XXXI

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Louis eventualmente se levantou de novo, e conseguiu comer e tomar alguns remédios de dor, além de tomar um banho relaxante finalmente . Ele não tinha visto Harry mais, apenas Horran, que apareceu o abraçando forte e dizendo "cara, se você morresse eu ia chorar tanto!" (enquanto chorava tanto).

mas a verdade era que Harry estava com medo de encontrar Louis. Ele tinha um discurso pronto, mas não via coragem nenhuma para falar diante de Tomlinson, que o encarava de uma forma que doía mais do que facas cavando em sua pele.

- cara, tem que falar com ele.

- porque eu deveria escutar você?

- porque não tem mais ninguém pra escutar. - Michael sorriu de lado enquanto se acomodava no sofá da sala junto ao cacheado.

- que sorte a minha. - revirou os olhos - não posso falar com ele, agi como um babaca.

- bom, você realmente está arrependido, isso já é um começo. E eu sei disso porque qualquer um conseguiria ver sua cara miserável de longe. - cruzou os braços - e se você não falar com ele, eu vou, sabe que não perco uma chance - piscou um olho.

- que merda você está falando, Michael? - disse um pouco mais alterado, com as veias do pescoço já ficando mais evidentes.

- apenas para você não perder tempo com essa crise existencial e bater no peito como homem. Você fez merda, vai concertar.

- sabe, você é um bosta. - se levantou - mas obrigado, acho que eu precisava de um incentivo mais...violento.

- disponha. - deu de ombros

- e só pra não perder o costume. - o olhou sério - fique longe de Louis. - Michael sorriu de lado levantando as sobrancelha enquanto Harry subia as escadas até o quarto de Tomlinson.

Styles respirou fundo enquanto subia as escadas, encontrou com Niall saindo do quarto.

- como ele está? - perguntou agitado.

- melhor. - sorriu - mais calmo...acho que é uma boa hora para conversarem. - bateu em seu ombro e saiu.

Harry encarou a porta branca e respirou fundo três vezes antes de entrar.

- não sabe bater na porta? - arregalou os olhos, se dando um tapa na testa mental.

- perdão, eu...me esqueci.

- o que você quer? - disse, mas não tão nervoso quanto antes, parecia cansado enquanto se encostava na cabeceira da cama e encarava os olhos verdes sem expressão. Os hematomas ainda eram evidentes em seu corpo, e Harry queria mais do que tudo ajudar nos curativos, mas Louis optou pela enfermeira de Niall, o que deixou o maior morto de ciúmes.

- quero conversar com você.

- se veio se explicar...

- sim, isso, vim me explicar. Por favor, Lou- Tomlinson, - se corrigiu - eu sei que não estou em vantagem de pedir nada, mas me deixe te contar o meu lado. - praticamente implorou, e pelo fato dos olhos verdes estarem tão desesperados, Louis não teve coragem de negar.

Harry quase sorriu, se sentou na beira da cama sendo acompanhado por Louis em todos os movimentos.

- eu fui contratado por Paul, é verdade. - viu Louis inspirar fundo - mas não para te matar, na verdade, nada no contrato envolvia te machucar...fisicamente. Eu deveria te levar para longe e te distrair com essa missão, que também era minha, porque não menti sobre querer matar Malik, e enquanto isso Paul mataria Mark. - engoliu em seco, se sentindo péssimo por admitir seu erro na frente dos olhos azuis - quando Payne mandou te atacarem e entrou na jogada, foi uma surpresa para mim também. Eu não sabia do complô entre Paul e Malik, muito menos da existência de Liam. - suspirou - eu nunca quis que te machucassem Loui-Tomlinson, confesso que não me importei com isso quando te conheci, mas depois de tudo, eu juro que desejei não ter me envolvido nisso tudo. - sem coragem de continuar o contato visual, abaixou a cabeça brincando com seus dedos longos, estava envergonhado de admitir aquilo, nunca tinha feito com ninguém - eu não sabia da armação. Quando você se rendeu eu quis tanto te bater, m-mas porque eu não podia acreditar que você estava se entregando para a morte daquela forma. Esses dias pareceram mais longos... - olhou para cima de novo - eu sentia desespero, angustia e culpa o tempo todo, não sabia se você estava vivo, e só queria te encontrar. Estou tão feliz que você está aqui agora, e não poder me aproximar de você 'tá me matando, mas eu entendo, realmente entendo sua raiva, você tem motivos, e também vou entender se simplesmente ignorar tudo o que falei, mas precisava te dizer que eu sinto muito Louis. - mordeu a língua com medo de ser corrigido, mas o silêncio permaneceu - e eu sei que eu sou um arrogante filho da puta que não sabe como pedir desculpas, mas essa é a minha tentativa, e é verdadeira. - mordeu a bochecha - e...é isso.

Louis olhava para o lençol branco, Harry já estava ficando ansioso com a demora, quando finalmente o menor soltou uma risada amarga olhando para o teto. Ele estava tão lindo...

- o que você está fazendo comigo, Harry Styles. - olhou em seus olhos - eu senti tanta raiva de você - apertou a mandíbula- ainda sinto. - deu de ombros e o mais alto se encolheu visivelmente, não gostando do rumo daquilo - eu queria que você me dissesse que foi tudo mentira. Que Paul mentiu para mim e você não tinha nada a ver com essa história. - abaixou o tom de voz - mas acho que tenho que agradecer por essa honestidade toda. Eu vi meu pai morrendo, e não doeu tanto quanto saber que você tinha me apunhalado pelas costas. Eu confiava mais em você do que nele. - deu de ombros - eu queria odiar você. Talvez se tivesse me confrontado na hora que descobri a verdade, eu te socaria. Mas agora...mesmo com raiva eu não quero amassar sua cara bonita estupida. - disse sem se dar conta do elogio, e sem perceber o rubor nas bochechas de Harry - todos esses dias foram uma tortura. Todos os dias pediam informações de merdas que Mark não resolveu, e eu não tinha nenhuma delas. Todos os dias era uma surra diferente, mas nunca me matavam. Cuspiam na minha cara, falavam coisas nojentas, ameaçavam fazer coisas nojentas comigo. - suspirou - eu só esperava a minha morte, já que não tinha nada a perder. Se eu morresse, Harry, não iria mudar nada, então eu apenas me rendi. - Harry negou com a cabeça, para ele mudaria, mudaria muito, mas não quis interromper o menor. - meu ego está muito ferido por ter que te contar isso mas você foi minha salvação durante esse tempo. - viu a confusão nos olhos verdes, enquanto seu coração batia mais rápido - eu nunca conheci pessoas que me transmitissem segurança. Eu dormi no mesmo quarto que você. Isso significava alguma coisa. E nesses momentos, quando eu estava amarrado, ou servindo como saco de pancadas, eu me lembrava de você, e me sentia um pouco menos miserável. - riu sem graça, se achando maluco por estar falando aquilo em voz alta - Depois de quase morrer, acho que perdi o medo de te contar isso, porque o que tenho a perder, não é mesmo? Acredito nas suas desculpas, pode ser burrice dizer isso após tudo, mas confio nas suas palavras.

Harry sentiu seu coração pular do peito após aquela declaração.

- eu não quero mais sentir mágoas, Harry. - suspirou - não quero morrer sabendo que perdi as coisas por conta do meu orgulho, eu perdôo você.

Born to Die Onde histórias criam vida. Descubra agora