido e concentrado, me surpreendendo. - vou pedir algumas coisas no mercado. Precisamos de comida.

- não sou bom na cozinha.

- eu sou.

- ah.

eu estava me sentindo meio inútil. Além de estar machucado e gastando o tempo de nós dois, não sabia fazer nada para contribuir com alguma coisa.

- pronto. - finalizou, passando a camisa social (dele) de volta pelos meus ombros e abotoando os botões. Eu poderia fazer aquilo sozinho, mas a forma que ele parecia tão concentrado era diferente, e eu não achava de todo o ruim, então eu deixei.

- nós ainda vamos falar sobre aquele beijo? - eu não consegui me segurar.

de todas as ameaças e ofensas que já fiz a Styles, nenhuma pareceu forte o suficiente para desnortea-lo, como essa pergunta.

- o que? - tossiu levemente.

- você sabe o que, Styles. - fiquei impaciente.

- certo, aquilo foi...acho que nós dois estávamos em um lugar e cenário meio excitante, e não ficamos com ninguém desde que entramos nisso, então é normal, tudo acumulou e...sabe? Aconteceu.

concordei. Poderia ter sido isso mesmo. Fazia sentido. Bastante.

- então, nós vamos esquecer? Assim? - perguntei hesitante e ele balançou a cabeça freneticamente. Me senti um pouco ofendido por isso, mas não demonstrei, até porque nem fazia sentido. As vezes até eu me surpreendia com meu ego.

- eu tenho que me arrumar para sair.

- certo.

vi sua silhueta desaparecendo pelo quarto a direita e suspirei.

de dor. Porque parecia que minha barriga iria apodrecer e cair para fora. Os pontos pareciam meio inflamados, eu teria que troca-los.

fui para (aparentemente) meu quarto, e levei algumas malas para me instaurar. Ouvi a porta principal batendo depois de alguns minutos e fui para o banheiro limpar os pontos.

minha mão parecia pesada demais comparada a de Styles, ou talvez eu mesmo não tivesse sendo tao cuidadoso quanto ele, mas foda-se.

terminei e suspirei, precisava de um cigarro. E de conversar com Paul.

mas acabei apenas caindo no sono novamente.

...

- hm...Tomlinson?

abri os olhos devagar.

- já voltou? - franzi o cenho, me levantando. - está cedo.

- não tinha muita coisa naquela boate. Foi fácil revistar.

- mas poderia ter esperado lá, ainda tem a noite inteira. - ele deu de ombros. - será que vamos conseguir pegar aquele filho da puta? - suspirei me encostando na cabeceira da cama, levando meu cabelo bagunçado para trás. - parece que damos círculos e não chegamos a lugar nenhum.

- eu não sei. - respondeu, se sentando na minha cama também, percebi sua hesitação de início, mas deixei claro pelo olhar que eu realmente não me importava para aquela merda. - mas tenho certeza que vamos dar um jeito. Fomos convocados por uma razão, não? - eu assenti - como está se sentindo?

dei de ombros

- meio merda.

- posso ver? - assenti e ele se aproximou devagar, abrindo minha camisa. - não está tão arroxeado como ontem. Bom. - passou os dedos levemente, e eu prendi a respiração quando o filho da puta os moveu para o lado sem machucados da minha barriga e descansou ela lá - achou algo sobre Payne?

- não. - soei firme - dormi o dia inteiro. Desculpe.

ele riu anasalado.

- tudo bem. Acho que se eu estivesse nessas mesmas condições, faria o mesmo.

- é. - olhei para sua mão discretamente. Porque ela ainda estava ali? - vamos pedir alguma coisa pra comer ou o que?

- sim, estou com preguiça de cozinhar. - retirou seus dedos (finalmente) para afastar os cachos do rosto. Percebi que ele tinha um farelo no rosto e sorri cínico antes de mover minha palma até sua bochecha.

esfreguei até sair e percebi seu maxilar tensionando, por um momento pensei que havia feito o movimento errado. Realmente não tinha segundas intenções quando fiz aquilo, alem de tirar uma com a sua cara.

- parece que você já fez uma boquinha antes de mim, hm? - ergui uma sobrancelha fingindo estar bravo - eu aqui todo fodido e você nem me trás um pedaço de- estava retirando minha mão quando fui pego desprevinido com seus lábios sobre os meus.

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