Dois.

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♤Anos atrás♤

       A ligação fez Ravi correr de seu escritório. Ele largou o celular na mesa, sem o mínimo cuidado, provavelmente quebrou o aparelho. Mas ele resolveria isso depois.
Seguiu até a porta de entrada da sala, e correu pelo corredor gigantesco chamando atenção de todos que ficaram alerta no mesmo momento. Aliás, Ravi era sempre calmo e calado.—Na verdade, só calado.— ele nunca apertou tão forte e tão rápido os botões do elevador como naquele dia, os sete segundos, sim, sete segundos contados, que ele esperou o elevador, foram os maiores sete segundos da sua vida. Pareceram sete horas.

O assessorista lhe desejou Boa tarde, ele respondeu e entrou no elevador, com um sorriso de orelha a orelha, parecia que iria explodir. Os olhos que já eram pequenos estavam menores.
O homem que o acompanhava até se assustou nunca tinha visto Ravi sorrir assim, ele era sempre fechado. O que não era ruim, visto que se o chefe estivesse de bom humor, ninguém da equipe levaria sermão Não importa se eles tinham perdido três projetos naquela manhã. Ravi não iria querer os esganar estando tão feliz, mesmo eles nem sabendo o porquê de tamanho alegria.

Quando finalmente o elevador para no andar desejado ele sai do mesmo, sem falar nada só anda em direção a sala que ele tanto conhecia; ele abre as portas da mesma, não estavam trancadas, mas as pessoas ali dentro estavam em reunião.

— Licença. Sai todo mundo daqui.—Ele fala sem cerimônia. Ignorando os olhares espantados, irritados e um sorrisinho bobo de Otto, quee já imaginava do que se tratava.—Menos o Otto, Eric, Michel e Mirela.

— Você não pode entrar aqui e mandar todo mundo sair, não é o seu departamento, Ravi.

Eric D'Marcel fala, irritado com a interrupção de seu discurso moralista  que ninguém ali queria ouvir de verdade.
Um estagiário de dezesseis anos que se achava o rei do mundo, pois oferecia um trabalho impecável.

— Foda-se? Quer que eu te tire também? — Michel diz com humor, mas faz Eric ficar irritado.

O homem, de estatura mediana, cabelos acima do ombro e mais feminino que Mirela, sai andando irritado, deixando para trás sua maleta aberta. Ele já nem queria mais entrar ali hoje mesmo.

— O que foi, amor?

Michel estaria preocupado, se Ravi não estivesse sorrindo, indo em sua direção e selando seus lábios.

— Me ligaram da clínica.

Afastando as coisas da mesa, ele se senta na mesma, cruzando as pernas. Fofo.
A roupa que parecia mais de um mafioso de dorama lhe caía muito bem.

—E aí?—O barbudo questiona, já suspeitando também do porque o marido estar tão feliz.

Ravi olha para todos na sala: Mirella está olhando para os dois com expectativa, Otto com um sorriso tão grande que Ravi tem quase certeza que dava para ver todos os seus dentes.

— Nós vamos ter bebês! Filhos, Michel!

O Darwin fica de pé, sorrindo animado. Ele abraça Ravi com força. Os amigos também se levantam abraçando os dois desejando felicidade, parabéns e dizendo o quão feliz estavam por eles terem essa nova conquista.

Não era a primeira tentativa do casal, há anos eles vem tentando, mas não deu certo. Esperaram um tempo e tentaram novamente, com três barrigas de aluguel diferente. E finalmente, sucesso!

— Espera! Você disse bebês?

Ele segura o rosto do marido, tendo só agora noção do que ouviu. Bebês. Ele não esperava que as três barrigas de aluguel dessem certo.

O Que Restou De Nós? | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora