Prólogo

23 3 0
                                    

– DIA 3.285 –

Jogo a adaga ao chão, próximo dos pés do homem barbado e musculoso. Ele olha para o objeto tentando identificar o que isso deveria significar, caminha até a adaga, abaixa-se, pega o objeto e volta a se erguer. O homem olha a lâmina passando os dedos delicadamente pelo fio, observa o punhal da adaga e sente o peso.

Então ele arregala os olhos em claro reconhecimento e ergue o olhar, me encarando assustado. Ele abre e fecha a boca diversas vezes como se não soubesse o que falar e assim eu sei que ele não reconheceu apenas a adaga, mas agora sabe exatamente quem eu sou.

– Yorick? – pergunta Benjamin e eu o olho. – O que está acontecendo.

Abro a boca para lhe responder, mas som algum sai dela, é como se minhas cordas vocais tenham sido arrancadas da minha garganta. Benjamin abaixa sua arma em compreensão de que não irá precisar dela, mas ainda fica confuso.

– O que houve? – pergunta a mulher desconhecida para o barbado. – Conhece ele?

O homem parece tão mudo quanto eu, mas concorda com a cabeça de formação. Ele dá um passo em minha direção e antes que eu perceba, ele já está correndo para mim. Eu tento conter o impulso de pegar a pistola no coldre, afinal ninguém se sentiria à vontade vendo um homem mais alto, por pouco que seja, com o dobro do seu peso em músculos, rosto barbado e com uniforme militar correndo para si.

Mas quando ele chega até mim, ele me abraça esmagando meu corpo com seus braços fortes. Eu devolvo o abraço, mas ainda não consigo acreditar no que está acontecendo, então apenas apoio a mão em suas costas. Enterro meu rosto em seu ombro e fecho os olhos, sentido ele molhar minha camiseta com lágrimas.

– É você mesmo? – ele pergunta com a voz embargada.

– Sim. – respondo. – Sou eu mesmo.

Yorick: IntroduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora