19. Intimidade

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Nota do autor: No capítulo a seguir será retratada uma cena erótica. Caso não goste deste tipo de descrição, pode ignorar este capítulo que não irá prejudicar no andamento da história. Mas caso goste ou não se importe em ler, desejo uma boa leitura. *u*

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– DIA 3.279 –

Choveu por quase os últimos três dias inteiros e por isso nos hospedamos em uma casa durante esse tempo, para evitar nos molhar já que estamos a pé e sem pressa de chegar ao nosso destino. Mas nessa tarde a chuva finalmente cessou, deixando para trás apenas a umidade e uma friagem.

Lá fora a noite está calma, com uma coruja solitária soltando seu canto triste, alguns grilos cantam e sapos coaxam em um açude não muito distante da casa.

A residência em que estamos é muito bonita, se considerarmos que está no meio do nada, longe de tudo e de todos. Ela parece ter pertencido a uma família de classe média, com arquitetura moderna (mas sem vidraças grandes, talvez por segurança), o interior é em tons de preto, branco e cinza, os móveis com aparência cara, grandes quadros nas paredes e vasos de cristal. No primeiro andar tem uma ampla sala de estar e outra de jantar, uma cozinha, um lavabo e a varanda dos fundos. No segundo andar apresenta uma suíte e três quartos e um banheiro.

Nós acampamos na cozinha, já que é o cômodo com menos móveis e, assim, não tivemos muito trabalho para varrer, tirar o pó e limpar as teias de aranhas. Nós pegamos dois colchões de casal dos quartos, batemos a sujeira e os trouxemos para a cozinha, assim como algumas cobertas (as menos roídas por ratos e traças).

Nos permitimos passar alguns dias aqui, mesmo que a chuva passe, como aconteceu horas atrás. Depois de tantos dias de caminhada, nos julgamos merecedores de um descanso.

– Olha o que achei! – diz um sorridente Marcelo surgindo da escuridão com uma vela em uma mão e duas garrafas de vinho na outra.

Olho para Benjamin que me devolve o olhar e começamos a rir, afinal foi como passamos a noite na biblioteca anos antes: dividindo uma garrafa de vinho.

Agora eu e Benjamin estamos sentados em nosso colchão, com um ombro encostado no outro e as pernas esticadas, assim como Sarah, que está à minha frente, com as costas no balcão, também sentada em nosso colchão. Eu visto uma calça moletom preta, uma camiseta de algodão azul de mangas curtas e um casaco moletom preto (moletom é sinônimo de conforto para mim) e meias cinzas. Benjamin uma camiseta vermelha, calça jeans azul escura, sua jaqueta de couro preta e meias brancas. Sarah usa uma camiseta branca, calça jeans preta, uma jaqueta rosa bebê e meias azuis. Marcelo um suéter marrom que impossibilita a visão de sua camiseta, calças de abrigo e pés descalços.

Eu nunca tinha parado para pensar, mas agora, no escuro da noite e sobre a luz de velas, eu me dou conta de que estou cercado de pessoas bonitas. Também me considero bonito no grupo, mas as cicatrizes e a ausência de um braço atrapalham minha estima.

– Onde achou? – pergunta Sarah sorrindo para o namorado, que senta ao lado da garota.

– No lavabo. Sabe se lá o porquê de uma garrafa de vinho estar em um lavabo, mas enfim...

– Podemos pegar copos. – sugere Benjamin.

– Copos não! – diz Sarah levantando animada. – Taças! Acho que vi algumas no armário.

Sarah e Benjamin vão até o armário, pegam quatro taças, as lavam com a água das garrafas que usamos para beber e retornam para onde estavam. Marcelo abre a garrafa, enche as taças e Sarah distribui uma para cada.

Yorick: IntroduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora